quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Direito ao deserto


Há alguns dias li na coluna que o meu colega e amigo José Rocha Dinis assina na última página do JTM um apelo ao fim dessa mania que algumas pessoas têm de considerar Macau um “deserto cultural”. Gostava de poder concordar com JRD, mas infelizmente não consigo. Uma coisa é aquilo que gostávamos que Macau fosse (ou não fosse), outra coisa é a realidade, aquilo que Macau é. E Macau é um deserto cultural. Não um deserto no sentido de que temos areia e cactos, apesar de não faltarem “cowboys” e até uma quantidade respeitável de abutres, mas um deserto no sentido da aridez em termos de oferta cultural. O que existe é pouco, mal feito, mal pensado e sem qualidade, até porque não existe um critério ou sequer um grau de exigência que justifique um investimento na cultura.

Começemos pelo último ponto. Em Macau a esmagadora maioria da população não tem cultura geral, não tem sensibilidade artística e está-se nas tintas para tudo o que não lhes diga directamente respeito, especialmente se isso significar ganhos financeiros. A única “arte” que esta gente conhece são as notas, moedas e selos comemorativos que se adquirem sasonalmente nos bancos ou nos correios, que podem ser revendidos com lucro a colecionadores e outros especuladores (a especulação é já em si uma “arte”). Muitos revendem as notas dos dragões e das serpentes sem sequer olharem uma única vez para o detalhe gráfico ou sem se importarem com a estética da nota. Isso enche a barriga e engorda a conta bancária? Não? Ah, bem…

É de facto frustrante onde um personagem como Pan Nga Koi é mais conhecido que Picasso. Fosse feito um inquérito à população sobre quem foi Leonardo da Vinci, mesmo usando o nome chinês do génio renascentista italiano, e os resultados seriam vergonhosos – e é por isso que não se fazem este tipo de inquéritos à cultura geral da população local: para evitar embaraços. E não se pense que o problema é puramente étnico. No outro dia ouvi um aluno da Escola Portuguesa afirmar que Galileu Galilei foi “o maior filósofo grego de sempre”. A exposição mais mediática dos últimos anos foi a dos cadáveres plastinados no Venetian, a tal cuja origem dos corpos ficou por explicar. Para ter sucesso, é preciso juntar à componente artística o elemento de choque, da polémica, uma controvérsia qualquer que dê a conhecer o evento e aguçe a curiosidade. Uma exposição que trouxesse ao território os frescos originais de Van Gogh não teria tanta adesão – a não ser que se divulgasse o valor de mercado das obras, claro.

Os artistas locais, que até são cada vez mais e com mais qualidade, estão perfeitamente conscientes que precisam de acumular a sua vocação com outra actividade que lhes garanta sustento. Não dá para viver apenas da arte, e seja essa a intenção, não lhes resta senão andar a pedinchar subsídios ou procurar outras paragens onde as pessoas comprem arte e paguem bem por ela. Neste particular gostava de destacar a recém-criada Fundação Rui Cunha, que tem na Av. Praia Grande uma galeria onde dá a conhecer o trabalho de artistas plásticos de Macau. Tiro-lhes o chapéu. Não é difícil imaginar o choque de uma família média do território quando um dos seus filhos lhe diz que quer ser artista, que é ainda sinónimo de “vagabundo”. Se o jovem tem mesmo aptidão para o desenho, encoraja-se que se torne arquitecto, desenhador gráfico ou qualquer coisa que dê dinheiro.

As restantes “artes performativas” (detesto esta expressão) têm uma expressão insignificante, talvez com excepção da ópera chinesa, que parece atraír a população idosa da mesma forma que o flautista de Hamlin atraía ratos. O teatro é todo amador, e surpresa ou talvez não, não existe uma companhia de teatro. Nem de bailado. Existe uma Orquestra de Macau, sim senhor, composta por assalariados do Instituto Cultural com um estatuto de semi-funcionários públicos e que há poucos anos esteve no centro de uma polémica que prova que nestas coisas da arte e da cultura ainda se metem os pés pelas mãos. Os Doçi Papiáçam di Macau, grupo de teatro em patuá, debate-se actualmente com dificuldades para encontrar um lugar onde possa realizar os seus ensaios, sem apoio das entidades públicas que se escudam em tecnicalidades para não disponibilizar um canto qualquer para este efeito. É triste mas é verdade. Quando é para complicar, os regulamentos e leis são escrupulosamente cumpridos.

A vertente “cultural” da responsabilidade do Executivo resume-se aos anuais Festival de Artes e ao Festival de Música, e mesmo nestes a aquisição de bilhetes para os espectáculos é um pretexto para mais especulação. Não surpreende que o tal investimento nas indústrias criativas não passe do papel. Para quê andar para a frente com um projecto que é apenas do interesse de uma meia dúzia de iluminados com um visão mais larga do mundo? Pensam que toda a gente visitou o Louvre como V. Exas.? Sabem o que há em fartura onde faltam indústrias criativas? Agências de imobiliário. Isso é que faz muita falta, que essa coisa das artes é muito engraçada mas não tem lugar numa sociedade orientada para o lucro.

Portanto tenho pena, mas sim, Macau é um deserto cultural. E falando a sério, era mesmo interessante fazer um levantamento sobre o nível de cultura da população, e uma vez identificado o problema, começar a atacá-lo na sua origem: nas escolas, onde se formam gerações atrás de gerações de gente mesquinha, que é preparada somente com a finalidade de competir neste mundo pequeno do jogo, da especulação, dos negócios sujos. Pouco importa saber o que originou a Primeira Grande Guerra, a capital da Albânia, quem foi Shakespeare, quem enunciou as leis da gravidade ou quem inventou a lâmpada. Saber isto “não dá dinheiro a ninguém”.

Real e Barça empatam "classico"


Real Madrid e Barcelona empataram a uma bola na primeira-mão das meias-finais da Taça do Rei de Espanha. Os catalães estiveram em vantagem, por Fabregas, e os merengues empataram a sete minutos do fim pelo defesa francês Varane. O Barcelona parte assim em vatagem para o jogo da segunda-mão, na próxima semana no Nou Camp, onde a equipa de Mourinho precisa pelo menos de um empate com golos para acalentar esperanças de chegar à final. A outra meia-final disputa-se entre o Sevila e o Atlético de Madrid, com a primeira mão a disputar-se esta noite no Estádio Sanchez Pizjuán, na capital andaluz.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Advogados, pensionistas e lactentes


1) Continua o debate sobre o acesso à advocacia no território. Um grupo de advogados não concorda com os novos termos de acesso ao estágio, que a partir de Outubro último requer uma prova de conhecimentos como condição. Uma medida que é vista como uma forma de dificultar o acesso ao já por si difícil estágio a licenciados em Direito que tenham adquirido o diploma em instituições de ensino de qualidade duvidosa – para os critérios da AAM, claro. O director da Direcção dos Serviços de Justiça, André Cheong, já veio descartar uma eventual interferência do Executivo nos critérios de acesso a esta profissão, lembrando que compete apenas a AAM estabelecer esses critérios. Outra medida da Associação de Advogados de Macau passa por tornar menos fácil a inscrição na ordem a advogados originários de Portugal, que mesmo com estágio cumprido em Portugal, requerem agora uma adaptação de seis meses em vez dos anteriores três. Têm sido muitos os causídicos portugueses que chegam ao território “fugindo” da crise em Portugal, que afecta todas as profissões. Concordo com critérios de exigência cada vez mais rigorosos. Já existem advogados inscritos na AAM em número mais que suficiente para as necessidades do território, e o Direito local só tem a ganhar com mais qualidade em deterimento da qualidade. Está de parabéns a Associação por estas medidas que apenas pecam por tardias, e só espero que se mantenham firmes nas suas convicções, que são bastante válidas, e resistam às pressões. Quem não deve, não teme.

2) José Pereira Coutinho quer sensibilizar o Estado Português para a situação dos aposentados de Macau que recebem as suas pensões do Fundo de Previdências da república que administrou Macau até 1999. A decisão de receber as reformas e pensões de Portugal foi estabelecida antes da transição, e foi vista como uma vitória, uma vez que não era garantido que a RAEM as pagaria – e porque o faria? Afinal estes trabalhadores agora aposentados fizeram descontos que caíram direitinhos nas contas dos orçamentos portugueses. O presidente da ATFPM e deputado vai mesmo a Portugal numa operação de charme de modo a tentar que se crie uma espécie de regime de excepção para os pensionistas de Macau no que toca aos sacrifícios que todos os portugueses têm feito em nome do equilíbrio das contas públicas que os mercados exigem do país. A APOMAC, outra associação que representa os pensionistas de Macau e está há muitos anos de costas voltadas com a ATFPM já criticou as intenções de Coutinho, que acusam de “demagogia”. Sem querer tomar partido de nenhuma das partes, concordo com a APOMAC neste particular. Porque ficariam os pensionistas de Macau isentos dos sacrifícios que todos os portugueses têm que fazer simplesmente porque se encontram em Macau? Mesmo que Coutinho diga que o dinheiro transferido do território para o Fundo de Pensões seja mais que suficiente para pagar os 14 meses devidos, não é menos verdade que os aposentados em Portugal fizeram também os seus descontos durante toda uma vida, e no fazem agora este mesmo sacrifício. Isto de ser português não pode ser apenas para que se obtenham garantias. Há os direitos, e depois há os deveres.

3) O caso do leite em pó de fórmula infantil em Macau deu uma enorme dor de cabeça ao Executivo, que criou uma espécie de sistema de racionamento para garantir que os bebés locais não passem fome devido ao açambarcamento por parte de turistas da China continental. Uma medida daquelas “à Macau”, onde o “remediar” se impõe sobre o “prevenir”. As últimas semanas foram marcadas por uma série de abusos praticados por algumas farmácias, que tentaram lucrar com a “crise”, exigindo que alguns residentes fizessem mais despesa noutros produtos caso desejassem obter mais que uma lata de leite em pó. O cadastro dos bebés locais ou outras medidas de improviso podiam ser evitadas caso existisse fiscalização apropriada, especialmente neste caso, em que se trata de um bem de primeira necessidade. Mais uma vez se prova que em Macau se brinca com coisas sérias.

