sexta-feira, 28 de julho de 2017

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Parrachona, a salazarenta


Fernando Duarte Rocha, o imbecil que cobardamente usurpou a conta de Facebook da sua mulher, a actriz Maria Vieira, teve um orgasmo salazarento ontem à noite, na véspera da data do 47º aniversário da morte do ditador. Portugal está a arder! - diz a ave capada de mau agoiro, como se isto fosse uma coisa completamente nova. Este novo ataque de verborreia foi dirigido ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que ontem foi capa no jornal i:


Sim, o sr. presidente pode ter vindo de uma família que foi colaboracionista com o Estado Novo, mas tem a largura de horizontes para perceber que hoje estamos melhor - e quem não está melhor, em democracia, em vez de debaixo de um regime opressor e autoritário? Há os saudosistas, pois, onde o Fernando "Parrachona" Duarte Rocha faz questão de se incluir. E ele sabe lá, que não dá uma para a caixa, e não sabe o que é ter que trabalhar para viver? Para ele Marcelo é "cúmplice dos comunistas", que "conduzem os portugueses para a miséria". Acho que a Parrachona nasceu na época e no país errado. Teria muito mais sucesso na América do Macartismo, do anti-comunismo, da caça às bruxas. É um paradoxo temporal, este deplorável careca que um dia ambicionou a ser escritor, sem saber escrever. Claro que para sustentar os seus patéticos argumentos faz uso do incêndio de Pedrógão Grande, e das suas vítimas, que para ele foram "centenas". Para quê ficar apenas por aí, quando podiam ser milhares, ou mesmo milhões? Quem sabe se os portugueses um dia destes passam a ser conhecidos por "aquele povo que sobreviveu ao incêndio de Pedrógão"? Não há limites para o ridículo, e confesso que não consegui deixar de rir com aquela passagem onde o calhordas diz que no tempo de Salazar existia "justiça, ordem, disciplina", e..."conhecimento". Ah ah ah ah ah!!!


Realmente eu não sei se era melhor mesmo viver na ignorância, naqueles tempos. Os portugueses não sabiam ler, e assim aborreciam-se menos com as notícias tristes. Não menos hilariante (no mau sentido, entenda-se) é o conceito de que no tempo do Estado Novo "não aconteciam incêndios florestais". Ora bem, isso é uma meia verdade trágica:


Haver haviam, não existia era uma imprensa "livre" a soldo de alguns que gostam de acrescentar ao número de vítimas por motivos de chicana política. Isso sem dúvida era uma coisa que no tempo de Salazar não acontecia, e quem duvidasse dos números divulgados pelo regime (quando e se eram divulgados) não o fazia uma segunda vez. Claro que hoje há mais fogos e a área ardida é superior à do antigamente, mas isso tem a ver com o significativo aumento da área florestal, e do predomínio do eucaliptal. Mas isso é outra conversa, e quem estiver interessado em saber mais sobre o assunto, recomendo este link, de um estudo sério sobre o tema. Mas voltando à Parrachona.


Ena o que para aqui vai. Até consigo imaginar os cúmplices da Parrachona a espumar pela boca, enquanto chamam ao presidente Marcelo "imbecil", "tarado" (?) e "bandido", enquanto tecem loas a Salazar. A Parrachona concorda em género e grau, e logo a seguir vem um camarada seu a reiterar que "precisamos de um homem como Salazar", para "meter estes comunas no Tarrafal". Claro, é só anexar Cabo Verde, e em menos de um nada estão lá todos metidos outra vez, a fritar ao sol do arquipélago na costa atlântica de África. De todos estes personagens, lamento que se arraste pela lama a memória do pai de Maria Vieira, que foi um combatente anti-fascista. Mas seria demais, pedir à Parrachona que tivesse o mínimo de respeito seja lá pelo que for. Este já nem o mais conceituado dos psiquiatras endireita. Vai ser preciso esperar pelo coveiro.


47 anos depois...


