segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Villas-Boas home for Christmas


No princípio era tudo sorrisos e juras de amor eterno. Ou até 2015, pelo menos...

Se André Villas-Boas estava triste por perder mais uma vez a ceia de Natal em família devido ao calendério do futebol inglês, essa preocupação deixou de fazer parte da sua lista: o treinador português foi despedido hoje do Tottenham, depois da humilhante derrota por 0-5 frente ao Liverpool, em pleno White Hart Lane. Este "desastre" dos "Spurs", a juntar à goleada sofrida há semanas no reduto do Manchester City por 6-0, fez transbordar o copo da paciência da direcçãp "lilywhite", que aponta assim a Villas-Boas a porta da saída. Depois de ter investido mais de 120 milhões em jogadores no defeso, o Tottenham ocupa um modesto 7º lugar, a oito pontos do líder Arsenal e a cinco dos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões do ano que vem. Além das goleadas sofridas contra adversários directos, há a registar o "goal-average" medíocre: em 16 jogos os Spurs marcaram apenas 15 golos, menos de metade dos três primeiros da tabela e menos de um terço do Manchester City, e consentiu 21 golos, mais de metade destes nas duas partidas acima referidas. A única prova em que os londrinos não dão hipóteses é a Liga Europa, de onde sairam vencedores do Grupo K com um registo 100% vitorioso. Mas como diriam os adeptos mais exigentes, "so fucking what"? A oposição aí era os russos do Anzhi, os armenos do Sheriff e os noruegueses do Tromsø. Who again? Curiosamente nesses seis desafios o Tottenham marcou tantos golos como nos 16 da Premier League: quinze.

Esta é a segunda vez em três anos que Villas-Boas é despedido. O jovem treinador (tem actualmente 36 anos) foi contratado em 2011/2012 pelo Chelsea depois de ter vencido quatro troféus com o FC Porto na época anterior: campeonato (invicto, o que não acontecia há 39 anos), taça, supertaça e Liga Europa. Na altura "cheirava" a Mourinho, e a juntar à veia ganhadora, havia ainda o facto de Villas-Boas ter sido adjunto do outro português que havia passado por Stamford Bridge alguns anos antes. Contudo o novo treinador não fez esquecer o "special one", e depois de uma época de altos e baixos acabaria por deixar o cargo em Março de 2012. Em Julho do mesmo ano Villas-Boas foi apresentado como novo treinador do Tottenham, com a difícil tarefa de substituír o mítico Harry Redknapp, que tinha deixado a equipa no quarto posto, mas sem Champions, pois a sua vaga foi para o campeão europeu, curiosamente o Chelsea, que tinha terminado o campeonato em sexto. Villas-Boas deixou uma boa impressão, terminando a época em quinto lugar, discutindo a última vaga na Champions com o Arsenal até à derradeira jornada. Este ano, e apesar do avultado investimento no plantel principal de futebol, os resultados estão muito abaixo das expectativas.

O que aconteceu com André Villas-Boas, que tanto prometia após uma época de sonho com o Porto há três anos? Terá perdido o seu "toque"? Não se dá bem com o futebol inglês? É um fiasco e nunca tinha ganho uma carica de Sagres sem Moutinho, Hulk e Falcao? Ou terá saido do Dragão demasiado cedo, quando ainda estava meio "cru"? Bem, agora deve esquecer o Arsenal e preocupar-se antes com o bacalhau da dona Teresa (assim se chama a mãe do treianador) na noite de Consoada, que vai saborear com o único senão de estar desempregado. Nada que o preocupe, ao contrário de centenas de milhar de portugueses na mesma situação. É que com contrato assinado pelos londrinos até 2015, o bom do André tem no sapatinho este Natal uma choruda indemnização de 9,5 milhões de euros. Pode haver quem tenha dúvidas quanto às suas qualidades como técnico de futebol, mas a assinar contratos, André Villas-Boas é um ás.

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