quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mercenários? Nada disso: profissionais


A selecção do Gana ameaçou não comparecer no jogo contra Portugal caso o Governo ganês não mandasse 3 milhões de dólares para os jogadores, descontentes com o incumprimento da Federação no que respeita aos prémios de jogo. Seria a situação ideal para Portugal, uma vez que por falta de comparência venciamos por 3-0, e era só os Estados Unidos não comparecerem também no jogo contra a Alemanha, perdiam também por 3-0, e nós passávamos. Problema resolvido, e só mesmo assim, porque dentro das quatro linhas Portugal não mostrou argumentos para passar aos oitavos-de-final, e para quem ainda faz contas a uma eventual goleada no jogo contra os africanos, já se devia dar por satisfeito se Portugal não perdesse por muitos - o Gana demonstrou, especialmente contra a Alemanha, ter muito mais equipa que Portugal. Entretanto o dinheiro chegou, e em notas, pois segundo o treinador ganês James Appiah, algus jogadores "não têm conta bancária". Tudo bem, eles lá sabem com que linhas se cosem, e se quiserem guardar o dinheiro no colchão, isso é lá com eles.

A notícia veio passar uma má imagem para a selecção ganesa, cujos jogadores foram chamados de "mercenários", só que não estão sozinhos: António Boronha antigo dirigente da FPF, veio a público revelar que em 2000, antes da partida para a Holanda para disputar o campeonato europeu, o selecionador português Humberto Coelho exigiu 6000 contos - 30 mil euros na moeda actual - como adiantamente dos prémios de jogo, senão não embarcava. Esta verba não estava prevista no contrato com a FPF, mas Coelho não queria a questão dos prémios a atrapalhar o desempenho dos jogadores, portanto pediu a Boronha que falasse com Madaíl, senão nada feito. Convém sublinhar que a exigência de Humberto Coelho não era apenas em causa própria, mas em nome de todos os jogadores da selecção. Portanto não vale a pena chamar "mercenários" aos rapazes; eles não estão ali para nos fazer nenhum favor, e sem dinheiro não há palhaços. Olhem para o exemplo da Espanha, cujos jogadores receberam o prémio mais elevado para participar no mundial, e acabaram por fazer aquela triste figura. Mas para ir para ali durante o Verão, quando podiam estar de férias com as esposas ou com as namoradas, e ainda ter que aturar "bocas" vindas dos "treinadores de bancada", queriam o quê? Dinheiro na mão, bola no chão.

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