sábado, 19 de agosto de 2017

Navarra


E é aqui que vou estar nas próximas semanas, em Navarra, redescobrindo as minhas "raices nafarras". Novamente, quem quiser seguir mais esta aventura, pode segui-la pela minha conta do Facebook. Um abraço e até já.



sexta-feira, 18 de agosto de 2017

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Oriente incidente


Estive em Foshan durante o fim-de-semana, e doente de cama nos últimos dois dias, mas aqui vai, em tempo, o artigo da última quinta-feira do Hoje Macau. Muito obrigado a quem gostou, e o "feedback" foi realmente muito positivo, desta vez.

Uma notícia que me me deu que pensar. No último fim-de-semana dois turistas chineses foram detidos em Berlim, depois de terem sido surpreendidos a fazer a saudação nazi em frente ao Reichstag, o parlamento alemão. Repito, foi neste último fim-de-semana, e não em 1940, quando este acto não só era permitido, como também altamente recomendável (há quem defenda este gesto dizendo que se trata “apenas de uma saudação romana”, mas convém recordar que já não há desses “romanos” para saudar há 1500 anos). Hoje é crime, mas os dois turistas safaram-se com uma multa de 500 euros cada, o que acabou por tornar a brincadeira tão parva, quanto dispendiosa. E não foi um acto irreflectido da parte de jovens inconscientes, como quando há um par de anos um adolescente chinês achou por bem gravar o seu nome nas pedras de um monumento do Cairo. Neste caso foram dois homens de 36 e 49 anos. Seriam nazis chineses? Eu diria antes que eram curiosos. E ignorantes, claro. Aqui a China tem uma atitude exemplar: recomenda aos seus cidadãos que cumpram as leis dos países para onde viajam. Melhor do que isto é impossível.

A este propósito lembrei-me ainda de um episódio que ocorreu em Macau durante a última tourada à portuguesa (1996?), realizada numa arena improvisada no antigo Campo dos Operários, em frente ao velho Hotel Lisboa. No fim havia um “touro para os curiosos”, com o aliciante de existir um “lai-si” de três mil patacas preso ao lombo do animal. Alguma barafunda depois e com o “lai-si” já arrebatado, há uma jovem residente que decide ficar mesmo no meio da arena, a sós com o touro. Com os aficionados de boca aberta, a pobre moça acaba por ser colhida, e só a intervenção atempada do grupo de forcados ali presente evitou uma tragédia. A jovem em questão era na altura estudante de design, e passado uns meses foi matéria de uma reportagem na TDM a propósito de um trabalho da sua autoria, onde foi também questionada sobre a sua…”veia taurina”, por assim dizer. Explicou então que teve aquele comportamento porque era algo “que nunca tinha exprimentado”. Bem, isto tem muito que se lhe diga, mas ilustra na perfeição o que pode ser a “curiosidade” de que falei um pouco mais acima.

Naquele dia, e para aqueles dois turistas chineses, a saudação nazi em frente ao Reichstag era o touro do Campo dos Operários para a moça da outra história. Existe, sem dúvida, uma animosidade crescente em algumas cidades da Europa em relação aos turistas em geral (tenho lido sobre imensas queixas em Lisboa), mas no caso dos chineses em particular, a coisa muda de figura. Os chineses não são conhecidos por beber e armar confusão, como os ingleses, ou “entrarem ali a pensar que mandam em tudo”, como os espanhóis, nada disso. O que existe é um choque de culturas, uma incompatibilidade em relação a certos gestos e comportamentos que só dá mesmo para entender quando se vive dos dois lados – e nisso somos uns privilegiados, estando aqui em Macau.

Quando vamos a Portugal não olhamos com os mesmos olhos que os portugueses de lá para um chinês que tenta empurrar para passar à frente na bicha, ou que tira os sapatos em qualquer sítio onde entra, ou até quando produz um sonoro arroto. Para nós é normal, e para os portugueses do rectângulo é tão estranho como são para os chineses alguns dos nossos comportamentos aqui, neste lugar da China. Não é preciso ser um génio para se chegar a uma conclusão quanto a este tema. Não somos obrigados a ser algo que não somos, ou aceitar algo que nos provoca asco a repulsa. A receita aqui é a tolerância, que é a regra de ouro do convívio entre os povos, do mundo que queremos ideal, para todos e ao alcance de todos. Isto na prática é muito mais complicado, de facto.

