Este artigo surge no lançamento do próximo, e fala da forma muito "especial" como os habitantes de Yulin, na província chinesa de Shaanxi, celebram a chegada do solstício de Inverno: com um festival onde se come carne de cão. Todos os anos no mês de Junho são mortos cerca de 10 mil cães naquela cidade, onde os habitantes acreditam que consumir a carne daquele animal, bem como líchias e uma espécie de licor "garantem a saúde durante o Inverno". Isto de pensar na saúde quando chegar o Inverno consumindo carne de cão durante a chegada do Verão ultrapassa-me, mas pelo menos os amigos de quatro patas têm algum sossego durante o resto do ano, sendo que o festival decorre apenas durante pouco mais de uma semana. Também não é claro o que acontece se alguém optar por comer cão noutra altura do ano, pelo que esta combinação de solstícios e "cachorros-quentes" só pode ser mesmo um delírio próprio de gente chalupa.
Yulin tem sido nos últimos anos ponto de romaria dos defensores dos direitos dos animais na China, e pelas imaginas que podemos ver acima é fácil entender porquê. Já não é muito fácil aceitar uma "tradição" destas, ainda mais quando os animais são mantidos em condições precárias, e depois chacinados, cozinhados, preparados e consumidos à vista de todos. Eu próprio sou carnívoro, tenho os meus conceitos sobre o consumo de carne de animais, mas não aceitaria que as vacas, porcos, ovelhas ou aves fossem abatidas na rua, à frente de toda a gente. O preconceito de que os chineses comem cão da mesma forma que os ocidentais comem uma sandes de queijo é falso, e vai sendo cada vez menos verdade à medida que se vai ganhando consciência de que o cão é um animal doméstico, de companhia. A acção dos activistas parece estar a surtir efeitos, uma vez que cerca de 100 restaurantes de Yulin que aderem a este festival falam de uma "redução significativa" do consumo desta carne. No entanto isto pode também ter a ver com preocupações quanto à saúde pública, uma vez que os cães para consumo não passam pela inspecção sanitária, e a fiscalização é muito precária, senão mesmo inexistente. Este ano registou-se ainda um aumento dos casos de raiva, o que pode ter levado muitos "aficionados" desta prática a ficar em casa, ou a preferir um restaurante da cadeia McDonald's.
É de louvar que haja quem se oponha a esta orgia de tortura e morte com contornos tão sádicos, mas isto do activismo em prol dos direitos dos amigos de quatro patas é um pau de dois bicos. Colocando Yulin no mapa deste tipo de activismo, não faltarão os habituais "espertalhões" à procura de lucrar com a bonomia alheia. Reparem naquela artista nas imagens acima, que logo pelo aspecto dá para perceber que se trata de um canalha. Alguns dos activistas compraram os animais com o intuito de os salvar da panela, e o pintarolas não se inibe de torturar um cão para que alguém com pena do bicho lhe ofereça 400 renminbis - isto para quem está ler em Portugal ou em qualquer outro sítio são mais de 40 euros. Só lhe faltava cortar o rabo ao cachorro, ou uma das orelhas, para mostrar que estava mesmo a falar a sério e aproveitar para aumentar o preço.
Agora reparem neste animal, e refiro-me obviamente àquele gordo filho da puta que está a ameaçar agredir uma das activistas, que tem menos de metade do seu tamanho. Não dá para entender bem se a está mesmo a ameaçar, ou apenas a descompô-la, mas eu adorava estar ali naquele momento, que assim enchia meia dúzia de pacotes de banha de suíno, e ele aprendia a meter-se com alguém do seu tamanho - salvo seja, que não tenho aquele aspecto asqueroso, mas pelo menos não ficaria intimidado. O problema aqui é que as autoridades não reconhecem este festival como oficial, mas não o proibem, uma vez que o consumo da carne de cão na China não é crime. O melhor que teriamos a fazer neste caso era não lhes dar corda, boicotar o festival e levar o activismo a outras instâncias, nomeadamente as oficiais, fazendo pressão para que haja algum decoro neste tipo de exibicionismo.
1 comentário:
eles dizem o mesmo quando comemos os ranhosos dos caracois :)
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