domingo, 8 de dezembro de 2013

Os filhos do rock


"Os Filhos do Rock" é uma série que tem hoje a sua estreia na RTP, e completa uma trilogia que teve o seu início com "Conta-me como Foi" e prosseguiu com "E Depois do Adeus". O primeiro retratava o Portugal dos últimos dias do Estado Novo, o segundo abordava os tempos do PREC, enquanto este debruça-se sobre o aparecimento do "rock'n'roll" nacional, no início da década de 80. A série conta com as participações de Albano Jerónimo, Ivo Canelas e Isabel Abreu, com realização de Pedro Varela para a produtora Stopline Filmes, de Leonel Vieira. Já estão prontos 13 episódios - metade da série - e os restantes serão gravados depois de um pequeno período de férias.


A série conduz-nos pelos primórdios do "boom" do rock nacional, após o lançamento do álbum "Ar de Rock", de Rui Veloso, corria o ano de 1980. Depois disso surgiram um sem número de bandas de rock, e praticamente todos os jovens com o mímimo de formação musical embarcavam na moda, e não havia garagem um pouco por todo o país que não estivesse cheia de sonhos de fama e do estilo de vida do "sex, drugs and rock'n'roll", da vontade de imitar os ídolos cujos posters penduravam na parede do quarto. Para ilustrar a mania, foi criado para a série o grupo fictício "Os Barões", que além de decalcarem os êxitos da época, tinham ainda o seu material original, como este "Tudo tem um Fim". O som e aparência "retro" ilustram bem aqueles saudosos tempos de há trinta anos.


O lançamento de "Ar de Rock", suportado pelo single "Chico Fininho", a canção que se tornou a banda sonora do surgimento do "rock" nacional, valeu a Rui Veloso o epíteto de "pai do rock português". Mas isto apenas porque o seu disco coincidiu com a febre das bandas, que apareciam às dúzias por semana. Mas havia rock antes de Rui Veloso. Nos anos 60 tinhamos os Green Windows a cantar em inglês, e os Quarteto 1111 de José Cid a tornarem-se os pioneiros do rock em português. O primeiro grande disco de rock em português, na minha opinião, terá sido "'Té Já", de Jorge Palma, gravado em 1976. Jorge Palma, músico com formação clássica que bebeu dos cantores de intervenção, discípulo de Ary dos Santos, tornou-se o primeiro grande "rocker" português a sério. Os seus méritos não foram esquecidos na série, e neste video vemos um jovem Palma a apresentar um dos seus maiores sucessos, "Terra dos Sonhos". Uma homenagem inteiramente merecida.


Do "boom" do rock nacional sobreviveram apenas três bandas: os míticos Xutos & Pontapés, os consistentes GNR, e os UHF, que comemoraram este fim-de-semana os 35 anos de carreira. Foram muitas as bandas de curta ou media duração - e destas destaco os Táxi e os Heróis do Mar - que contribuíram para a modernização da música portuguesa. É com carinho que recordamos êxitos como "Cristina", dos Roquivários, "Patchouly", do Grupo de Baile, ou "Chamem a Polícia", dos tripeiros Trabalhadores do Comércio, aqui relembrado pelos Barões para esta série, com "Chamem a Polícia de Choque" (eheh). "Os filhos do Rock" promete, fala à nossa geração, da malta que está hoje na casa dos quarenta e dos cinquenta. Rock on!

1 comentário:

paulo pinto disse...

Pelo que vi no 1º episódio, os Filhos do Rock apresentam muita falta de ritmo e uma história pobrezinha muito pouco abrangente que nem de perto nem de longe se aproxima aos exitos anteriores; "Conta-me como foi" e "Depois do adeus".
Os filhos do rock não foram só as bandas que apareceram que nem cogumelos nos anos 80 a maior parte delas com pouca qualidade e fazendo a sua estreia num Rock Rendez Vouz quase sempre ás moscas.
Estes tais filhos foram não só todos os Rockers que acompanharam essas bandas mas tambem todos aqueles que esgotaram anos a fio a Catedral do Rock chamada Dramático de Cascais onde as melhores bandas Nacionais e Internacionais levavam ao rubro toda uma geração que amava incondicionalmente o melhor Rock do mundo..
Não nos podemos esquecer de outra grande Catedral, chamada 2001 no Autódromo do Estoril, na altura referênciada como uma das melhores discotecas de Rock do mundo, ainda hoje em actividade.
Os Filhos do Rock poderia ser uma série ao mesmo tempo; séria , divertida, dramática e inesquecivel se fizesse reviver todas estas realidades a todos os cotas que viveram aquela época imperdivél.
Infelizmente como se constatatou não passa duma seca abominável que só interessa a meia duzia de cromos que eventualmente se possam rever nesta pobre trama..
Grande BANHADA.