Amo-te, Teresa


Adoro a rubrica Ler +, passada diariamente na RTPi, com uma duração de não mais de cinco minutos, apoiada pelo Plano Nacional de Leitura. Mas o que pode interessar num programa que apela aos bacocos dos portugueses, que têm péssimos ou nenhuns hábitos de leitura, que peguem num livrinho de vez em quando e se cultivem? A apresentadora! Teresa Sampaio é linda, sexy, desejável, única, uma mulher com M grande. A sensual morena nem precisava de um escritor ou outra personalidade qualquer que sugerisse um livro: bastava dizer para lermos, prometendo ao mesmo tempo que entraria nos nossos sonhos húmidos mais intensos. A sua beleza natural enche o ecrã, e surpreende-me que a RTP tenha optado por uma musa para um programa desta natureza, quando o normal seria uma lésbica frigida de meia-idade com óculos e cabelo desalinhado, uma típica “mosca dos livros”. Estão de parabéns por nos fazerem entrar a Teresa Sampaio em casa todos os dias, ainda por cima em nome de uma causa tão nobre. Sim Teresa…o quê? Livros? Não entendi bem…volta amanhã e diz-me outra vez.

Disco Inferno


O incidente que colheu mais de duas centenas de vidas na cidade de Santa Maria, estado de Rio Grande no Sul, Brasil no ultimo Sábado à noite é preocupante. É um absurdo pensar que uma noite que devia ser de diversão iria acabar numa carnificina desta dimensão, a segunda maior de sempre deste tipo no país mais populoso da Lusofonia. Para nós que estamos tão longe, até parece estupidez. Quem se lembra de rebentar fogos de artifício num espaço fechado e sobrelotado? Não é a primeira vez, certo, e não acontece só no Brasil, mas as condições em que se deu este “excesso”, com apenas uma estreita saída de emergência numa discoteca não-licenciada foi mato-seco para que se propagasse o fogo da tragédia.

É de saudar que os responsáveis tenham assumido a culpa; o proprietário da discoteca “Kiss”, cuja licença tinha expirado, os elementos da banda Gurizada Fandangueira (um nome que tinha piada não fosse o motivo pelo que fica conhecido) que largaram os fogos, e até os responsáveis pela falta de fiscalização do espaço têm agora recaindo sobre si o peso da responsabilidade pela perda de mais de 200 vidas jovens. Jovens que se vinham divertir numa festa organizada pela sua Universidade e que estavam longe de imaginar que iriam ali encontrar a morte. A culpa não pode mesmo morrer solteira. É preciso um culpado ou culpados para que não se pense que este tipo de negligência possa ficar impune.

Os detalhes da tragédia chocaram o mundo. Jovens em pânico, tentando em vão salvar os namorados, as namoradas e os amigos, outros que ingenuamente se refugiaram nas casas-de-banho, lutando desesperadamente pela vida, os familiares tentando reconhecer os corpos na manhã seguinte, as lágrimas compulsivas da presidente Dilma. A maioria das vítimas morreu asfixiada, uma morte lenta acompanhada de um sentimento de impotência, lembrando o desespero das vítimas do Holocausto nazi nas câmaras de gás, com as devidas distâncias, é claro. É um cenário de terror que faz parecer o filme “Carrie” uma matiné infantil.

Já tinha conhecimento de outros acidentes deste tipo nos últimos anos, e de repente lembro-me de uma recente passagem de ano onde o rebentamento de fogos de artifício numa festa de passage de ano numa discoteca russa fez mais de 100 vítimas. Não há nada que justifique este tipo de comportamento. Não há euforia mesmo provocada pelo consumo de alcoól ou drogas recreativas leve alguém a rebentar explosivos num local fechado e repleto de pessoas. É estupidez, simplesmente. Não há droga ou bebida em excesso que inebrie o bom senso a este ponto. É mais uma tragédia que serve de lição, esta de Santa Maria, e vamos esperar que alguém pense duas vezes antes de cometer um disparate desta natureza.

Olha quem ficou ofendido...


Um homem tailandês e a sua namorada estão a fazer compras numa loja de mobílias. Ao deparar com uma promoção de almofadas, a mulher fica tão excitada que muda para uma voz masculina, revelando que é um transsexual – o namorado foge em pânico. O anúncio de 20 segundos da multinacional sueca IKEA feito “à medida” para o mercado tailandês causou a indignação de um grupo de transgenders, que o considera “esteorotipado e preconceituoso”, além de uma “violação dos direitos humanos”. Os transsexuais na Tailândia são um grupo abertamente aceite na indústria da moda, entretenimento e na sociedade em geral, mas não são considerados mulheres. Um responsável da IKEA diz ter recebido a queixa do grupo e que a conversa decorreu de forma “serena”, e que os interesses de ambas as partes estão a ser ponderados. Parece que aqui alguém tocou numa ferida aberta…

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tempo (e espaço) é dinheiro!


Existe uma pastelaria de matriz portuguesa localizada próxima do centro de Macau, bem conhecida dos expatriados aqui residentes e por eles habitualmente frequentada. É comum encontrar nesta pastelaria que também serve diariamente almoços alguns membros respeitáveis da nossa comunidade, e chega a servir de ponto de encontro. É ali que se consegue recriar a tradição tertuliana dos cafés em Portugal de forma mais ou menos fiel, e não é sequer necessário entrar em despesa para passar uma tarde sentado na esplanada improvisada em amena cavaqueira com um grupo de amigos. Muitas vezes basta pedir duas “bicas” para alugar uma mesa por algumas horas.

A tranquilidade quase idílica deste cenário é diariamente interrompida pela visita de um conhecido indigente de etnia chinesa, que durante alguns minutos pede esmola entre os clientes do café. A generosidade típica dos portugueses leva-os a dispensar uns trocos para o pobre diabo, que não raras vezes chega mesmo a consumir ali uma refeição patrocinada por algum freguês mais simpatista com a condição do desgraçado, que descura a higiene pessoal e manifesta sintomas evidentes de um quadro de doença mental. O mesmo indigente é normalmente escorraçado de outros estabelecimentos locais frequentados por residentes igualmente de etnia chinesa, e em muitos casos nem lhe é permitida sequer a entrada. São estes pequenos gestos que demonstram a diferença entre o cáracter mais humanista dos ocidentais e a natureza mais pragmática dos chineses. E podemos encontrar outros exemplos flagrantes.

A própria passividade do café/pastelaria em questão no que diz respeito à ocupação do espaço reservado ao consumo dificilmente encontra um paralelo na restauração local. A quase totalidade dos estabelecimentos chineses preferem que os clientes comam, paguem e vão embora. Não existe nenhuma lei que obrigue um cliente a comer ou beber depressa, e torna-se complicado “despachar” alguém que fez despesa e espera ser tratado de acordo com as regras mais básicas da hospitalidade. Mas existem outras formas mais diplomáticas de convidar um cliente mais relaxado a sair, especialmente se existirem outros potenciais clientes à espera de mesa. Algumas casas de pasto resolveram o problema limitando o acesso à casa-de-banho, que fica apenas acessível aos empregados. Assim pode ser que os mais resistentes sejam vencidos pela bexiga.

Há alguns anos a minha esposa partiu acidentalmente um frasco de ovos de salmão num conhecido supermercado da Taipa, um prejuízo na ordem das 200 patacas. A proprietária recusou o dinheiro, uma vez que se tratou de um acidente. Num supermercado chinês o mais provável seria compensar o prejuízo, mesmo que este fosse na ordem da meia dúzia de patacas, quanto mais 200. Mesmo um prato ou um copo quebrado acidentalmente num restaurante não significa necessariamente uma despesa extra para o cliente, mas provoca males de fígado ao patrão. Numa mentalidade puramente comercial, fazer negócio implica o máximo de lucro com o mínimo de despesa e sem prejuízo de qualquer espécie. E quem se atreve a questionar esta regra de ouro?

Não é preciso referir a fama que o povo chinês adquiriu no que diz respeito ao comércio. Provavelmente apenas os judeus rivalizam com os chineses quando se trata de fazer dinheiro, e nenhuma hora é má hora para o efeito. A filosofia laboral dos chineses é mal recebida no Ocidente, e mesmo em Portugal, onde o descanso é sagrado, não é bem visto que venham de tão longe uns gajos que não se importam de trabalhar todos os dias até à meia-noite, incluíndo Domingos e feriados. Só podem mesmo ser pagãos. O pior é que os resultados são os que estão à vista. Numa economia global em crise marcada pela falência do estado social, o trabalho semi-escravo começa a ser visto como uma tendência emergente. Os direitos conquistados pelos trabalhadores e os seus sindicatos através de tantos anos de luta e muito sangue derramado dizem pouco ou nada a quem se quer “competitivo” nos mercados actuais. E “competitivo” não significa apenas cumpridor. São exigidos cada vez mais sacrifícios. E alternativas, será que existem?

Porto goleador salta para a liderança


O FC Porto assumiu a liderança da Liga Sagres após golear o Gil Vicente por cinco bolas a zero no Dragão, em jogo que encerrou a 16ª jornada. Os portistas facilitaram a tarefa marcando dois golos nos primeiros 12 minutos, primeiro pelo defesa Danilo e depois pelo gilista Vítor Vinha, na própria baliza. Defour, Varela e Jackson Martínez fecharam as contas no segundo tempo, garantindo uma robusta vitória que mantém os dragões em igualdade com o Benfica mas em vantagem na diferença de golos marcados e sofridos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

As gentes malaias


No ano seguinte a ter chegado ao território, li num diário local que em Macau exisitiam pessoas de mais de cem nacionalidades diferentes, 15 delas representadas apenas por um indivíduo. Era interessante actualizar esta estatística, mas tenho a certeza que o resultado não seria muito diferente. Apesar da sua pequenez , Macau ainda é procurado por gentes dos quatro cantos do mundo, pelos mais diversos motivos, com as mais variadas ambições. É uma mini-Babilónia. Nestes vinte anos tive a oportunidade de privar com pessoas de nacionalidades que nunca pensei vir a ter um dia contacto, e de todos os continentes.

Estando situados no sul da China, é apenas normal que as comunidades mais numerosas sejam originárias do sudeste asiático. Além do cada vez maior número de residentes originários da China continental, existem duas comunidades com características muito especiais com que temos um contacto mais frequente: a comunidade filipina, e a comunidade indonésia. Estas duas comunidades que partilham a etnia malaia “sobreviveram” à transição, e no caso dos indonésios deu-se uma emigração maior nos últimos dez anos. Ambos vêm à procura de uma vida melhor, e Macau precisa deles, quer se goste ou não.