Passam hoje 47 anos desde a morte de Salazar. Morte física apenas, pelo que se vê neste vídeo.


quarta-feira, 26 de julho de 2017

A esquerdofobia da Parrachona - parte II


Como se não tivesse já angariado inimigos de sobra, eis que a Parrachona, nome de guerra de Fernando Duarte Rocha, o cobarde que debita a sua verborreia em nome da sua esposa, a actriz Maria Vieira decidiu embirrar com os U2, e o seu vocalista. E tudo porque este se encontrou com um dos seus ódios de estimação, o presidente francês Emmanuel Macrón, que como se sabe derrotou nas eleições presidenciais a neo-nazi Marine Le Pen, por quem o Nandinho sentia uma grande ponta. E não se ficou por aí, na hora de cascar no bom do Bono:


"Um cretino de cinco estrelas", ao contrário do Nando, que nem uma bola preta leva. E o mundo artístico "está cheio de gente podre de esquerda", como por exemplo...


...Madonna, Robert de Niro, Rihanna, Mickey Rourke, Tom Hanks, e com destaque para George Clooney, como não podia deixar de ser. Tudo gente "de esquerda" (haja dó), que vocalizou a sua oposição a Donald Trump, personagem principal dos sonhos molhados do Nando. Mas espera lá, mas então o que é isto? Como é que eu tenho a certeza que é o marido da Maria Vieira, e não a própria, quem escreve estas barbaridades? Devo ser mesmo parvo.


Então não se vê logo, que a Maria Vieira era uma fã dos U2 desde a primeira hora, desde os tempos dos álbuns "War", "Boy" e etcetera? E o guitarrista da banda, The Edge, "que se mantém discreto e digno", e é "talento puro e duro"? A Maria entende disto como o caraças, pá!


Ganha vergonha Nando. Faz-te homem, seu ser desprezível e rasteiro.


Os abutres


É absolutamente nojento, atroz, inominável, o aproveitamento político que tem sido feito das vítimas do incêndio de há um mês em Pedrógão Grande, Portugal, que custou a vida a 64 pessoas. Primeiro quero deixar claro que uma vítima seria demasiado, e 64 são 64 vezes mais que o demasiado, e claro que terão que ser apuradas responsabilidades, e trabalhar-se no sentido de que algo de semelhante não volte a acontecer. Agora, apurar responsabilidades políticas, partidárias e tudo mais é fazer chicana que não interessa a ninguém. Em Portugal não existe um regime de partido único, e se existisse, quem duvidasse dos números oficiais da tragédia não o fazia pela segunda vez. E nestas alturas que olho para a China e dou comigo a suspirar.


Dos abutres que têm sobrevoado esta carniça, destaque para uma tal Isabel Monteiro, uma empresária que diz que lhe disseram, que lhe contaram, que ouviu dizer que "foram 96 mortos". Até considero que para quem se expõe a este tipo de ridículo, mais valia a pena ter dito que foram centenas, ou mesmo milhares. Esta senhora, que muito provavelmente já não tem sequer cara para sair à rua, devia a ser a última pessoa a pronunciar-se em público sobre seja o que for.


Esta empresária era a cara da Dialectus, uma empresa de tradução, dobragem e legendagem para televisão, que foi declarada insolvente em 2014, e que ficou a dever 250 mil euros aos seus funcionários e colaboradores. Não sou de misturar as coisas, mas quem não cuida dos vivos que estão sobre a sua alçada, que autoridade tem para falar dos mortos? E ainda para mais inventá-los, desta forma tão sabuja e nojenta?


Outro exemplo do desprendimento por tudo o que tem a ver com o bom gosto e dignidade humana é Cristina Miranda, uma co-autora do blogue "Blasfémias", que desde a altura da tragédia não tem feito mais do que usá-la como arma de arremesso político para exigir a demissão do Governo - atenção, não para pedir que faça melhor, ou que faça o possível para evitar uma tragédia semelhante, mas para que se demita. Ora isto leva água no bico, mas para quem se detenha a olhar para a página de Facebook da criatura, entende imediatamente que esta "encomenda" é paga - só pode. Nem a personagem faz mais nada todo o santo dia, senão andar a pedir mais mortos, para servir os interesses dos seus empregadores. Fui-lhe fazer ver a baixeza das suas convicções, mas antes de me bloquear (lógico, ia fazer mais o quê?), atirou-me em cara o seu vasto número de seguidores (9 mil, um sexto do número de seguidores da Maria Leal), e enfim, pelo menos mostrou que ainda lhe resta um pouco de vergonha na cara onde ostenta uma cabeleira azulada. Mas não deixe que seja eu a dizer-lhe aquilo que já sabe muito bem:

