segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Paula Bobona


Paula Bobone, no dia em que comeu o chapéu e usou o faisão.

Estava eu esta tarde a contribuir para a prosperidade e progresso do território, e como sempre tinha o rádio ligado. Hélder Fernando tinha uma convidada no programa "Rua das Mariazinhas", mas concentrado na minha rotina, não estava a prestar muita atenção. Mas as palavras que saíam da boca da tal convidada e que me chegavam ao ouvido através do meu velhinho e fiel rádio começavam a enrolar-se nos tímpanos, causando tonturas e náuseas. Estive quase a ligar para o IACM para avisar que tinha aterrado uma ave rara nos estúdios da Av. Rodrigo Rodrigues, mas depois apercebi-me que se tratava apenas de Paula Bobone.

Não sei muita coisa sobre esta senhora, a não ser que é daqueles "cromos de Portugal" que diverte o povo em pequenas doses, estilo José Castelo-Branco. Consultando a Wikipedia, fico a saber que é "Directora de pós-graduações e cursos de organização de eventos e marketing pessoal na Universidade Lusófona, Instituto Superior de Gestão, Universidade Autónoma de Lisboa além de outros estabelecimentos de ensino", tem dez livros publicados, nove sobre etiqueta e boas maneiras e um de contos infantis (!), e um programa de televisão semanal. Tinhamos realeza em Macau e eu não sabia.

E é sobre etiqueta e protocolo que Paula Bobone veio a Macau falar, e esteve esta tarde pelas 18:30 no clube C&C, a Av da Praia Grande. O problema é que das suas qualidades terminadas em -ância, elegância não é uma delas. Petulância e arrogância sim, tem para dar e vender, acompanhadas com um side-dish de soberba, e um enorme desfazamento da realidade para a sobremesa. É tão segura de si que chego a pensar que tudo aquilo é uma farsa, um make believe, mas a forma como se mantém dentro da personagem leva-me a concluir que é mesmo assim. E é grave.

Paula Bobone não fala: comunica. Não ensina: transmite conhecimentos. Não tira fotografias: Regista imagens. Não come: ingere alimentos. Diz que usa roupa extravagante "porque é muito mal feita" - este deve ter sido a única demonstração de humildade vinda dela - e assim "desvia as atenções do seu corpo para o que tem vestido. Oh, oh, genial. O "problema" é que a madame está tão adiantada na moda que "quatro anos depois começam a usar a sua roupa. Olhe rica, nem é preciso esperar tanto tempo para que a sua indumentária esteja na moda. Afinal faltam só dois meses para o Entrudo, e aí a menina vai estar o má-xi-mo!

Para aprender como nos comportarmos como pessoas e não como Neandertáis, é só preciso comprar os livros de Paula Bobone - diz ela. Sabe uma coisa? Vou comprar já amanhã! A sério! Sim, estou a ser irónico, isto é ironia, que a senhora confunde com cinismo. A forma como se acha superior ao comum dos mortais e a maneira como insulta as pessoas, sabendo que as está a insultar, é muito deselegante. E feio. É pior do que colocar o guardanapo do lado direito.

Hélder Fernando perguntou-lhe o que pensa dos cómicos portugueses, e Paula Bobone não gosta. E Bandarra? E António Silva? - insistiu o locutor. Ah isso sim, mas "era outro Portugal". Vejam só, a formiguinha fascizóide. Mas não a levem a mal, pois o seu sentido de humor é very british, pois teve uma "educação germânica". Oh my, oh my. Às vezes é tão subtil, "que as pessoas pouco inteligentes podem pensar que é parva". Oh oh. Sabe uma coisa? Sou muito pouco inteligente. Aliás, nada, mas mesmo nada inteligente. Sabe o que mais? Sou burro que nem uma porta. Não é que a menina tem mesmo razão?

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