Começemos pela comunidade filipina. Existem em Macau cerca de 10 mil filipinos, a esmagadora maioria deles cidadãos não-residentes. No tempo da administração portuguesa eram menos de 5 mil, na maioria empregadas domésticas ao serviço da comunidade portuguesa e mão-de-obra de cafés, bares e restaurantes de matriz ocidental. O eventual êxodo da comunidade portuguesa no pós-99 deixava adivinhar igualmente a desagregação da comunidade filipina, pois o facto de comunicarem apenas na língua inglesa além da sua língua materna podia não ser suficiente para corresponder às exigências da recém-criada RAEM. Só que a comunidade soube adaptar-se a esta nova realidade, e provou que não precisava dos “sirs” e das “moms” portuguesas para nada. Hoje os filipinos não são apenas mais em número, como ainda se conseguiram organizar. Ao contrário do que acontecia antes da transição, existem hoje lojas, restaurantes, salões de beleza e outro comércio cujos proprietários são filipinos, e uma gama de produtos e serviços que as duas horas de distância de Manila fazem chegar a Macau em quantidade e qualidade, e a preços amigos.

Os filipinos tiveram sempre uma relação próxima com a comunidade portuguesa e macaense, devido à facilidade em comunicar mas também graças a diversas semelhanças culturais, nomeadamente a religião. As Filipinas são o único país de maioria cristã na Ásia, cortesia dos ex-coloniadores espanhóis. Apesar da componente cultural asiática que também os caracteriza, as diferenças não “chocam” tanto com a nossa cultura, como acontece com outros povos desta região. O facto da maioria dos filipinos serem trabalhadores não-residentes e dependerem de patrocínio nem sempre muito fácil de obter, levam a que sejam vistos pelos locais como um “estrato inferior” da sociedade, e são muitas vezes ostracizados. Por essa razão, e por nem sempre poderem fazer valer os seus parcos direitos, a comunidade dotou-se de alguns mecanismos de sobrevivência que os leva a tomar atitudes pouco ortodoxas, e comportamentos por vezes marginais. Mesmo assim existe já uma fatia da comunidade que usufrui do estatuto de residente permanente, alguns mesmo já nascidos no território, e que convivem sem problemas de maior com os restantes residentes. Macau é há várias décadas um dos destinos de eleição dos emigrantes filipinos, e esta só podia ser um consequência dessa vivência já com alguma história.

A comunidade indonésia, apesar de ter estado sempre presente em Macau, só há alguns anos começou a fazer notar a sua presença. Não sei ao certo quantos indonésios residem no território, mas ao contrário dos filipinos, os seus elementos do sexo masculino terão uma expressão residual; contam-se pelos dedos de uma mão os homens indonésios com que tive contacto. As indonésias são também na sua maioria empregadas domésticas, mas a vantagem de falarem o cantonense (algumas também sabem ler e escrever) leva a que uma parte significativa consiga emprego nos casinos e outros locais de entretenimento. A motivação das imigrantes indonésias, apesar do elemento novidade, não difere dos filipinos: ganhar dinheiro para ajudar a família no país de origem.

As indonésias, apesar da confusão normal derivada da mesma origem étnica, distinguem-se da comunidade filipina, muito por culpa da religião que professam: a islâmica. É comum encontrar indonésias que usam o véu, mesmo na rua, e a esmagadora maioria mantém-se irredutível quanto ao consumo de carne de porco, que é proibido pelo Islão. Só que ao contrário do que acontece na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, a atitude destas expatriadas perante a religião encontra em Macau uma atitude muito mais relaxada. Não é raro encontrar indonésias que não cumprem alguns dos preceitos impostos pela sua doutrina, nomeadamente no que toca ao vestuário ou a atitude perante as relações afectivas, nomeadamente o sexo pré ou extra-marital. Pode ser que Alá fique zangado, mas está lá longe e não vê.

Isto leva-me a falar de um aspecto que contribui para que estas duas comunidades gozem uma certa “má fama” entre os locais, especialmente dos mais conservadores. Existe um preconceito mais ou menos justificado de que as mulheres filipinas e indonésias se prostituem, ou que são “fáceis” de levar para a cama. Este é um tema que infelizmente ainda é tabu, e apesar de ser uma realidade facilmente constatável, não se faz uma abordagem mais profunda do fenómeno, nem se considera qualquer forma de apoio ou intervenção dos agentes da acção social. É uma especificidade com contornos muito próprios, um comportamento mais ou menos tolerado à luz da realidade local. Faz parte da “paisagem” de Macau, apesar do grosso da prostituição “oficial” continuar a ser de mulheres de etnia chinesa oriundas do continente. Nenhuma nacionalidade é por natureza invulnerável a estas fraquezas, ou defeitos, se o quiserem chamar assim. O que acontece é que muitas vezes a necessidade sobrepõe-se aos princípios da moral.

Já não são novidade nenhuma as histórias das escapadelas sexuais de alguns patrões com a empregada filipina ou indonésia, ou os abusos cometidos (e consentidos) por indivíduos em posição de poder, e dos quais as vítimas dependem em termos de patrocínio e de sustento. Resumindo, a pouca vergonha anda muitas vezes de mão dada com a censura de atitudes e os julgamentos instantâneos de valor. A maioria dos residentes locais, especialmente os de etnia chinesa, olham de cima para estas comunidades, e falam sem nenhum pudor em “falta de dignidade”. Os chineses têm um preconceito antigo e injustificado com as filipinas e indonésias, muito por causa da cor da sua pele; para eles a pele escura é sinónimo de “sujidade”, de falta de higiene. Permitam-me uma opinião pessoal derivada da minha experiência: as mulheres filipinas e indonésias não ficam nada a dever à mulher chinesa em termos de higiene. Antes pelo contrário.

Mas as evidências falam mais alto. Basta frequentar alguns locais de diversão nocturna para testemunhar a forma pouco discreta com que as mulheres destas comunidades se “oferecem” a uma aventura passageira em troca de remuneração. Os locais frequentados por estrangeiros e ocidentais são os mais apetecíveis. Algumas destas mulheres têm empregos fixos que cumprem com o profissionalismo exigido. Durante a semana limpam a casa dos patrões, cuidam de crianças e de idosos, e nos fim-de-semana “transformam-se”, produzem-se, e procuram um rendimento suplementar ao mesmo tempo que aproveitam para satisfazer necessidades afectivas. Algumas fazem-no sem esperar qualquer tipo de compensação pecuniária, no caso de prevalecer a componente romântica, ou apenas o prazer de uma companhia.

Não é justo que se julguem estas pessoas ou que se condenem estes comportamentos sem reflectir sobre a sua causa. Algumas meninas e senhoras locais falam de barriga cheia e apressam-se a considerar esta atitude como “suja” e leviana. Ao contrário das muitas vestais e falsas púdicas que nasceram e cresceram no território, que têm aqui a família e os amigos e desconhecem por completo o conceito de “solidão”, estas são pessoas que chegam aqui sem conhecer ninguém, e a quem a natureza quase escrava da sua profissão leva a uma exigência menor na escolha das relações pessoais. Para quem já sentiu o peso da solidão, sabe que esta não é boa conselheira na escolha das companhias. É normal que se cometam erros, e que se aprenda da pior forma. Quem pode contar com o apoio incondicional de familiares e amigos não sabe o que isso é, mas estranhamente acha-se na posição de julgar os outros de forma implacável e redutora.

As comunidades filipina e indonésia são, apesar dos seus defeitos, parte inalienável da actual RAEM. São eles quem faz o trabalho que os “exigentes” residentes se recusam a fazer, e nenhum é demasiado sujo, pesado ou complicado. Estão aqui a fazer pela vida, mas quem não faz pela vida, independentemente da forma mais ou menos digna como o faz? Pode-se dizer com toda a segurança que se por algum acaso os milhares de filipinos e indonésios deixassem o território de um dia para o outro, seria o fim de Macau como o conhecemos. Seria o caos, a anarquia, a paralisia total das funções vitais do sistema. Respeitemos estas comunidades com que podemos aprender tanta coisa. Têm uma cultura riquíssima e interessante, uma visão larga do mundo, e podem contribuir para “abrir os olhos” a tanta gente com vistas curtas. Vamos recebê-los sempre de braços abertos, e quantos mais, melhor. Maligayang pagdating e Selamat datang. Quem é como quem diz: sejam bem vindos.

Chelsea sofre, Spurs e Liverpool "out"


Dia de muitas surpresas na ronda de Domingo da 4ª eliminatória da FA Cup inglesa, cada uma maior que a outra. Primeiro o Chelsea sofreu para empatar no reduto do Brentford, do terceiro escalão, levando a decisão do jogo para Stamford Bridge após o 2-2 final, e depois de ter estado em desvantagem. Depois foi a vez do Tottenham de André Villas-Boas despedir-se da prova, ao sair derrotado pelo Leeds por 1-2 em Elland Road, e finalmente o maior choque, com a derrota do Liverpool por 2-3 em Oldham, equipa do terceiro escalão. Um dia que prova que a Taça ainda é a festa do futebol.

Ronaldo mata, Messi esfola


Real Madrid 4-0 Getafe 27.01.2013 (All Goals... 发布人 ourmatch
Mais uma jornada da Liga espanhola, com o Real Madrid a abrir os hostilidades domingueiras com uma goleada frente ao Getafe por quatro bolas a zero. O português C. Ronaldo voltou a estar em destaque, e pela positiva, ao apontar um "hat-trick", elevando a sua conta pessoal da liga este ano para 21 golos em 22 jogos, aproximando-se do rival Messi, líder destacado na lista dos artilheiros, só que...


BARCELONA 5 OSASUNA 1 发布人 acosart
Se o CR7 fez três, pouco depois respondeu o argentino com um "poker" - quatro golos na goleada por 5-1 ao Osasuna. Previa-se uma vitória tranquila dos catalães, a jogar em casa contra uma das equipas do fundo da tabela, mas a dúvida é sempre saber o que vai o "pulga" fazer. Aí está a resposta, e são agora 33 (!) golos, e mais uma bota de ouro em perspectiva.