Este comentário do blogue "Blasfémias" já tem quase um mês, e é bem demonstrativo daquilo que tem sido o cavalo de batalha da sra. Cristina Miranda. Isto não é mais do que uma forma de prostituição. E não, meu caro Alexandre. O Passos Coelho já veio dizer que aceita a lista dos 64 mortos na tragédia de Pedrógão. Resta saber quem é que paga a esta senhora para insistir nesta pouca vergonha. A mim pouco me interessa, remexer no lixo. Tenham um pingo de decência, e respeitem a dor alheia. Abutres!


segunda-feira, 24 de julho de 2017

Valores socialistas de raiz



A esquerdofobia da Parrachona


Este foi um momento de enorme inspiração do programa "Donos disto tudo" no mês passado. Uma paródia imaculadamente interpretada pelo actor Eduardo Madeira, que encarna na perfeição a "Parrachona", uma "gémea má" da actriz Maria Vieira, e que lhe "roubou" a página do Facebook. Ora bem, como toda a gente sabe ou devia saber, quem escreve na página da actriz é o seu marido, um indivíduo que dá pelo nome de Fernando Duarte Rocha, um escritor frustrado que não sabe o que é um dia de trabalho há 30 anos, mas que tem uma...lata! Isso, o que mais? Para criticar tudo e todos, e chamá-los de "incompetentes", "parasitas", e "inúteis". Oh, a ironia. A resposta tardou, mas Eduardo Madeira provou da fúria da Parrachona:


Como eu não estou muito por dentro do que se faz em Portugal no que toca à nudez pública das celebridades, precisei de ir saber ao que é que a criatura se referia, e afinal Eduardo Madeira apenas cumpriu duas promessas: no ano passado disse que ia nu para o Marquês de Pombal caso a selecção vencesse o Europeu de futebol, e já este ano prometeu que nadava nu no Tejo se Salvador Sobral ganhasse o Festival da Eurovisão - promessas que cumpriu, como lhe competia. Para a Parrachona, o actor "despiu-se para chamar a atenção", pura e simplesmente. Têm sido frequentes estes truques de manga da parte de Fernando Rocha; ora meias-verdades, ora verdades adulteradas, recurso a factos manipulados, enfim, uma desgraça. As reacções não podiam ser diferentes destas que vamos ver a seguir:


E nem foi preciso editar nada desta sequência de comentários à notícia. São centenas deles, quase na totalidade negativos, intervalados por um ou outro mais cúmplices, que se escudam no "direito à liberdade de expressão" - já lá vamos. Primeiro um facto que tem deixado muita gente desconfiada de que não é Maria Vieira a escrever na sua página do Facebook: a actriz foi em tempos uma militante do Partido Comunista, e assumidamente uma pessoa de esquerda. Isto tem levado muitos a estranhar a súbita "esquerdofobia" que "Maria Vieira" tem revelado nos últimos tempos. Apesar de ter recentemente considerado o presidente Marcelo Rebelo de Sousa "o pior da história", os alvos preferenciais da Parrachona têm sido o actual Governo do PS com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda. Depois de ainda há dois dias ter chamado primeiro-ministro António Costa de "cretino comunista", ontem tivemos isto:


A crise na Venezuela e a contestação ao seu presidente Nicolás Maduro tem sido o grande cavalo de batalha da Parrachona, que não se inibe de tecer comparações absurdas à situação em Portugal. Aquilo que ali está não tem pés nem cabeça, e ontem foi um dia especialmente produtivo nesse aspecto:


Que o cavalheiro senhor marido da Maria Vieira sinta desprezo por comunistas, isso é lá com ele, mas pessoalmente ofende-me que a sua "esquerdofobia" o leve a pintar um cenário dantesco como este que apresenta para o meu país. O governo da chamada "Geringonça", quer se goste, quer não, tem obtido bons resultados. Portugal reduziu o défice para menos de 3%, o desemprego está nos níveis mais baixos dos últimos 20 anos, e a confiança dos portugueses parece estar em alta. É normal que se esgrimam argumentos ideológicos na arena da política, mas comparações com a Venezuela e apelos à "queda do Governo", por amor de Deus. Vai dar uma volta, ó Parrachona.


