quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A leste nada de novo


A jornalista e activista ucraniana Tatyana Chernovil foi ontem atacada e brutalmente agredida enquanto conduzia o seu carro de regresso a casa. O veículo foi parado por um grupo de homens, e apesar de ter tentado fugir, a activista susteve várias agressões que a deixaram com uma concessão, uma fractura no nariz e na face, e vários hematomas. Chernovil, de 34 anos, concorreu para o parlamento da Ucrânia pela oposição, mas sem sucesso, e tem sido uma das vozes mais críticas do presidente Viktor Yanukovych e do seu executivo. A agressão aconteceu no mesmo dia em que a jornalista assinou um artigo no Ukrainska Pravda, onde denunciava a aquisição de um terreno nos arredores de Kiev por parte de Yanukovich, que iria servir para construir uma mansão de luxo para o seu ministro do interior Vitali Zakharchenko. Após o incidente centenas de jornalistas e elementos da oposição juntaram-se à porta da sede do ministério do interior exigindo a demissão de Zakharchenko. O presidente Yanukovych tem estado debaixo de fogo desde que recoou na assinatura de um tratado de cooperação com a União Europeia, a favor da manutenção dos laços económicos e comerciais com a Rússia, que não viu com bons olhos a aproximação da Ucrânia a Bruxelas.


E por falar em Rússia, Vladimir Putin continua a demonstrar uma excepcional benevolência com os seus opositores. Dias depois de ter libertado o milionário Mikhail Khodorkovsky, desta vez foram aministiados milhares de prisioneiros, incluindo dois elementos do grupo de rock Pussy Riot, detidas desde Julho de 2012. As cantoras foram condenadas por "hooliganismo", ódio religioso e comportamento hostil, depois de em Fevereiro terem cantado um hino anti-Putin na Igreja do Cristo Salvador, em Moscovo. Além dos indultos, o presidente russo retirou ainda uma queixa contra um grupo de activistas dos Greenpeace, que tentaram impedir à força a extração de petróleo no mar de Barents, no Àrtico. Esta generosidade do presidente russo não terá nada a ver com a época natalícia, mas é resultado da pressão internacional. Vários países ameaçaram boicotar os Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam de 6 a 24 de Fevereiro em Sochi, na Rússia. Putin pode ser um déspota, mas não é parvo, e sabe que a teimosia pode dar prejuízo.

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