Cabo Verde faz história - outra vez


Cape Verde 2-1 Angola 发布人 simaotvgolo12
E aí está, Cabo Verde está nos quartos-de-final do CAN, a Taça das Nações Africanas! O país mais pequeno que alguma vez disputou a prova maior do futebol de selecções africano conseguiu um estreia de sonho, e depois de dois empates frente aos muito mais experientes África do Sul e Marrocos, obteve a sua primeira vitória contra Angola - e logo num estádio baptizado com o nome de Nleson Mandela, em Port Elizabeth. Os "tubarões azuis" chegaram ao intervalo em desvantagem, culpa de um autogolo de Nando, mas Fernando Varela devolvia a esperança a nove minutos do fim, restabelecendo a igualdade. As atenções estavam também centradas em Durban, onde Marrocos perdia 1-2 com a equipa da casa, mas os magrebinos empatavam a 3 minutos do fim, resultado que deixava os caboverdianos de fora pela diferença de golos - era preciso marcar mais um. Já nos descontos contra-ataque rápido, confusão na área de Angola, e a bola sobra para Heldon "Nhuck", que fuzila a baliza dos palancas e causa uma autêntica explosão de alegria em toda a diáspora de Cabo Verde pelo mundo fora. Agora tudo é possível, e a próxima etapa desta odisseia será no próximo Sábado no mesmo estádio contra o vencedor do Grupo B, que caso não aconteçam surpresas de maior, tudo indica que será o Gana. Por enquanto é hora de saborear esta vitória histórica para o futebol de Cabo Verde.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Por uma cabeça de leitão


Fui hoje ao final da tarde ao supermercado aqui atrás de casa, e passei pelo Beco dos Colonos, onde se encontra um pequeno mercado que vende fruta, legumes, ovos, peixe e mariscos fresco e carnes secas, congeladas ou assadas. Um pouco de tudo. Atravessar esta transversal entre a Rua dos Colonos e a Rua 5 de Outubro é uma oportunidade rara para observar o pequeno comércio tradicional, onde os residentes deste bairro podem adquirir os ingredientes frescos para o jantar, opção que normalmente fazem em deterimento dos congelados ou pré-cozinhados. Um cenário que nem todos apreciam, especialmente os que se impressionam com as peixarias onde as cabeças de peixe completamente decepadas do resto do corpo ainda mexem vigorosamente as guelras, sugerindo uma morte dolorosa e horrível. Coisas da cruel mãe natureza.

Passando por uma loja de carnes assadas, onde normalmente se compra “char-siu” ou “siu ngap” (pato assado), reparei numa cabeça de leitão assada dentro de uma daquelas caixas de esferovite. Enquanto estava no supermercado fiquei a pensar na suculenta mona do porco, e determinei-me a adquiri-la no regresso. Permitam-me o delírio, mas desconfio que o suíno me piscou o olho, apesar deste ter sido vazado juntamente com o seu par antes do bicharoco ser levado ao forno. Quando lá chego, “domage”, tinha desaparecido! Perguntei à senhora da loja se aquele belo exemplar de cachola tinha sido vendido, e de facto houve alguém que se antecipou, para meu infortúnio.

Com um sorriso de orelha a orelha, a simpática talhante anunciou-me que “outra cabeça vinha a caminho”, e sugeriu que seguisse a sua filha – uma adolescente com avental e botas de borracha que ajuda a mãe na loja – até ao local de produção de leitões assados. E lá fui, seguindo por outros becos e travessas, até chegar a uma espécie de talho onde eram cortados e processados os cadáveres de suíno. Fui mandado ficar cá fora à espera, como quem aguarda um produto ilegal, mas menos de um minuto depois a moça sai com uma carcaça completa de leitão assado, espetada num engenhoso garfo comprido e com as orelhas cobertas de folha de alumínio, cuidando que não carbonizem durante a assadura. A atenção ao detalhe…

Regressámos então á loja onde a proprietária separou a cabeça do resto do leitão, embrulhou-a num papel e entregou-ma dentro de um saco, em troca da módica quantia de 20 patacas. Soube-me muito melhor depois de testemunhar uma parte importante do processo. Menos sorte para quem levou aquela cabeça que me aguçou o apetite, pois faltava-lhe o principal ingrediente: o amor.

Liga de Elite - 3ª jornada


Concluíu-se esta tarde a terceira ronda da Liga de Elite de Macau, assinalada pelo primeiro confronto entre dois dos quatro candidatos ao título. Assim o tri-campeão Ka I e o Benfica de Macau esgrimiram argumentos hoje à tarde no Campo da Universidade de Ciência e Tecnologia, com vantagem para o Ka I, que venceu por uma bola a zero. O único golo do encontro foi marcado pelo brasileiro Mayckol a um minuto do fim, o que evidencia o equilíbrio entre as duas equipas. Com esta derrota o Benfica perde o comboio da frente, ficando a três pontos de distância do Monte Carlo, Lam Pak e do seu adversário de hoje.

O Lam Pak, muito mais forte este ano, entrou em campo logo na sexta-feira, e goleou o recém-promovido Chao Pak Kei por quatro bolas a zero. Mais uma vez a experiência e a condição física foram determinantes, com os golos azuis e brancos a serem obtidos todos na segunda parte, com destaque para o brasileiro William Gomes, que bisou, abrindo e encerrando o placard. Os reforços franceses do Chao Pak Kei estiveram todos em campo, com Nicholas Friedmann, Jean Friedmann e Laurent Klotz alinhando no onze inicial, tendo Gaspard Laplaine entrado para o lugar do primeiro a dez minutos do fim.

Já no Sábado o Monte Carlo viu-se e desejou-se para bater os sub-23 da AFM, com o único golo a chegar aos 88 minutos de grande penalidade, convertida por Francisco Medeiros. No mesmo dia, numa partida entre duas equipas que lutarão pelos melhores lugares da segunda metade da tabela, o Kuan Tai bateu o Kei Lun por três bolas a uma. A equipa de João Rosa reagiu bem à goleada imposta pelo Monte Carlo na ronda anterior, e conquistou os primeiros três pontos perante uma equipa do seu campeonato, mantendo intactas as ambições ao quinto lugar, o melhor a que pode ambicionar.

Depois do grande jogo entre Ka I e Benfica, esta tarde, a jornada ficou concluída com o Polícia-Lam Ieng, que terminou como começou, com um empate a zero. Monte Carlo, Lam Pak e Ka I lideram com nove pontos, seguidos do Benfica com seis, Polícia e Lam Ieng com quatro, Kuan Tai com três, Sub-23, Kei Lun e Chao Pak Kei com zero pontos. A quarta jornada realiza-se no próximo fim-de-semana, com destaque para o jogo entre o Benfica de Macau e o Lam Pak, a disputar no Sábado às 16:00. Entretanto na segunda divisão, realizou-se a segunda ronda, com sorte diferente para as equipas de matriz portuguesa. O Sporting goleou na sexta o Pau Peng por 4-0, enquanto a Casa de Portugal voltou a perder, desta feita por 1-3 perante o Ponto 48.

O que vai ser o jantar?


O que vai comwe hoje ao jantar? Coelho parece-lhe bem? E que tal cabeça de coelho? Esta especiliadade de Sichuan - picante como não podia deixar de ser - é um sucesso nos restaurantes de Chengdu, e é procurada tanto por locais como estrangeiros. Um dos restaurantes locais diz servir entre 500 e 600 cabeças por dia, ao preço de 8 yuan cada, menos de um euro - bastante convidativo. À conta do apetite dos habitantes de Sichuan só no ano passado foram mortos 10 milhões de coelhos, um tipo de carne que divide as opiniões. Nós portugueses até gostamos de coelho, em geral, mas para alguns outros ocidentais é "um daquele tipo de coisas que os chineses comem". Nos Estados Unidos, por exemplo, os coelhos são tidos como uma praga que tem tendência para ficar "fora de controlo", uma vez que é impossível controlar a natalidade dos bichinhos, que levam com fama de marotos. Há quem tenha mesmo coelhos como mero animal de estimação, porque é pequeno, inofensivo e sobretudo fofinho. E nuca lhes dá a tentação de o comer, para ver se é tão saboroso como é engraçadinho. E como esta conversa já me está a dar água na boca, certamente que umas cabeças de coelho à moda de Sichuan marchavam agora. Podem contar comigo quando eu lá for.

Vou ser avó!


Uma mulher canadiana, Shirley Brown, tornou-se uma velebridade instantânea no YouTube após saber que ia ser avó. A sua reacção à notícia surpreendeu até o operador de câmera, que resolveu partilhar o momento. E quem não se sente emocionado com uma notícia destas?

Porcos na auto-estrada


O despiste de um camião de porcos ontem na A1 causou o caos em Lisboa. O veículo saíu da estrada, capotou e cerca de 200 porcos que se encaminhavam para a chacina encontraram subitamente a liberdade durante algumas horas na orincipal auto-estrada do país.O trânsito esteve condicionado durante todo o dia, provocando filas intermináveis. Os motoristas buzinavam e gritavam: "mexam-se, seus porcos!". E não era razão para menos.

Faca e alguidar


Agente da PSP morre esfaqueado na Cova da Moura, na Amadora.

Caçador em Melgaço morre após ter sido atingido acidentalmente na cabeça com tiro de caçadeira.

Mulher de 47 anos morre esmagada após colisão com camião em frente à filha de 19 anos, que entrou em choque.

Tiroteio em na Póvoa de Sto. Adrião, Odivelas, durante assalto a mini-mercado.

Homem de 81 anos de Oliveira do Bairro morre num acidente de moto enquanto conduzia na contramão.

Muitos golos e surpresas na FA Cup


Realizou-se ontem a 4ª eliminatória da FA Cup, a festa da Taça da Inglaterra. O jogo de maior interesse realizou-se em Old Trafford, entre Manchester United e Fulham, duas equipas do escalão principal. A tarefa foi mais fácil do que se esperava para os "red devils", que golearam por 4-1, com o veterano Giggs a inaugurar o marcador aos dois minutos de grande penalidade. O mexicano Javi Hernandez esteve de pontaria afinada, apontando dois golos, enquanto que o Fulham só conseguiu mesmo marcar um golo de honra por Aaron Hughes, já na recta final do encontro. Por seu turno o Arsenal sofreu para vencer o Brighton a equipa local por 3-2, com o golo da vitória a ser apontado por Walcott a cinco minutos do fim, enquanto o Manchester City foi a Stoke vencer pela margem mínima, com golo de Zabaleta. os tomba-gigantes foram o Milton Keyne Dons e o Luton Town, que foram vencer ao terreno dos primodivisionários Queen's Park Rangers e Norwich, por 4-2 e 1-0, respectivamente. O Milton Keyne Dons, herdeiro do extinto Wilbledon F.C., actualmente no terceiro esca;ão, chegou a estar em vabtagem por quatro golos, enquanto o Luton Town disputa actualmente a Second Division, o quarto nível da pirâmide do futebol inglês. A ronda completa-se hoje com os jogos Brentford-Chelsea, Leeds-Tottenham e Oldham-Liverpool.