Este artigo da revista VIP do último dia 18 de Junho tem que se lhe diga. Observem só o fino recorte irónico do mesmo, quando alguém que aparece cedo de manhã na piscina comum do seu condomínio do Monte Estoril para tirar fotografias, e assim dar a impressão que a piscina é só sua diz que "vivemos num país que faz de conta que vive bem". Haja dó. Custa-me ler reacções negativas, insultos e outros impropérios dirigidos à Maria Vieira, quando o autor das entradas polémicas na página do Facebook não são da sua autoria. Sim, a actriz tem quota parte da culpa, por tolerar essa situação, e isso leva-me à questão que referi mais acima: que raio de "liberdade de expressão" é essa  que apregoais, quando alguém usa o nome e a reputação de outra pessoa para fazer passar as suas excrementosas opiniões? Sim, e digo "excrementosas". Ou será que esse conceito pioneiro de "liberdade de expressão" também implica que cada um diga os disparates que muito bem lhe apetece, e os outros só têm que ficar calados e "respeitar". Se isso é "respeito", vou ali e já venho.


Je suis (um bocado) cigano


E para arrancar mais esta semana em grande, deixo-vos com o artigo da última quinta-feira do Hoje Macau. Um tema que ainda vai dando que falar lá em Portugal. Santa "silly season".

A grande polémica em Portugal esta semana prende-se com as declarações de um candidato às eleições autárquicas do próximo dia 1 de Outubro. O indivíduo, André Ventura de sua graça, é académico, comentador desportivo, e mais recentemente candidato da coligação PSD/CDS à Câmara Municipal de Loures. Ou melhor, era uma coligação, uma vez que o CDS retirou o apoio a Ventura após comentários da parte do mesmo em relação à etnia cigana, supostamente a do concelho a que concorria, e por extensão à restante comunidade residente no resto do país. Segundo o candidato que o PSD não quis deixar cair, “a etnia cigana vive quase toda de subsídios”, e “recusam integrar-se na sociedade”.

Ora claro que isto, e sabemos muito bem, não é de todo verdade. Claro que os ciganos que têm uma vida normal, como qualquer português, nunca são notícia, ao contrário daqueles que preenchem o imaginário criminal do povão: os ciganos vendem droga, assaltam, vivem em casas do estado, invadem as urgências e repartições de finanças, etc., etc..

A comparação em estilo com Donald Trump não é por acaso, e já numa entrada na sua página do Facebook no mês passado, André Ventura tinha escrito isto: “O tempo de dar subsídios a todos sem exigir qualquer responsabilidade vai acabar. O tempo de os nossos impostos servirem para subsidiar marginais tem de chegar ao fim”. De recordar que o candidato ao edil de Loures defende ainda a “prisão perpétua para os delinquentes”, o que a juntar à distribuição justa e equalitária do erário público, são competências que extravazam um mero cargo de autarca.

Há, contudo, como não podia deixar de ser, quem tenha achado que o (ainda) candidato a Loures teve “coragem” e disse “o que muita gente só pensa” ou ainda que tenha “falado as verdades”. Isto mais parece a descrição do bêbado residente da taberna da esquina do que a de um candidato a um cargo político. Aquele discurso não é “corajoso” e muito menos a verdade. É demagogo e populista. O senhor vai resolver os problemas do concelho correndo com residentes desse mesmo concelho, usando como critério a etnia? Meus amigos, aquelas pessoas diferentes de nós que vemos em Portugal, muitos deles já nascidos no nosso país e portugueses como nós, não estão ali por acaso. Somos o tal povo que deu novos mundos ao mundo ou isso só conta na hora de meter sardinhas no bucho a cada 10 de Junho?

