"Visitações" é o oitavo livro do jornalista Carlos Morais José, publicado em Novembro último pela editora COD (não confundir com o empreendimento da Melco no COTAI, a "City of Dreams") e chega aos leitores poucos meses depois do "Anastasis", a penúltima obra do autor. "Visitações" é (mais) um delírio poético do director do Hoje Macau, mas ao contrário do seu antecessor, que nos propõe uma longa viagem, convida-nos antes a ficar por Macau.
Este "Visitações" remete-nos mais para "Macau - O Livro dos Nomes" (2010), mas com um "twist". O exercício de imaginação a que o autor se desafia é o seguinte: o que diriam alguns escritores e poetas contemporaneous, entre alguns mais antigos, de locais do território que visitariam? O que diria Camus do Circuito da Guia? De que forma Macau inspiraria Pablo Neruda? Que soneto Camões dedicaria a Reservatório?
Em "Visitações" está lá toda a verve poética de CMJ, a paixão, os amores impossíveis, o desespero, o tom taciturno que recomenda à leitura num dia cinzento, à beira do precipício, horas depois do amor da nossa vida nos abandonar e o nosso cão ter morrido. Não quero estragar a surpresa para ninguém, portanto não vou aqui publicar nenhuma passagem, mas só para acicatar o apetite pelo livro, vou dizendo que a hipotética análise crítica de Almada Negreiros perante a mirage do COTAI está genial. Certamente o momento de maior inspiração do livro, entre outros a que o autor já nos tinha habituado.
Confesso que gostei mais de "Macau - O Livro dos Nomes", talvez por ser um pouco mais acessível, mais pessoal, e com a particularidade de se apresentar numa versão bilingue, em português e chinês. Mas "Visitações" cumpre com o seu papel de leitura ligeira, agradável, 46 páginas de poesia original em edição de autor. A tiragem é de 300 exemplares, custa a módica quantia de 80 patacas e é ideal para oferecer como livro de bolso. A capa é ilustrada com a pintura "Visitação", de El Greco. E faz todo o sentido, também.
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