Um homem de 41 anos que havia sido condenado a dois anos de prisão na Primeira Instância viu-lhe a pena agravada para 4 na segunda, após recurso. O indivíduo em questão é um caso sério, pois os crimes de que era acusado revelam que se trata de um personagem desequilibrado e potencialmente perigoso. Concretizasse ele todas as suas ameaças ou tivesse a seu dispôr outros meios, e estariamos na presença de um dos maiores terroristas não só de Macau, mas do mundo.
Assim no rol da "mercearia" temos chantagem e ameaças de morte ao antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho, e ao director da Polícia Judiciária, Wong Sio Chak, por intermédio de atentados bombistas (!); informações difamatórias contra este último e contra o seu vice-director, Chau Wai Keong; incitação a actos terroristas, como incendiar o banco Weng Hang ou roubar a tocha olímpica aquando da sua passagem por Macau, em 2007. Estas ameaças e campanhas foram feitas pela internet entre 2007 e 2010, através de um IP que não o seu. E não ficamos por aqui, pois além do que ameaçou fazer, há aquilo que fez mesmo: em Dezembro de 2007, chantageou o Governo em 10 milhões patacas, ou explodia três bombas que tinha armado no Estádio de Macau e no Pavilhão Desportivo do Tap Seac, durante o concerto de celebração da criação da RAEM, presenciado por milhares de pessoas; divulgou o número de telemóvel do director e sub-director da PJ num website pornográfico, e noutro de venda de carros em segunda mão.
Quer dizer, não sei exactamente o que ficou provado e o que ficou por provar, e estou a leste da moldura penal para este tipo de crimes, mas se o arguido realmente fez tudo isto que descrevi acima, quatro anos parece-me manifestamente pouco, quanto mais dois. Isto para não falar que está solto enquanto decorrem os respectivos recursos. Pode ser louco, um pobre diabo que precisa de auxílio médico, mas não me sinto lá muito seguro com este tipo à solta. Há gente presa por muito menos, e alguns por não terem feito mal a mais ninguém senão eles mesmos, a cumprir penas de 8, 10 ou mais anos. Mais uma vez confesso a minha ignorância nestas lides do procedimento judicial, mas permitam-me que exprima também a minha surpresa pela forma ligeira como se tratou do caso.
A propósito, na secção do JTM "Há 20 anos" de hoje recorda-se o caso de Anthony Lo, um senhor que dava o brado pelo activismo pró-democracia e anti-Pequim. Recordo-me mais ou menos dele; tinha um aspecto franzino, pintava por aí umas paredes e tinha uma tendência quase magnética para acabar na esquadra. Aparentemente era um professor primário descontente com qualquer coisa, e dizia que "nunca ia desistir na sua cruzada pela democracia". Era uma espécie de Lee Kin Yun retro, de outros tempos. Entretanto desapareceu, puff! sumiu, assim de um dia para o outro. O que lhe aconteceu? Será que faleceu? De facto não tinha um ar muito saudável. Foi desterrado? Pagaram-lhe para ficar calado? Passou para o lado dos bons? Um dos mistérios de Macau.
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