Benfica passa no AXA


O Benfica venceu esta noite o Braga no Estádio AXA, na capital do Minho, uma vitória que deixa os encarnados com mais 3 pontos que o FC Porto, que joga hoje, e mais 13 que o seu adversário de hoje. A equipa de Jorge Jesus voltou a entrar forte, a querer resolver o jogo cedo, e marcou por Salvio e Lima aos 4 e 34 minutos. O Braga reagiu no segundo tempo e o melhor que conseguiu foi reduzir por intermédio de João Pedro. Os bracarenses acabaram o jogo reduzido a dez unidades devido à expulsão de Haas a seis minutos do fim.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Um pequeno T2


Ajudei agora um casal amigo a encontrar uma casa em Macau, tarefa que como se sabe pode tornar-se numa grande dor de cabeça. O casal em questão vivia numa casa da Taipa e pagava 7 mil patacas por mês, e a perspectiva de um aumento da renda na ordem dos 30% tornava-se dirimente da renovação do contrato. Além disso ambos fazem a vida em Macau, pelo que não se justificava a continuidade nas ilhas, uma ponte à distância da peninsula e do centro económico da RAEM. Quem não comprou ou vai comprar casa – o que é actualmente inacessível a qualquer bolsa da classe média – sujeita-se à oscilação das rendas, aos caprichos das agências e dos senhorios, um mundo onde não se conhece dó nem piedade, e onde a palavra “compreensão” não consta do dicionário.

É falso que não se consegue encontrar um apartamento em Macau por cerca de 5 mil patacas ou menos por mês. É uma questão de perspectiva. Os portugueses residentes no território têm um grau de exigência acima da média, e “uma casa em condições” implica uma sala grande, uma cozinha ampla, uma varanda e pelos menos dois ou três quartos – de preferência três. Outros factores como a localização e idade do prédio, a luz natural ou a vista (?) pesam na decisão da escolha. Escusado será dizer que a maioria dos nossos camaradas não se importa de pagar à volta de 10 mil patacas mensais por um apartamento que lhes encha estas medidas.

Para quem tem filhos menores a procura de casa complica-se, e muito. Um casal com dois filhos, por exemplo, procura normalmente um T3, num prédio com elevador e de preferência num edifício “conhecido”, com vizinhança respeitável e acima de qualquer suspeita. Junto com o apartamento existe a necessidade de um lugar para o automóvel, despesa que actualmente significa o desembolso de mais 1500 patacas mensais em média. A despesa com habitação, estacionamento e condomínio é sempre a que mais pesa nas contas do fim do mês. O que continuo sem perceber é porque tantos solteiros, enamorados ou casais sem filhos precisam de uma casa com mais de 60 m2 para viver. Sinceramente não encontro outra explicação a não ser a ostentação ou a teimosia. Para quem vive sozinho um T1 chega muito bem, e um casal sem filhos pode optar por um T2 num prédio antigo, mesmo sem elevador, que ainda se consegue encontrar por um preço amigo, que não dê a sensação que estamos a trabalhar para chulos, perdoem-me a expressão.

As agências de fomento predial, existentes no território à ordem de meia dúzia em cada rua, são conhecidas pelo apetite vampiresco pelo lucro. Os dois meses de depósito, a “comissão” e os contratos de apenas um ano, são as condições exigidas para o arrendamento, apesar das dúvidas em termos de legalidade, mas impera sobretudo o princípio do “pegar ou largar”, e pouco adianta socorrer-se da lei. Se o cliente é português, existe o preconceito de que aufere um salário elevado, o que nem sempre é verdade. Existem muitos portugueses em Macau com empregos mundanos, nem todos são advogados ou engenheiros, e o problema do aumento compulsivo e desregrado das rendas afecta-os tanto como a qualquer outro residente. Vigora a mentalidade de que um ocidental não se importa de pagar por algo que os chineses consideram “caro”, e isto serve tanto para a habitação como para outra coisa qualquer.

Se um português ou qualquer outro ocidental entra numa destas agências e mostra interesse por um T2 anunciado na montra por 4500 patacas mensais, dizem-lhe logo que “o anúncio é antigo”, e que agora a renda “aumentou”, ou que a casa já foi alugada e “não têm nenhuma por aquele preço”. Que diabo, se o anúncio é antigo, porque é que não o actualizam? Se já foi alugada, porque é que não o retiram do mostruário? É mais que falta de escrúpulos: é aldrabice pura e simples. Um filipino ou uma indonésia que procurem um T2, que normalmente partilham com vários compatriotas seus, conseguem encontrá-lo por 4000 patacas ou menos. Os restantes estrangeiros pagam a “taxa do kwai-lou”, que nunca fica por menos de 1000 patacas sobre o preço original da renda. Se o senhorio visita a casa juntamente com o agente, mostra-se sempre inflexível em negociar o preço da renda; “és estrangeiro, tens dinheiro, por isso não me lixes”.

Na zona onde vivo actualmente, entre a Barra e o Hospital Kiang Wu, existe uma oferta de apartamentos bastante habitáveis a preços módicos, com uma vizinhança simpática, de gente simples e trabalhadora, emigrantes de outras origens, comércio tradicional e outras comodidades típicas de uma cidade antiga, pequena e chinesa como é Macau. Viver nos blocos dos Jardins Lisboa, do Le Baie du Noble ou dos Ocean Gardens pode ser muito giro, rodeado de confortos mil, mas é uma fantasia. Não se aprende nada, e no fim só se desembolsa dinheiro que podia ser poupado optando por uma moradia mais modesta. E depois ainda se queixam. Quem quer vir para cá a prazo apenas para fazer um pé-de-meia pouco importa que da janela se veja a montanha e o mar ou as cuecas da vizinha penduradas na varanda da frente.

O que mais impressiona quando se opta por um prédio antigo, mais pequeno e mais barato é o estado do próprio edifício, e em muitos casos a limpeza do apartamento – a primeira impressão é tudo, defendem alguns. É irrelevante que as paredes do edifício sejam sujas ou húmidas, equipadas de contadores da luz ou da água antigos e decoradas por fios pendurados na parede, a condizer com as caixas de correio sem fechadura nas traseiras do portão enferrujado que dá para a rua escura rodeada de outros edifícios decadentes. Afinal não vamos pagar para viver nas escadas. Muito boa gente viveu décadas nestes prédios, e foi ali que educou os filhos, que não se tornaram nenhuns marginais por terem crescido nestas condições. Há mesmo quem nasça, cresça, envelheça e morra em prédios de quatro ou cinco andares, e nem por isso tenha sido menos feliz.

Alguns potenciais arrendatários rejeitam sumariamente os apartamentos por causa da falta de limpeza ou da dessarumação do mesmo, ou pelo estado deplorável da mobília ou dos equipamentos. Mais uma vez, não estamos em Lisboa, Londres ou Nova Iorque, e este tipo de “desleixo” é apenas normal. Encontram-se apartamentos já completamente mobilados, mesmo que mal, em Nova Iorque? Não se rejeita uma moradia a um preço convidativo pelo simples facto da casa-de-banho e da cozinha precisarem de uma limpeza que não demora mais de uma ou duas horas, ou por ser preciso investir numa mesa de sala ou num fogão novo. Para quem não é esquisito, pouco importa que o último inquilino tenha sido um badalhoco. Além disso algumas das reparações necessárias podem ser negociadas com o senhorio, que normalmente é receptivo neste particular, pois afinal a casa é sua. É uma das poucas coisas a que estes “judeus” ainda dão o braço a torcer.

Portanto o cenário não é tão preto como tantos o pintam. É lógico que não se pode exigir uma qualidade de vida excelente sem que se pague bem por isso. O problema já foi identificado, e enquanto não se resolve o melhor é usar a capacidade de improviso, e não tentar viver acima das possibilidades. Não é preciso ser um génio para entender isto. O direito à habitação, que devia ser um “must”, é preterido pelo direito à aquisição, que fica apenas ao alcance de poucos, e rende lucros chorudos a tantos (sempre os mesmos, enfim). Com este estado de coisas, vamos esperar sentados pelo dia em que a especulação deixe de ditar as regras, e todos possamos ter o nosso cantinho onde dê para esticar as pernas à vontade, e haja lugar para arrumar os tarecos sem precisar de andar sempre com a casa às costas. Enquanto isso vamos tentar ser mais sensatos, e baixar um pouco as expectativas. Uma casa é onde nos sentimos bem, e é irrelevante o que os outros pensam.

Rancho


Não me interessa que me chamem de arrogante ou pseudo-intelectual, ou que questionem a minha “portugalidade”, mas há um aspecto da nossa cultura, nomeadamente da musical, que não consigo entender, por muito que me esforce: os ranchos folclóricos. Sim, estou a falar daquelas pessoas que em nome da “tradição” ou lá o que é formam um grupo, vestem trajes bizarros e dançam ao som de gritaria acompanhada por uma espécie de música que parece sempre igual. Se calhar é sempre diferente, não sei, quando me aparece pela frente um rancho folclórico a música é aquilo que menos interessa.

Durante as festas de S. Pedro, no Montijo, os meus familiares mais velhos não dispensavam o “espectáculo”dos ranchos, que se exibiam normalmente num palco improvisado num largo ou praça da cidade, sempre de forma gratuita (claro, era o que faltava!). Nunca gostei e não me inibia de demonstrar o meu desagrado, e os meus parentes ralhavam-me, exigindo pelo menos “respeito pelas nossas tradições”. Peço desculpa, mas esta é uma daquelas “tradições” que me envergonham. Não tenho coragem para assumir que aquilo é um aspecto da cultura do meu povo, e pouco me importa que os estrangeiros tenham tradições semelhantes ou ainda mais aberrantes. Cada um com a sua cruz para carregar, penso eu.

Os ranchos folclórios variam o seu reportório e indumentária conforme a região a que pertencem, e a variedade existente leva-me a pensar que não somos assim um país tão pequeno ou um povo tão homogéneo. O que os ranchos têm normalmente em comum é a origem e designação. São todos o “Grupo de cantares” de um sítio qualquer, muitas vezes uma “Casa do Povo” de um lugarejo que ninguém conhece. Por acaso existe algum “Rancho Folclórico de Lisboa”, pura e simplesmente? É muito mais fácil encontrar algo do género “Rancho folclórico da Casa do Povo da Barra Cheia de Cima”, ou “Grupo de danças e cantares da Misericórdia Aljezurense”. O próprio nome “rancho” faz lembrar estábulos, animais de quinta, merdume e outra porcaria. Quem no seu perfeito juízo se orgulha de pertencer a um “rancho”? Por incrível que pareça, muitos destes grupos fartam-se de viajar pelo país fora e até no estrangeiro, e há pais que consideram esta uma actividade nobre para preencher os tempos livres dos seus filhos. Há gente educada e com mais que idade para ter juízo que pertence a um rancho, e muitos chamam a isto “uma paixão".