A imagem que correu mundo


Ecce homo. Cristiano Ronaldo entrou na segunda parte do jogo da primeira mão da Supertaça de Espanha contra o Barcelona em Camp Nou, marcou o segundo golo da vitória por 3-1 do Real Madrid, e mostrou a camisola aos adeptos "blaugrana". Mais um clássico instantâneo daquele que é para muitos (pelo menos para mim - é o maior jogador de todos os tempos.


A imbecil do ano


Ainda faltam quatro meses para acabar o ano, mas esta já arrebatou o prémio de maior imbecil de 2017.



sábado, 12 de agosto de 2017

Foshan 佛山市


Este fim-de-semana vou estar em Foshan. Quem quiser seguir o mini-tour pode fazê-lo através da minha conta do Facebook. Até amanhã.


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

This is me


Sim, sim, é como se me conhecessem desde pequenino. Agora só falta mesmo é um chamar-me  realmente "Leocardo".



Qual é o problema, afinal?


Nenhum! Afinal temos liberdade de expressão ou não? Eu próprio estou a pensar em lançar um livro de receitas intitulado "Grelhados à moda de Pedrógão Grande". Outra vez: liberdade de expressão, então?



O Piqué que o diga


Se os cristãos não se põem a pau, ainda vêm aí os islâmicos e desata toda a gente a dançar. Isso é que ia ser uma chatice, pá.



Gangstas da serra


Foge, quem não queria estar na Covilhã agora era eu. Preferia Alepo ou Cabul, mil vezes.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

As tetas das redes sociais


Arrancou oficialmente no último Sábado a época futebolística 2017/2018, com a realização do jogo da Supertaça, entre o Benfica e o V. Guimarães, com vitória dos tetracampeões nacionais por 3-1. O resultado não foi nada de supreendente, uma vez que os vimarenenses são a "bottom bitch" dos encarnados, que em 3 meses ganharam 3 troféus em jogos contra este adversário. O maior destaque foi para um incidente no final do encontro, onde a realização deu grande plano aos seios de uma adepta benfiquista. Estava servido o banquete nas redes sociais para o dia seguinte. Mas quem foi o malandro que se atreveu a irritar feministas e ratos de sacristia?


Um tal Ricardo Espírito Santo, que sabendo já o que a casa gasta, fez imediatamente a devida retração nas redes sociais, nomeadamente o Facebook, onde certamente muitos já lhe faziam o enterro. Uma reacção que prima sobretudo pelo "timing" - foi sem querer, não devia ter acontecido, pedimos desculpa. Acabou a conversa. Nota 10 para este realizador, que está de sem dúvida de parabéms pelo seu comportamento, Pode-se mesmo dizer que "pegou as redes sociais pelos cornos". Ou pelas tetas...


O interminável


Ah sim, antes que me esqueça, deixo aqui o artigo da última quinta-feira do Hoje Macau. Tenham a continuação de uma boa semana de trabalho ou férias, conforme o caso.

Tem estado um calor que não é brincadeira, em Macau. Encontramo-nos naquela fase do Verão em que basta ficar de pé parado na rua para começar a destilar, e não fosse por esses milagres da refrigeração que são os ares condicionados, e estaríamos com a consistência de manteiga deixada ao sol. E fui numa das noites destes dias que fui buscar o puto, regressado de Portugal, ao…Novo Terminal da Taipa! (Música de suspense).

Ora bem, foi ali que calhou o miúdo desembarcar desta vez, mas antes de lá ir gostava de deixar uma palavrinha aos rapazes da Uber, recentemente perecidos em combate contra – e agora não se riam, por favor – a lei! Ó ei. Bem, se querer entrar aqui numa discussão sobre a legalidade da Uber, ou a falta dela, eu diria que existem duas formas de encarar o encerramento desse serviço em Macau; a assertiva: “Macau é um exemplo para outras jurisdições que se têm debatido com este problema”, e a realista: “nem a Uber nos quer”. Escolham uma, portanto. Tudo isto porque me lembrei que fui de táxi para o novo terminal marítimo da Taipa. Dez minutos de “browsing” pelo Smartphone e 70 patacas depois lá estava eu, e o que foi que ali vi?