Claro que isto me deixa apreensivo, quer como português, quer como pai de um filho mestiço, assim como o são também muitos dos estimados leitores. Investimos na educação dos nossos filhos para que eles consigam competir, singrar na vida e ser cidadãos do mundo, ter horizontes mais largos do que aqueles que Macau lhes proporciona. Tenho a certeza que nos ia doer quase tanto a nós como a eles se tivessem da ouvir boca de ingleses do Brexit ou de americanos trumpistas impropérios do tipo “volta para a tua terra”, ou “se és de Macau, vai para Macau”.

E não, não é uma comparação descabida. Este tipo de comentários não parte da sociedade no seu todo, mas de indivíduos normalmente frustrados ou de mal com a vida, e para estes pouco importa se aquela pessoa diferente dele que se encontra à sua frente está no seu país legalmente, em turismo, se foi convidada, ou até se faz ali falta. É um discurso retrógrado, tóxico e perigoso, de que nada vale contrapor com a boa educação que demos aos nossos filhos ou se lhes ensinámos o respeito pela diferença ou que todos os seres humanos são… humanos. Vão pensando nisso.



sábado, 22 de julho de 2017

Ai o quê?!?!


"I ruin food"? Ou será "I church food"? Já sei: "I St. Paul food"! Ah, deixem para lá...


Macau the special one



Um dos momentos mais altos da última peça dos Doçi Papiaçam di Macau, exibida em Maio último no grande auditório do Centro Cultural. Uma mensagem para o presidente Trampas, intitulada "Macau, the special one". Vale a mesmo a pena assistir a estes seis minutos de grande inspiração.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

Humanamente comercial


Este é o aspecto de uma sala de fumo na South Railway Station, em Guangzhou. Um espaço amplo, com motivos comerciais diversos, entre tabaco e utensílios para alimentar o vazio, até uma "vending machine" com soda e sumos, passando por uma funcionária que ia trocando a água dos cinzeiros. Uma óptima forma de aproveitar um espaço, e já agora de tratar os passageiros fumadores como pessoas. Bem hajam!






Em ponto


Estive este fim-de-semana em Guangzhou, e viajei num destes comboios rápidos da CRH, que fazem a viajem de Zhuhai até à maior cidade da província de Cantão em uma hora. Na ida o comboio saiu às 10 da manhã e chegou ao seu destino à 11:08 - exactamente como o programado. Na volta saiu um minuto mais cedo, às 15:59 de Domingo, e chegou a Zhuhai igualmente um minuto mais cedo, às 17:07. Às 4 da tarde estava eu a sair de Guangzhou, e antes das seis da tarde já estava em casa, em Macau. Podem dizer o que quiserem, mas na China os comboios partem e chegam a horas.




Sete dias na Coreia do Norte



Agora que tanto se fala da Coreia do Norte, e novamente pelos piores motivos, gostava de partilhar este vídeo de um vlogger lituano, Jacob Laukaitis, que nos oferece um ponto de vista neutro sobre esse mistério que é o regime dos Kim. Vale mesmo a pena ver, pois são pouco mais de dez minutos, e para quem tinha alguma curiosidade (como no meu caso) pode ser que essa seja finalmente saciada.


Aguenta que é Verão



Para começar a semana, e aproveitando o tempo lastimoso que faz lá fora que dá força às ideais nele contido, nada como o artigo da última quinta-feira do Hoje Macau. Apesar das condições climatéricas, desejo a todos uma boa semana, dentro do possível.

O Verão em Macau. Sim, eu bem sei que falo disto todos os anos, mas é incontornável. E é um tema “light”, uma vez que não dá para culpar os governos nem ninguém daquilo que é apenas a culpa da mãe natureza, em suma. É como uma avó de quem gostamos muito mas nos oferece sempre meias horrorosas no Natal, e que nunca vamos usar – a gente gosta dela na mesma. Só que em vez de meias, esta avó, ou mãe ou o que quiserem, dá-nos monções. Ora está um sol e um calor que não se aguenta, ora vinte minutos depois cai um toró de proporções diluvianas. Isto a juntar à humidade relativa na ordem dos 90 e tal por cento, garante-nos uns meses de estio tudo menos secos. Aqui não há seco para ninguém no Verão. Preparai-vos para suar até de lugares que nunca chegaram a imaginar ser possível (isto nos homens é mais verdade). O Verão em Macau não se passa: aguenta-se!