Quando era ainda um fedelho imberbe já dotado da rebeldia provocada pelas dores de crescimento, pensava que os ranchos folclóricos teriam os dias contados. Passados quase 30 anos, estão bem e recomendam-se, e não consigo encaixar a lógica desta resistência. Olhamos para um rancho e vemos um monte de gente descalça, vestida com trajes que já ninguém usa, mulheres com lenços na cabeça, homens de barrete e calças de pescador, bigodes fartos e buços evidentes em ambos os sexos. É uma caricatura de um país que já não existe e que não deixa saudades. O interesse do público por este tipo de espectáculo só pode ser resultado de algum recalcamento antigo, ou quem sabe de uma predisposição genética, uma característica singular do ADN lusitano. Não sei, é complicado racionalizar o conceito de rancho folclórico.

Os ranchos, constituídos por bem mais de dez elementos, sobem ao palco e executam danças a que dão nomes como “chula”, “fandango”, “malhão”, “bailinho” ou “corridinho”, entre outros igualmente castiços e pitorescos, ora terminados em “ão” ou em “inho”. Os pares de dançarinos executam uma coreografia que consiste sobretudo em correr à volta do estrado num movimento elíptico, intervalado de pulos com os braços no ar, enquanto os dedos dão estalinhos silenciosos. Às vezes fico com a sensação de que estão a caminhar sobre brasas, tal é o corropio. Fazem isto ao ritmo de um som estridente produzido na rectaguarda por uma banda, onde se destaca o acordeão, tocado sempre numa escala muito acima dos restantes instrumentos. Ao mesmo tempo há um ou mais membros do grupo que produz uns urros a que chama “cantar”, com uma letra imperceptível. Há casos onde ainda se percebe o que dizem, apesar de não fazer qualquer sentido, mas quando são as mulheres encarregadas da parte vocal, o ruído é potente ao extremo de ameaçar a integridade de peças de cristal e outros objectos frágeis num raio de muitos metros.

Em Macau existe um rancho bem conhecido que chegou a actuar na pré-abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, em representação da “identidade portuguesa de Macau”, uma das muitas regiões da grande China. O grupo de dançares local não se equipara a muitos de Portugal em matéria de extravagância, e chega a ser até suportável, o que talvez seja um mau sinal para os entendidos, e mais uma vez, sou um leigo neste assunto. Vi ontem num programa da RTPi um grupo de quatro moças giraças vestidas de minhotas que cantavam até relativamente bem e dizem “fazer música de raíz tradicional virada para a modernidade”. Ora, nesse caso não têm nada a ver com os tais ranchos, ainda considerados “de raíz tradicional portuguesa”. A modernidade é a antítese dos ranchos folclóricos.

Se os ranchos são parte de uma “identidade”, então prefiro que essa “identidade” seja deixada ao critério de cada um. Eu não me identifico com aquilo, e se é uma das poucas coisas que temos para mostrar com a etiqueta de “cultura”, então mais vale ficarmos quietinhos. Julgo mesmo que o KGB e a Stasi da Alemanha de Leste usaram os ranchos como método de tortura. Quem tanto critica a música “pimba” e considera essa a expressão mais reles da nossa oferta musical, ainda não deve ter visto um rancho folclórico. Uma experiência que não recomendo a ninguém.

Vídeo da semana


O português Marco Borges está na China a orientar cursos intensivos para guarda-costas, uma curiosidade que veio a público esta semana. Borges tornou-se conhecido através do "reality-show" Big Brother há alguns anos, chamando a atenção sobretudo pelo seu carácter agressivo de quem não leva o mínimo desaforo para casa. O português tem administrado os cursos regularmente desde o Verão do ano passado, cursos este que consistem de provas duríssimas que se assemelham ao treino dos comandos portugueses ou das tropas de elite em outros países. Um caso de mais um português de sucesso lá fora...por assim dizer.

O que vale uma imagem

O jornal espanhol El País publicou esta semana uma fotograqfia falsa onde se via o presidente venezuelano Hugo Chávez com tubos ligados à boca, dando a atender que o controverso presidente estaria às portas da morte. Chávez está a batalhar contra o cancro, e a sua situação médica tem sido objecto de especulação, e há mesmo quem diga que terá já falecido e o governo só espera a altura para anunciar o óbito. Os venezuelanos é que não acharam muita graça à brincadeira do El País e vão processar judicialmente o jornal, pouco adiantando o pedido de desculpas oficial da última quinta-feira.

O escândalo que envolveu o cantor de Hong Kong Edison Chen há alguns parece ter feito escola na região. Agora foi a vez da actriz e cantora de taiwanesa Maggie Wu Ya Xin, que realizou uma sessão de fotos íntimas com o seu namorado, e que agora foram "perdidas" e divulgadas na internet. As imagens são de conteúdo obsceno, e esta que aqui deixo é apenas um aperitivo. É sempre desagradável quando um artista respeitável que serve de modelo a tanta gente jovem é apanhada nestas circunstâncias que pouco a dignificam.
Veja aqui uma galeria das fotografias da polémica (conteúdo pornográfico; não recomendável a menores de 18 anos)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Parentes pobres


Para quem ainda não leu, aqui fica o artigo da edição de ontem do Hoje Macau. Bom fim-de-semana!

I

São os pobres, os idosos, os toxicodependentes e os deficientes, os elos mais fracos que sempre quebram nesta RAEM dos muitos milhares de milhões de patacas. A dificuldade no acesso ao emprego e à habitação juntamente com a subsídio-dependência levam-nos a uma espiral de exclusão de onde é quase impossível sair, num território onde cada um defende o seu pedacinho de céu da forma mais agressiva que sabe, roçando tantas vezes o egoísmo e o desprezo pelos seus iguais menos afortunados. Há alguns anos em Hong Kong realizou-se uma conferência internacional onde um orador norte-americano sugeriu que uma forma de combater a pobreza e a exclusão e incluír os mais pobres na sociedade seria legislar no sentido de tornar obrigatório que estes não vivessem longe do seu local de trabalho, permitindo que se pudessem deslocar a pé para diariamente ganhar o seu pão. A ideia teve imediatamente uma reacção negativa forte dos participantes honconguenses, pois ter os pobres a morar ao lado “desvalorizaria a sua propriedade”. Na RAEHK as pessoas com menos posses e os trabalhadores migrantes que auferem salários mais baixos optam muitas vezes por alugar uma cama semelhante a uma gaiola, conhecidas por “camas-caixão”, onde vêem a sua privacidade confinada a um espaço mais pequeno que uma mera banheira, e mesmo assim pagam pelo menos 3000 dólares de Hong Kong mensais por este alojamento pouco digno. É bem conhecido o caso dos moradores de um conhecido complexo habitacional em Hac-Sá, Coloane, que se manifestaram há alguns anos contra a abertura de um lar de idosos no espaço comercial desse complexo, e apesar de terem alegado razões diversas, a motivação principal é óbvia: não seria bom para o seu investimento ter ali um asilo, onde paira a todo o momento o espectro da morte. É uma mentalidade que por aqui vigora; quem não tem os milhões que fazem as delícias de especuladores e restantes tubarões do imobiliário é atirado borda fora, e arrisca-se a ir morar para uma ilha qualquer longe daqui, onde não atrapalhe a economia. Não é muito diferente do que se fazia com os leprosos do passado, só que agora a doença é outra, de natureza social. Com a diferença que mesmo para a lepra existe hoje uma cura…

II

A grande procura que se tem verificado nas farmácias pelas fórmulas de leite em pó para bebés é um problema que preocupa os residentes de Macau. É bizarro que isto aconteça num território rico e onde a falta de géneros de qualquer espécie é coisa de um passado distante, dos tempos da II Guerra Mundial, onde chegou a existir fome no enclave então administrado por Portugal, e que apesar de gozar da neutralidade conseguida pelo Estado Novo, estava situado numa região ocupada pelo invasor japonês, e os escassos alimentos estavam longe de satisfazer as necessidades mais básicas. Tempos difíceis, que tivemos a sorte de não testemunhar. Mas esta actual corrida ao leite em pó não se deve a nenhuma guerra, crise ou sequer a um aumento súbito da natalidade, o que seria uma justificação aceitável. Quem procura as fórmulas são turistas da China, que não confiam na qualidade do produto no continente. Além dos pais legitimamente preocupados com a saúde dos seus filhos lactentes, não falta ainda quem aproveite para obter algum lucro, levando caixas de leite em pó para o interior da China com o propósito de o revender. O mesmo acontece com outros bens alimentares, muito requisitados por turistas do continente receosos das inúmeras falsificações e adulterações que infelizmente ainda existem na China em grande quantidade. Estas situações que envolvem bens de primeira necessidade e por isso interferem com a qualidade de vida da população merecem uma atenção redobrada por parte do Governo. Se a habitação, um direito que devia estar acessível a todos os residentes de Macau já se encontra na mão de especuladores, qualquer dia acontece o mesmo com os produtos alimentares. Isso sim, seria o fim da prosperidade e da “harmonia” que tanto se apregoa.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Leite é juventude (não é pó)


Uma das coisas de que me posso orgulhar é de nunca ter partido ou fracturado um osso. Causa-me impressão quando vejo alguém com um braço ou uma perna engessados, ou com uma tala num dedo, ou uma ligadura de qualquer espécie. Além da invalidez temporária, há o senão de não poder lavar ou coçar a parte lesionada, o que além de pouco higiénico é ainda por cima incómodo. A isso juntam-se os meses de recuperação acompanhados ou não de fisioterapia, o que significa que o trauma físico e psicológico pode prolongar-se por meses ou mesmo anos, dependendo do caso.

Já dei algumas quedas feias e sofri choques com algum impacto, mas tive a sorte de resistir. E se a sorte tem um papel importante nesta lotaria dos acidentes, a resistência óssea não é de desprezar. Como sou um rapaz que sempre gostou de leite, armazenei uma quantidade respeitável de cálcio para assegurar a integridade do meu esqueleto. O gosto dos jovens em desenvolvimento pelo leite, o alimento mais completo, é variável. Existem crianças que destestam o seu sabor insonso, e adultos que não tocam no leite branco, aquele que providencia a dose ideal de cálcio para o desenvolvimento dos mais pequenotes e à saúde dos mais velhos.

A recente crise do leite em pó para crianças lactentes em Macau dá que pensar. As mulheres chinesas, especialmente as mais jovens, recusam-se a amamentar os filhos por uma questão de estética, apesar do leite materno ser o mais nutritivo e eficaz na construção do sistema imunitário do recém-nascido, e que qualquer médico que se preze recomenda nos primeiros seis meses de vida do bebé como único alimento. Quando questiono as minhas colegas sobre o facto de não amamentarem os seus filhos elas desculpam-se com o facto de “não terem leite”. Quando insisto que a aleitação requer estimulação, riem-se e quedam-se pelo silêncio. Estas coisas da tradição chinesa não são contas dos “kwai-lous”. Elas tratam da sucessão como querem, e não temos nada com isso.