Antes de continuar, gostava de deixar claro que considero uma maravilha que o terminal exista, e que esteja a funcionar. Quer dizer, que estejam a chegar e a sair barcos de lá – e não é para isso que foi feito? Já ouvi comparações entre o terminal e o aeroporto em matéria de aparência exterior, e de facto parece que é a um aeroporto que estamos a chegar. Macau provoca nos seus habitantes um efeito liliputiano, e ficamos abismados com obras de grande envergadura que não sejam casinos. Mas isso até nem tinha assim tanta importância se estivessem ali os milhões de passageiros para quem aquele terminal foi construído. É assim mesmo, há que o dizer com sinceridade: aquela obra foi pensada para receber milhões de passageiros que simplesmente não existem, ou que ainda não existem.

O design do terminal parece ser uma espécie de “pot pourri” de outras infra-estruturas da nossa gloriosa RAEM. Além da já referida semelhança com o aeroporto, as portas de entrada para as partidas e chegadas são certamente inspiradas na urgência do hospital público (o de Macau, claro, que na Taipa ainda não existe nenhum), e lá dentro dá a impressão de estarmos num daqueles centros de serviços do tipo “loja do cidadão”, só que com menos pessoas e balcões, e sinalizações aumentadas (na imagem) a tal ponto que nem um míope se pode queixar de não ter dado com os lavabos. Finalmente cá em baixo temos o parque automóvel, onde cabem todos os táxis e automóveis privados que se podem imaginar, e ainda uma avioneta. Ou duas.

Mas nada disto é uma crítica negativa. Como já referi mais acima, o terminal existe, e providencia ainda duas coisas que fazem muita falta em Macau nestes dias: espaço e ar-condicionado. Estou em pensar em voltar lá um destes fins-de-semana com a família, levo uma toalha (e a comida) e faço um piquenique, e ainda levo duas raquetes e uma bola de ténis, e jogo ali um bocado com o miúdo. Para descrever o terminal marítimo nas palavras do Presidente Trump, “it’s the biggest, the best, the greatest ever”.



Coisas que encontrei em Guangzhou no último fim-de-semana


Uma tampa de sanitário ilustrada, e onde se lê "Descarga, camaradas!", um jogo de palavras para recordar ao utente da latrina que deve despejar o autoclismo, como mandam as regras. Progressista.


Um restaurante árabe onde se pode comer um cabrito inteiro! Suponho que seja necessária reserva com alguma antecedência. O preço é de 2400 renminbis, qualquer coisa como 250 euros.


Um "hamburguer de enguia", ou mais precisamente uma enguia inteira grelhada entalada entre dois pães de hamburguer, com o que parece ser manteiga, a fazer de molho. Aparentemente é japonês.


Uma placa no templo budista central de Guangzhou, onde se adverte os monges a "olharem por onde pisam", não vão eles pisar uma formiga ou uma minhoca. Os budistas prezam todas as coisas vivas.



Chá verde com...queijo! Blergh!


Bolta, Salazar


Isto é já por si tão bom, mas tão, que não necessita de quaisquer comentários. Uma obra de arte.


E é mesmo; quem não usou do "herário", "não fez dívidas externas". Pérolas.


A "Revolta da Batata" de há 100 anos aconteceu "porque não existia Salazar", e o ditador salvou-nos de todas das "revoltas da batata" depois dessa.


Pronto, fizémos merda. Afinal Salazar era o Pai Natal em disfarçe, e nós fomos meninos marotos. Muito maus.