Dou como exemplo a última terça-feira de manhã. Saí de casa perto das 8:30 para dar o meu modesto contributo ao progresso da RAEM, não sem antes verificar pela janela o aspecto do céu, que parecia tudo menos a prometer chuva. Mas eis que cinco minutos depois de por o pé na rua, dou comigo a guardar os óculos de sol, e a procurar a varanda mais próxima para me abrigar da chuva. Deu para me safar apenas todo molhado, em vez de encharcado até aos ossos (como também já aconteceu), quando cheguei ao trabalho, altura em que não só já não chovia, como ainda fazia um sol radioso. Ninguém diria que esteve a chover cinco minutos antes.

Umas das desvantagens da chuva são os guarda-chuvas, coisa que detesto usar, e só o faço em caso de não ter outra opção. Não me importo que me caiam umas gotas de uma chuvinha molha-parvos qualquer. Eu não tenho medo da água, tomo banho todos os dias. O nosso corpo é composto por 70% de água. E não é só quando chove que se abrem os guarda-chuva, pois o sol também é um elemento que a população local teme especialmente, porque os deixa com a tez escura. Que horror! E à conta disto não é raro o dia em que tenho que me fazer à luta, suportando os varões alheios no rosto, arriscando-me a ter uma vista fisgada, enfim, ai o sol, ai a chuva, ai tudo.

E finalmente há o impacto do Verão na moda. Em Macau nada é moda entre Junho e Setembro. Estes meses foram guardados para a não-moda. Ele é as sandálias com meias, as capas de chuva de plástico transparentes, as botas de borracha com Hello Kitties, as meias pretas de senhora naqueles dias de fumeiro, e isto para não falar outras vez dos malditos guarda-chuvas. Andar com um sol abrasador e de guarda-chuva na mão nem chega perto de ser “british style”. É simplesmente parvo.

Mas pronto, e por quê não bazar antes daqui para fora? Por que temos que trabalhar, ora essa! E onde vamos passar o fim-de-semana? Onde houver ar condicionado, onde mais? Se me estou a queixar? Nada disso, é tão agradável. É só preciso aprender a aguentar.



sexta-feira, 14 de julho de 2017

A cova (RACISMO!)


Pára já tudo, chegou...O RACISMO!

Em Portugal não se tem falado de outra coisa toda a semana: o alegado racismo da parte dos agentes da PSP de Alfragide, junto do problemático bairro da Cova da Moura. Digo "alegado" porque é disso mesmo que se trata. Os agentes foram indiciados pelo Ministério Público de vários crimes, e são inocentes até que esses crimes fiquem provados, e o juiz da sede do último recurso diga que são culpados, caso seja esse o desfecho. Isto tem dado pano para mangas, pois os factos ocorreram em Fevereiro de 2015, chegou a ser aberto um processo que viria a ser arquivado, mas o SOS Racismo interveio, pedindo a reabertura do mesmo. Após subsequente investigação e o aparecimento de novas provas,  o MP indiciou a esquadra inteira de vários crimes, e de imediato se levantou o debate sobre o "racismo" e  - pasme-se - um tal de "racismo inverso". Bom, mas antes disso, passemos então aos FACTOS.


A agora infame esquadra de Alfragide, onde aconteceu...RACISMO!

O que se segue é um relato dos factos que levaram à acusação feita aos agentes da PSP da esquadra de Alfragide, publicado na segunda-feira no Diário da Notícias. Um trabalho notável da jornalista Valentina Marcelino, que podem ler aqui na íntegra, mas da qual destaco as seguintes passagens:

Tudo começou com a detenção, que o MP concluiu ter sido arbitrária e violenta de um jovem (não na sequência do apedrejamento por parte deste contra uma viatura da polícia, como contou a PSP), Bruno Lopes, no bairro, levado para a esquadra pelas 14.00 do dia 5 de fevereiro de 2015. Ao contrário do que foi descrito nos autos de notícia da PSP, Bruno não resistiu à detenção nem agrediu os polícias. Tal como contou, estes encostaram-no a uma parede, de braços e pernas abertos e disseram-lhe "estás a rir de quê, macaco? Encosta-te aí à parede!". De seguida espancaram-no violentamente e caiu no chão a sangrar da boca e do nariz.