O tal cálcio presente no leite na ordem das 1200 mg por litro ajuda não só ao crescimento e ao fortalecimento dos ossos como ainda contribui para a saúde dentária e ao desenvolvimento do cérebro, e por inerência à capacidade intelectual. Daí que o leite se torne num complemento indispensável a crianças em idade escolar, e muitas escolas o providenciem gratuitamente aos seus alunos. Algumas crianças preferem a sua versão aromatizada com chocolate, baunilha, morango e outros sabores, em deterimento do leite branco, que “não sabe a nada”. Pessoalmente nunca fui muito esquisito, e adoro beber fartas copadas de leite fresco e branquinho. Só não simpatizo com leite morno ou quente, a não ser acompanhado de café, cacau ou cereais. Quando quero fazer uma “limpeza” – normalmente depois de uma noite de álcool, vício e amor carnal – faço uma desintoxicação à base de leite e dos seus derivados.

E por falar em derivados, existe uma opção muito variada para quem não gosta de leite branco: iogurtes, manteiga, natas, requeijão, etc. É outra forma de adquirir o essencial cálcio, se bem que adicionado de açucar, gordura, corantes, aromatizantes e outras coisas más para a saúde. Só quem é alérgico à lactose, uma deficiência deprimente, precisa de procurar os nutientes do leite noutros alimentos – tarefa ingrata. Não me lembro de alguma vez ter bebido leite em pó, e a própria ideia causa-me estranheza: leite e pó são coisas que não combinam. Quando penso em “pó” penso em talco, cocaína ou uma casa suja. Nada a ver com leite.
Em Macau muitos dos locais não gostam de leite de vaca, que consideram ter um sabor forte, que consideram muito “sôk”. Esta palavra de tradução difícil designa um certo travo a gado que se encontra na carne, especialmente dos ovinos. É curioso que há quem rejeite beber leite por ser “sôk”, mas não se importe de comer carne de carneiro, especialmente no Inverno, devido às suas características alegadamente “térmicas”. Mesmo assim esta carne é normalmente acompanhada de temperos que disfarçam o seu sabor desagradável para o paladar local. O leite que os ocidentais em geral ou os portugueses em particular bebem é muito “sôk”, bem como os próprios estrangeiros, que cheiram muitas vezes “a vaca”.

Como alternativa, os chineses preferem o leite de soja, de proteína vegetal. A Vita, empresa de bebidas sediada em Hong Kong, é a marca mais conhecida de leite de soja, para além de outras bebibas, desde água a sumos de pacote, um exemplo de sucesso. Eu próprio desconfio de qualquer leite que não saia das tetas de um animal, e o leite se soja tem uma côr e consistência que ficam longe das minhas exigências. Mesmo o leite de cabra e ovelha deixo para a feitura de alguns queijos, deliciosos sem dúvida, mas de origem suspeita. Sendo que todos os mamíferos produzem leite, existe leite de vaca, cabra, camelo, burra, rata, cadela, etc., é só usar a imaginação, Para mim o de vaca chega e sobra, e além do leite materno, o tal que se apresenta naquela embalagem mais atraente, nunca bebi qualquer outro.

Existe um sem número de marcas de leite nos supermercados do território, e devido ao escândalo do leite contaminado com melamina na China continental há alguns anos, as estrangeiras são as mais requisitadas. Assim o leite originário da Austrália e da Nova Zelândia é o mais vendido. Além da Paul’s e da Anlene, existem ainda a Dairy Farm, a Anchor, a Dutch Lady e outras. Para mim sabem todas a plástico; o leite que se bebe cá em casa é o lusitano Mimosa, que ainda por cima se pode adquirir a preços mais competitivos: em muitos supermercados pode-se adquirir por menos de dez patacas o litro. Não é uma questão de patriotismo, mas de confiança. Prefiro as vacas da fábrica de Oliveira de Azeméis às suas primas distantes e anónimas dos pastos da Oceânia.

A Mimosa é um exemplo de empresa portuguesa que sabe investir no exterior. Além do leite temos iogurtes, manteiga e outros produtos derivados do leite que sem garantir uma qualidade abosulta (o que é impossível) deixam-nos pelo menos de consciência tranquila. E que qualidade tem o nosso leite. Para lá da Mimosa temos a Vigor, cujos famosos “quartos” em garrafas de vidro só encontram paralelo no leite fresco da Dairy Farm, a Gresso, e a excelente UCAL (União Cooperativa dos Armazenadores de Leite), certamente a melhor marca portuguesa e uma das melhores do mundo. Ainda sou do tempo em que se esperava a “leiteira”, uma vendedora ambulante que trazia leite fresco numa espécie de arca frigorífica móvel, e que cantava pregões pelos bairros das pequenas cidades atraíndo os seus residentes que compravam sacos de plástico normalizados de néctar branco, recentemente produzido pelas quintas das vizinhanças.

Além de se puder beber na sua forma mais pura, o leite é ainda um componente das mais deliciosas sobremesas e doces: pudins, mousses, bolos, bolachas, gelados, panquecas e tudo mais. Desconfio das mousses e pudins instantâneos, a que basta juntar água, garantido que já contêm na sua composição leite...em pó. Aí está outra vez o pó a estragar a festa. O creme e as natas desafiam a nossa imaginação, e quem não gosta de morangos com "chantilly", o nome que os franceses deram às natas batidas com açucar? Mesmo na restante culinária o leite pode desempenhar um papel importante, tornando a omeleta mais fofa, o empadão mais alto, e outra vez as natas, que casam com o bacalhau, e que se tornam essenciais no elaborado strogonoff ou nos mais simples bifinhos com natas.

Seja qual a forma como se bebe o leite, puro ou misturado, ou através dos seus derivados, este é um alimento indispensável para os mais jovens e não menos importante para os adultos. É um bem de primeira necessidade, e não tem piada nenhuma que se procure o lucro fácil à custa dele. O leite é um bem que deve estar ao acesso de ricos e pobres, pois é a garantia de uma nutrição equilibrada e uma vida saudável; é a forma mais básica de igualdade. Lembre-se disso da próxima vez que beber um copo de sensaborão leite branco.

A menina, o gatinho, os srs. polícias e os amanuenses


Uma menina hippie vinha a sair um dia da sua lojinha de artesanato situada perto do centro da cidade quando deparou com um gatinho que sofria. Boa samaritana e amante dos animais (no bom sentido), prontificou-se a socorrer o gatinho, mas foi impedida por dois homens de bóina azul, que preocupados com a integridade física da menina, impediram-na de socorrer o felino e mandaram-na esperar pela chegada dos responsáveis do IACM, que limpam este tipo de lixo das ruas. Sabe-se lá que doenças o bicho pode ter, e o seguro morreu de velho. A menina insistiu, alegando que tinha conhecimentos de primeiros-socorros para animais domésticos, e tinha sido voluntária numa conhecida associação de defesa dos direitos dos animais - se calhar falou demais, e o sr. polícia pensava que "socorrer o gato" implicava alguma forma de ressuscitação que incluísse a respiração boca-a-boca. Palavra puxa palavra, e lá chegaram os Ai-ei-si-emes, um casalinho, que vinha com uma daquelas pás do lixo para retirar o cagalhão em forma de gatinho. A pequena estrebuchou, e no meio de toda esta discussão sobre o sexo dos anjos, o bichano morreu. A pequena ficou furiosa, apesar de ter insistido em apanhar um táxi para salvar o gatinho, sendo impedida pela funcionária municipal, que chegou a usar a força para impedir a menina de acenar aos táxis. Depois de confirmado o o óbito do felino, todos lhes viraram as costas, e lá ficou a menina com o gato morto nos braços, qual Maria chorado sobre o corpo amortalhado do fruto do seu ventre, Jesus. Era já madrugada quando apareceu na esquadra com o cadáver, exigindo uma solução para a disposição dos restos mortais. Foram chamados os mesmos funcionários municipais, que depois de muita insistência foram identificados. Uma história de sangue, suor e lágrimas...e menos um gato que sobe aos muros deste mundo.

Esta é apenas uma dramatizaçãodos eventos ocorridos naquela fatídica noite. Leia aqui a história completa, no Ponto Final.

Uma questão de peso


Esta é uma pequena homenagem às nossas figuras públicas mais anafadas, que indiferentes aos ditames da linha, vão alegremente assumindo a obesidade como modo de vida. Teremos o direito de os censurar por viverem como querem, em conflito constante com o espelho, as dificuldades de locomoção ou em encontrar um par de calças que lhes sirva, arriscando-se a todo o tipo de doenças coronárias e outras que os confinariam a um estado vegetativo? Pessoalmente penso que se conseguem mesmo assim ir vivendo e gozando, mais mérito para eles.

FERREIRA DO AMARAL: Antigo ministro das Obras Públicas dos governos de Cavaco Silva e ex-candidato à Presidência da República, o descendente em linha co-lateral do infame Governador de Macau tem ganho uns quilinhos a mais nos últimos anos. Nunca foi exactamente elegante, mas agora parece mesmo um aríete. O rosto quadrado aliado ao desprezo pela elegância provocaram o desaparecimento do pescoço. Alvísseras a quem o encontrar.

FERNANDO MENDES: Espectáculo! O actor que se celebrizou com o concurso “O Preço Certo” já foi mais elegante, mas como quem sai aos seus “não é de Genebra”, o Nando saíu ao pai, o actor Vítor Mendes, que teve menos sorte a lidar com o colesterol e partiu prematuramente do mundo dos vivos. Contudo o baixinho que alegra tantos lares ao serão com a sua boa disposição parece ser mais cuidadoso em termos de saúde pelo menos. Do que ele deve ter saudades é do “Fernandinho”, que já não deve ver há uns bons anos.

JOÃO GOBERN: Este tipo é obsceno. Não digo isto por ser adepto assumido do Benfica, o que só por si já era suficiente para merecer uma grande dose de desprezo. Só que era capaz de comer esse desprezo ao lanche, e com muito pão! Quando olho para o Gobern imagino os milhares de frangos, vacas e leitões a quem deu ordem de marcha, e cujos resíduos ainda guarda algures naquela massa de matéria gorda localizada onde as pessoas normais têm a barriga, e que lhe servem de purgatório. Eu é que não queria ir à casa-de-banho depois dele. Gobern faz as delícias dos alfaiates, que gastam vários metros de tecido para fazer os fatos com que vai mandar postas de pescada sobre futebol – e isto é um gajo que não deve ter coordenação para dar sequer um chuto numa bola!