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Maria Vieira no país da Parrachona


A Parrachona não pára! Agora vem aí um livro contendo os textos do Facebook da autoria de Fernando Duarte Rocha, vulgo "Parrachona", um projecto abortado de escritor cuja frustração levou a usar o nome da sua mulher, a actriz Maria Vieira, para dar visibilidade aos seus devaneios lunáticos. Vejam lá vocês a lata da criatura. A colectânea de textos - que repito: podem ser todos consultados na conta de Facebook da Maria Vieira - vai sair a 25 de Agosto pela editora Ideia-Fixa, e dá pelo nome de "Maria no país do Facebook". Que ousadia ao mesmo tempo desprezível e risível. Lá vão estar com toda a certeza os recentes ataques tresloucados e insultos infantilóides dirigidos a personalidades do mundo da política e do espectáculo nacionais e internacionais. Entre as "vítimas" deste pobre doente estão Diogo Morgado, Cristiano Ronaldo e família, Catarina Martins, Salvador Sobral, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa (a quem a Parrachona se refere por "Sr. Feliz e Sr. Contente"), George Clooney, Britney Spears...a lista é interminável. Vai com toda a certeza ser carregadinho de análise política, o magano do livro, e é pena que já não possa incluir mais estas "pérolas", produzidas ainda ontem, do mais fumegante estrume:


E pimba, mais um ataque de esquerdofobia, este com extra espuma a sair pela boca da Parrachona. Ora as ditaduras sanguinárias "são todas de esquerda" (até a China entra ao barulho, pasme-se), e "a esquerda é uma arma apontada", e até em Portugal "é um perigo", patati patatá. No fim, e depois de enumerar uma série de qualidades que desconhece e não pratica, a Parrachona tem o seu clímax da estupidez na forma de um enigmático "fascismo de esquerda". Ah, mas espera lá, que há por aí uns "países poderosos" que podem salvar a periciclante civilização ocidental. Como por exemplo...


...a Rússia! Sim, a Parrachona aprecia aquela "democracia musculada", que passa pela eliminação sistemática de adversários políticos e uma rotatividade de poder que permite que seja mantido sempre pela mesma pessoa, o oligarca Vladimir Putin. É disto que a Parrachona gosta, porque só assim consegue aliviar o som daquelas moscas que o azucrinam, "os socialistas/comunistas e os invasores islâmicos". Que doença é esta que a Parrachona tem? Sei lá, se eu fosse médico se calhar respondia: "depois da autópsia pode ser que se descubra". Coitada da Maria Vieira, perdida no país da Parrachona. E não é um sonho - é um pesadelo! 


Aos Correeiros a infâmia


Existe em Portugal um restaurante que tem dado por falar pelos piores motivos. O referido estabelecimento fica em Lisboa, junto da baixa, no nº 58 da Rua dos Correeiros, e já é conhecido pelo "pior restaurante português". Uma armadilha para turistas com toques de sado-masoquismo que dá pelo nome de "Made in Correeiros", mas que inicialmente se chamava "Portugal no Prato", nome que aliás consta na porta de entrada do restaurante. As queixas passam por desde abordagem agressiva do engajador que angaria clientes à porta do estabelecimento, até aos preços ali praticados e o completo desrespeito com a clientela. Os números do website TripAdvisor não me deixam mentir:


Este deve ser um novo recorde mundial, 488 "reviews" em 545 com a nota de "terrível". Os comentários, que podem ser lidos na íntegra nesta página soam mais a um alerta desesperado das vítimas deste estabelecimento do que propriamente uma análise concisa. Há mesmo relatos de casos de "bullying", e até de assédio sexual. As críticas estiveram em alta durante o ano passado por esta mesma altura, quando o restaurante ainda não tinha mudado de nome, e aparentemente este ano a operação da "caça ao turista" reabriu, e uma notícia de hoje do jornal Público trouxe o nome do "Made in Correeiros" para a praça pública. E qual é a maior e mais frequente queixa da clientela? Isso mesmo, foram-lhes ao bolso!


Aí está a famosa mista do mar, que umas vezes custava 140 euros, e outras 250. Devia depender da cara de parvo do pato que se preparavam para depenar. Outros truques de manga incluem não ter os preços na lista, recomendar aos clientes pratos que não constavam do menu, dizer-lhes um preço e cobrar-lhe outro astronomicamente maior, ou ainda ir buscar os pratos pedidos a outros restaurantes da zona, e cobrar o que lhes muito bem lhes apetecer. Isto nem é um caso para a ASAE, ou para a câmara de Lisboa, ou para o raio que os parta. É um caso de polícia, e do que estão à espera para ir lá deter os larápios, senhores agentes?