Sendo conhecido da Associação Moinho da Juventude, uma instituição que desenvolve vários projetos de inclusão social no bairro, foram alertados amigos, entre os quais Flávio Almada e Celso Barros, conhecidos, até pela polícia, por serem ativos mediadores desta associação. Seis deles (não 20 a 25, como contou a PSP) dirigiram-se à esquadra para saber da situação de Bruno. O MP diz que, sem que fossem provocados, os agentes começaram a agredir os jovens, arrastando-os para a esquadra enquanto gritavam palavras de ódio racial. Dois deles ainda conseguiram fugir por entre as estreitas ruas do bairro. Ficaram Flávio, Celso, Paulo e Miguel. Um quinto elemento, Rui Moniz, que estava nas imediações, a sair de uma loja de telemóveis ao lado da esquadra, acabou por ser também arrastado para dentro pelos polícias. Um dos agentes, apontando para Flávio Almada, exclamou para os seus colegas: "Apanhem aquele que tem a mania que é esperto", indo atrás dele e espancando-o com o bastão.



Flávio Almada, uma das vítimas de...RACISMO!


Este é o tal que "tem a mania que é esperto", segundo o tal agente menciona no relato dos factos. Não sei bem se "tem a mania", pois este Flávio Almada não é "um preto qualquer". Segundo o seu perfil no Facebook (as páginas amarelas para as pessoas do século XXI), é licenciado em Humanidades e Tecnologia pela Universidade Lusófona, e realiza trabalho social junto dos jovens do bairro da Cova da Moura através da tal associação referida no artigo, o que é algo de louvar. E penso que todos concordarão com isso. Mas há mais, e não é nada bonito:

Algemados, foram atirados para o chão da esquadra. "Vão morrer todos, pretos de merda!", ouviram dizer a um dos polícias. Pontapés em todo o corpo, socos, bofetadas, incluindo na cabeça, pisadelas, tiros com balas de borracha. Rui Moniz, que teve um AVC aos 9 anos e sofre de uma paralisia na mão direita, gritava por ajuda, mas ainda era mais agredido. Gozando com a doença, um dos agentes quis humilhá-lo: "Então não morreste (do AVC)? Agora vai dar-te um que vais morrer. Ainda por cima és pretoguês filho da puta!" Bruno, Flávio, Celso, Rui, Miguel e Paulo estiveram detidos dois dias.


Durante esse tempo, sustenta o MP, foram humilhados, vítimas de enorme violência física e psicológica por parte de agentes da autoridade dominados por sentimentos de xenofobia, ódio e discriminação racial. "Não é nada comigo", respondeu uma agente a quem Rui Moniz suplicava que o salvasse. Outro agente dizia, apoiado pelos colegas, olhando para os seis jovens do chão: "Não sabem como odeio a vossa raça. Quero exterminar-vos a todos desta terra. É preciso fazer a vossa deportação. Se eu mandasse vocês seriam todos esterilizados." Ou, como contaram ainda os jovens, declarava outro agente: "É melhor irem para o ISIS", "vocês vão desaparecer, vocês, a vossa raça e o vosso bairro de merda!".

Só no dia 7 de fevereiro os jovens foram presentes ao juiz de instrução criminal. Regressados à esquadra, quando aguardavam pelos bombeiros e o INEM, finalmente chamados, para os conduzirem ao hospital, ainda assistiram a uma última cena, que ficou registada pelos investigadores: uma subcomissária de serviço, com o objetivo de esconder vestígios do sangue provocado pelas agressões, pegou numa esfregona e limpou o chão manchado de vermelho.


A Cova da Moura, "mothership" de todo este...RACISMO!