NICOLAU BREYNER: Este é o nosso Jô Soares, só que muito menos engraçado. Uma vez encontrei o Nicolau na Travessa de S. Domingos, em Macau, e lembro-me da barriga anunciar a sua chegada alguns segundos antes do resto do seu corpo. Apesar da figura balofa, o Nicolau tem uma história de sucesso com o sexo oposto, o que pode significar uma relação entre a massa e o charme. E a conta bancária, claro.

FAMÍLIA SOARES: Aí está um bom exemplo de que o socialismo engorda. A gordurinha…as bochechinhas…a tendência para o disparate…”ó minha senhora, ó minha senhora”. Estes a mim nunca me enganaram. Comiam mesmo criancinhas ao pequeno-almoço. Ainda duvidam?

O caso do jogador encolhido


Ainda falando de futebol, está aberto desde o dia 1 de Janeiro e até ao final do mês o mercado de transferências de Inverno, e algumas das principais equipas europeias aproveitam para se reforçar e preencher algumas lacunas do plantel. O mercado brasileiro é nesta altura um dos mais apetecíveis, pois o campeonato está parado e começam os estaduais, o que significa um deflacionamento do passe de muitos jogadores. Foi com isto em mente que o treinador dos alemães do Hannover 96, Mirko Slomka, resolveu “pescar” no país do samba, contratando o médio-defensivo França, nome de guerra de Welington Muniz dos Santos, até aqui ao serviço do Coritiba. Com 21 anos, 1,90 de altura e 88 kg, o jogador parecia ter o perfil ideal para ajudar o Hannover a melhorar o actual 11º lugar que ocupa actualmente na Bundesliga – isso pensou Slomka, que nunca o viu actuar este ano na Série B, onde alinhou também pelo Criciúma, e foi comprado por 1,3 milhões de euros. Só que para surpresa dos alemães, França apresentou-se na segunda-feira no clube com apenas…1,81 m! Onde foram parar os outros nove centímetros? Ficaram no avião? Será que o jogador veio a nado e encolheu? Ou seria apenas um “inflacionamento” comum destas contratações feitas por catálogo? Mesmo assim, e à margem desta polémica, os adeptos brasileiros que o conhecem dizem que o jogador “é mesmo bom”. Agora resta esperar para ver…se é mesmo futebolista ou se isso era também “um exagero”.

Bom fim da primeira volta para o Porto


O FC Porto venceu esta noite no Bonfim o V. Setúbal por três bolas a zero no jogo que encerrou oficialmente a primeira volta daLiga Sagres. O jogo estava marcado para o último dia 15 de Dezembro, mas foi adiado devido à chuva torrencial que tornou impraticável o terreno de jogo na capital do Sado. Os golos foram apontados pelo colombiano Jackson Martínez, o primeiro na transformação de uma grande penalidade, logo aos 9 minutos da primeira parte, e o segundo a três minutos do fim, e pelo argentine Lucho Gonzalez nos descontos, numa altura em que os sadinos jogavam com nove elementos, devido às expulsões de Bruno Gallo e . Com esta vitória os dragões alcançam o Benfica no primeiro lugar com 39 pontos, mas os encarnados beneficiam da melhor diferença de golos. Jackson conta com 14 golos na Liga e ultrapassou o camaronês Meyong, que alinhava nos adversários dos portistas esta noite mas foi entretanto transferido para os angolanos do Kabuscorp. A título de curiosidade, refira-se que Benfica e FC Porto são as única equipas das principais ligas europeias que ainda não conheceram o sabor da derrota. Os dois rivais encontraram-se no Estádio da Luz no ultimo dia 13, numa partida que acabou empatada a duas bolas. Tudo em aberto para as últimas 15 jornadas da prova, que prossegue já no próximo fim-de-semana com o Benfica a deslocar-se ao reduto do Sp. Braga, actual terceiro classificado a 10 pontos dos líderes, e com o FC Porto a receber o Gil Vicente.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cabo Verde volta a empatar, Angola perde


المغرب 1 - 1 الراس الاخضر 发布人 kooralive
Luís Carlos Almada Soares, conhecido no mundo do futebol por "Platini", fez história por Cabo Verde ao apontar o primeiro golo dos tubarões azuis na Taça das Nações Africanas. O médio que alinha na Segunda Liga de Portugal pelo Santa Clara inaugurou o marcador no jogo contra Marrocos, que se realizou hoje na África do Sul, aos 38 minutos. Os marroquinos empatariam aos 78 por Youssouf El-Arabi, e impediram que se fizesse no arquipélago que já foi português uma festa de arromba. No outro jogo do grupo que se realizou antes, a equipa da casa bateu Angola por duas bolas a zero - de recordar que Cabo Verde impôs um nulo aos sul-africanos na partida inaugural do torneio. África do Sul lidera com 4 pontos, seguem-se Cabo Verde e Marrocos com 2 e Angola com um ponto. No Domingo realiza-se o "lusófono" Cabo Verde-Angola, que pode garantir a uma das equipas a passagem aos quartos-de-final da competição maior do futebol africano de selecções. Os estreantes cabo-verdianos estão em melhor posição.

Os bons, os maus e os vilões


O que têm em comum os os agentes da acção social, os defensores dos direitos humanos, dos homossexuais e dos animais, e os ambientalistas em Macau? São uns chatos! Não produzem, não dão lucro, o sector do jogo não depende deles, não trazem ao território jogadores VIP, é gente que não encontra nada mais produtivo que fazer. Pelo menos é essa a imagem que deles se pinta, fomentada por quem exerce o poder e seguida por uma grande fatia da população que também prefere uma conta bancária bem recheada ao bem-estar social (dos outros, entenda-se). São actividades que simplesmente não colhem, e quem opta por defender os indefesos, sejam eles cidadãos em risco, animais ou plantinhas, por profissão ou por convicção, raramente dorme com a sensação do dever cumprido. Ou qualquer outra sensação gratificante, para esse efeito.

Quem opta por estudar na área da acção social, um curso que é olhado com desconfiança pelos pais dos jovens que investem nos seus estudos e querem para eles um bom futuro, está condenado a lutar contra a indiferença. O curso tem pouca saída, e as únicas opções profissionais serão dentro da própria administração, que cumpre assim o seu dever social, a que é obrigada. Numa sociedade como Macau onde quase todos já nem conseguem olhar para a frente, habituados que estão a olhar para o próprio umbigo, contam-se pelos dedos quem ache útil ou sequer sensato ajudar os mais carentes. Estes agentes sociais são vistos como “aqueles que ajudam os coitadinhos”. Vão a casa dos velhinhos, que estão sozinhos, coitadinhos, trazer-lhes uma sopinha ou ver se eles precisam de alguma coisinha, e este só é um trabalho reconhecido nas épocas festivas, quando ainda há quem se lembre dos menos sortudos. Os que trabalham com os deficientes são vistos como “esquisitos”, pois na cultura chinesa isto é ainda visto como uma coisa “preta”, azarada (para quem não tem familiares deficientes, claro). E quanto aos que trabalham na área da reinserção social, com ex-presidiários ou toxicodependentes, ora essa, “quem mandou esses gajos fazerem merda ou meter-se na droga”? Todos encostados ao Campo Pequeno, como dizia o nosso major Tomé, e era pouco.

Os defensores dos direitos dos mais oprimidos, que não têm tanta sorte em beneficiar da subsidiação ou outra espécie de apoio do Governo, são vistos como “aqueles gajos que querem qualquer coisa”, e que se estão sempre a queixar. Os grupos que mais se fazem ouvir na defesa dos direitos humanos, sendo talvez o mais conhecido a Associação Novo Macau Democrático (NMD), levam normalmente com o preconceito de que “estão a ser pagos”, normalmente por alguma potência estrangeira anti-China, quase sempre os Estados Unidos. Mesmo que alguém se manifeste contra abusos dos direitos humanos praticados na China ou outro país apenas por convicção está condenado a ser rotulado de “traidor a soldo de uma potência estrangeira”. Se por acaso se trata de alguém idealista que sonha apenas com um mundo melhor e mais justo, é “parvinho” e ingénuo, ou se calhar “ainda é muito novo”. Se é demasiado radical, como aquele Lei Kin Yun, o jovem líder do grupo “Activismo pela Democracia”, é sem dúvida “um maluquinho”. Os restantes activistas também não ficam bem na fotografia; se é pelos direitos dos homossexuais, só pode ser um homossexual, lógico, e lá está outra vez o NMD na linha da frente. Se é pelos direitos dos animais, não será necessariamente um animal, mas um desocupado. Os cães e gatos só se safavam se também votassem. Pelo menos os homossexuais votam, e por isso o Governo é mais cuidadoso (ou devia ser) a tratar das suas exigências quanto à questão dos direitos.

Os ambientalistas são um grupo de que pouco se sabe em Macau. Não há quem proteste pelo derrube de árvores, qualquer forma de desmatação ou outro atentado ambiental cometido para dar lugar ao progresso. A malta gosta é do progresso. Aqui não temos o Greenpeace, nenhum partido do tipo Os Verdes, como em Portugal, ou sequer algo semelhante à Quercus. Se por alguma hipótese remota se descobrisse que o uso de “smartphones” no território prejudica a migração de uma espécie de cegonha qualquer, ninguém se ia preocupar. “Quero lá saber da merda das cegonhas?”, diria o cidadão comum enquanto mandava mais uma mensagem à namorada pelo iPhone. Aquele senhor do Conselho do Ambiente que protestou por não ter sido ouvido quanto ao plano de requalificação do mangal da Taipa, onde habitam as tais garças, foi uma honrosa excepção. Até neste departamento do ambientalismo é o NMD quem mais se faz ouvir – são mesmo uns chatos, estes gajos. No que toca ao ambientalismo, direitos dos animais ou protecção de espécies em risco, tudo se resume aos pandas residentes no parque do Seac Pai Van, que vivem melhor que muitas pessoas.

É lamentável que o trabalho ou o esforço destes agentes e destes grupos não seja devidamente reconhecido. Numa cidade onde o que há mais é dinheiro, é apenas normal que a maioria da população esteja especialmente interessada em obter a sua parte, de preferência o mais possível. E até não são más pessoas, antes pelo contrário. Aderem à Marcha da Caridade, organizada todos os anos pelo milionário Fundo de Leitores do Jornal Ou Mun, e contribuem ocasionalmente para os peditórios a favor dos surdos e tudo mais depositando uns trocos na latinha pendurada ao pescoço daqueles voluntários das escolas secundárias que por aí andam aos Domingos. É gente com um caroço bom, afinal. Mas o que acontece se um dia precisarem do apoio das associações que tanto desprezam e às vezes criticam sem conhecer a fundo? Bem, nesse caso batem três vezes na madeira e dizem “tak kat lai si”. Que o Buda os livre.