A fronteira e a utopia


E para arrancar o mês de Agosto neste blogue semi-abandonado, eis o artigo do Hoje Macau de quinta-feira passada. Como tem estado bastante calor, não tem dado muita vontade de tomar aqui da horta (nem para outra coisa qualquer, mas enfim). Vou tentando fazer o possível.


Tenho passado os últimos fins-de-semana ali do outro lado das Portas do Cerco, uma vez em Guangzhou, e depois em Zhongshan, uma cidade a cerca de 80 km de Macau. Ambas estão à distância de uma hora e de 25 minutos, respectivamente, através dos novos comboios rápidos da CRH. Quanto à capital da província de Cantão, nada me surpreendeu por aí além, mas fiquei encantado com Zhongshan. Nunca tinha lá estado antes, confesso, mas aquilo que encontrei deixou-me positivamente surpreendido.

Uma pequena cidade – ainda assim maior que Macau – com “apenas” três milhões de habitantes, que é um verdadeiro hino ao progresso. Vias bem projectadas, prédios novos e bonitos, zonas pedonais ajardinadas, com respeito pelo urbanismo, uma oferta de espaços de restauração e de entretenimento fabulosa, e tudo providenciado por gente educada, respeitadora e simpática. Miséria? Vê-se, mas aqui deste lado também, e deixem-me que vos diga que estes dois últimos fins-de-semana têm sido retemperadores, mesmo nesse particular.

E nada disto é coreografado, como no reino do faz-de-conta da Coreia do Norte. Esta geração de chineses, da nova China, é da paz. São os netos daqueles que viveram os horrores da revolução cultural, filhos dos que ainda assistiram aos eventos da Praça Tiananmen em 1989, e que deixaram o mundo com um pé atrás em relação ao país do meio. São jovens que também querem eles ser cidadãos do mundo, mas tudo a seu tempo. A China é, como se sabe, a segunda maior economia do mundo, mas ainda a 70ª no que toca ao rendimento per capita, atrás de países como o México e a Eslováquia. Mas tudo a seu tempo, e não esqueçamos que estamos aqui a falar de um país com 1200 milhões de pessoas, mas com uma qualidade de vida com que outros “gigantes”, como é o caso da vizinha Índia, uma “democracia”, pode apenas sonhar.

Entretanto regresso no mesmo comboio rápido a Macau, que há anos que espera pelo tal metro de superfície, do património delapidado, das habitações degradadas que se encontram lado a lado com os espaços comerciais abandonados, com os fios eléctricos pendurados e o correio acumulado na caixa, tudo em pleno centro histórico. A Macau que separada por um braço de rio que constitui a fronteira para o continente, ainda olha com desconfiança e até algum desdém para os seus irmãos do continente – e porquê, fico-me a interrogar. “Ora essa, aqui não temos o espaço que eles tem lá da outra banda”, dirá o leitor mais céptico. Pois não, mas também já tivemos menos. Os aterros que fizeram a cidade crescer em tamanho foram usados para fazer casinos, que nada deram aos residentes em matéria de qualidade de vida, e que em alguns casos são um autêntico atentado ao urbanismo. Os tais aterros serviram ainda para construir habitação que não está ao alcance do cidadão médio de Macau. É caso para nos interrogarmos: o que temos beneficiado com o tal segundo sistema, além das tão apregoadas “liberdades”, que na verdade não passam do papel?

Pronto, tudo bem, longe de mim questionar a sacrossantidade do estatuto especial de Macau que nos permite aceder ao Facebook, e consigo até imaginar alguns leitores a levar as mãos à cabeça, “ai o que está este rapaz para aqui a dizer”, mas desafio-vos a irem lá e verem pelos vossos próprios olhos, e sentirem a diferença. Não custa mais do que falar sem saber. O ideal mesmo seria ter o melhor dos dois mundos, mas isso não passa apenas de uma utopia. E sonhar ainda é grátis.