Ora bem, todos aqueles factos, a serem comprovados, são gravíssimos. Houve quem não tivesse o cuidado de ler tudo aquilo com atenção, e desatasse a fazer juízos diversos, na maioria inspirados na má fama que o bairro dos arredores de Lisboa leva, e foram referidos outro casos em que agentes da autoridade são mal recebidos e até por vezes agredidos na Cova da Moura. Andei estes dias a reflectir sobre isto, e a ler o que outros pensam do assunto, e não tenho dúvidas quanto ao lado da barricada que devo tomar. Para melhor ilustrar, reproduzo aqui e com a devida vénia, parte de um comentário do meu amigo facebookiano Miguel Andrade:

Só quem está disponível para tolerar abusos xenófobos é que pode condescender relativamente à actuação policial na esquadra da Amadora, invocando como justificação ou comparativo as agressões diárias que as forças de segurança sofrem no exercício da sua actividade.


A PSP faz bem em não pactuar com...RACISMO!

Nem mais. Isto não é nada contra as autoridades e as forças de segurança, de quem os cidadãos precisam, que os cidadãos pagam com os seus impostos (detesto este argumento, mas tecnicamente é verdade) e devem ter deferência para com TODOS os cidadãos. Eu quando era miúdo e via um polícia, sentia-me seguro. Quando tinha 9 anos e entrei na esquadra da PSP do Montijo para entrevistar um sr. agente para um trabalho da escola, encontrei a gente mais simpática no local que me parecia o mais seguro do mundo. Deixem-se lá de merdas e de "racismos" e dessa porcaria, que os portugueses não são assim, o nosso país não precisa disto. Sim, os bandidos devem ser apanhados, e temos que apoiar as autoridades nesse trabalho, mas estes agentes - e mais uma vez, caso fique provado - a agir desta forma, não dignificam o bom nome da corporação. Não dignificam ninguém, nem nada. Eu quase que gostava que estivessem inocentes, mas infelizmente isto é muito sério para se tratar de um simples mal-entendido. É um momento histórico, sim, como referiu o presidente do SOS Racismo. Mas só é positivo se for a última vez que acontece.


segunda-feira, 10 de julho de 2017

Caixinha de (más) surpresas


A época futebolística 2016/17 ainda mal parecia ter terminado, e já arrancou a 2017/18, com a realização da fase preliminar das competições europeias de clubes. Na última quinta-feira realizou-se a primeira eliminatória da Liga Europa, que colocou frente a frente equipas de países dos últimos lugares do ranking da UEFA, e teve o aliciante de incluir o regresso do histórico Rangers de Glasgow. Os escoceses regressaram assim às competições internacionais sete anos depois de uma descida administrativa à II Divisão (quarto escalão) escocesa. O regresso não se pode dizer que tenha sido memorável, pois o Rangers acabaria eliminado por um tal Progrès Niederkorn, do Luxemburgo, uma equipa amadora que conseguiu assim a sua primeira vitória em seis participações na Europa, e que lhe valeu logo a passagem à eliminatória seguinte. Depois de uma derrota na Escócia por 0-1, os luxemburgueses - com alguns nomes portugueses na equipa - surpreenderam tudo e todos ao virar a eliminatória com uma vitória por 2-0, perante uma assistência de pouco mais de 5 mil espectadores.


Do lado do fracasso está um português, Pedro Caixinha, treinador dos Rangers. O clube sofreu talvez a maior humilhação da sua história de 140 anos, e certamente que muito se riu do lado dos rivais Celtic, com quem os Rangers disputam o "derby" mais antigo da modalidade. Na nau escocesa que foi naufragar ao continente estão ainda outros portugueses; o central Fábio Cardoso, o ala Daniel Candeias e ainda o avançado Dálcio, ex-Benfica. O Rangers é uma equipa altamente profissionalizada, com um plantel que vem sendo constantemente reforçado desde que o clube regressou ao escalão principal há dois anos, pelo que a corda fica extremamente curta para o português, depois de perder contra uma equipa amadora e praticamente desconhecida. A direcção do clube continua a confiar no técnico, mas certamente que mais um desaire idêntico será a morte do artista.