Queria anunciar aos estimados leitores que a partir de Janeiro vou dar início a uma nova rubrica no Bairro do Oriente, dedicada à música que se faz na década de 80 do século XX, e que será exactamente intitulada de "Os sons dos 80". Vou aqui recordar temas, artistas e acontecimentos que marcaram a cena musical desse period, abordando estilos, tendências, discos e bandas que foram uma referência para uma geração entre a qual me incluo - tinha eu 5 anos em 1 de Janeiro de 1980, e 15 em 31 de Dezembro de 1989. Ainda não sei quantas partes vai ter esta rubrica, mas com toda a certeza vai haver muito que dizer.
Não sou grande adepto de sentimentos de saudosismo ou de nostalgia, nem considero que o tempo em que cresci foi o melhor da História, ou que a música que se fazia quando era jovem era melhor que a actual, ou a que fazia no tempo dos meus pais ou avós. No entanto temos que admitir que os anos 80 foram cruciais na história da música, pois foram marcados por avanços tecnológicos que mudaram a face da indústria, e acabariam por feri-la quase de morte na década seguinte: à invenção do CD, bem recebida pelos melómanos, seguiu-se a internet e a partilha de ficheiros, que desvirtuaram a noção de gosto musical e causaram um prejuízo incalculável a artistas e editoras, ou seja, à "máquina" que gera a música. Quem alguma vez imaginou há 30 anos que teria num computador a discografia completa de artistas e bandas com estilos tão díspares como os de Bob Dylan, os Guns'n'Roses, Eminem ou Lady Gaga?
O que pretendo recordar com esta série de artigos é o tempo em que a música era servida, mastigada, saboreada, e finalmente digerida, passando-se ao prato seguinte. É uma série dedicada a todos aqueles que juntavam as suas economias para comprar um disco, chegavam a casa e tiravam-no da capa, sentiam o cheiro do vinil novinho em folha e tocavam-no no gira-discos, debaixo de uma agulha. A todos os que arranjavam um biscate ao fim-de-semana para comprar o último trabalho da sua banda, aos que ficavam frustrados quando não gostavam de um disco que lhes tinha custado "quase dois contos", aos que pediam os discos emprestados aos amigos, aos amigos que emprestavam, ou que gravavam nas velhinhas cassetes de audio (quem se lembra disto?), aos que dançavam nas matinés, a todos que se inteiravam das últimas novidades em programas de radio ou de televisão, e que como eu aguardavam religiosamente pelo Top-Disco dos fins de tarde de sábado.
Vamos recordar os temas que marcaram uma década, os artistas que chegaram aos tops, todos, desde Stevie Wonder aos Modern Talking, passando pelos Dire Straits, Scorpions, Tina Turner ou Queen. Vamos tirar do baú das memórias modas passageiras como o "eurodiscos" ou o "glam rock", falar de música nacional, desde o "rock" ao fado, lembrar aqueles temas que nos trazem à memória aquele verão que nunca mais vamos esquecer, de tudo um pouco que foram os anos 80. Espero que gostem, e aguardem! Em 2014, no seu Bairro do Oriente.
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