A Universidade de Macau (UMAC) publicou na sua página oficial
um comunicado (em inglês; sem versão portuguesa) onde lamenta o incidente do último Sábado durante a cerimónia de graduação, diz ter feito um inquérito ao sucedido, e reuniu-se com associações de estudantes, faculdades, funcionários e todos os envolvidos de modo a apurar os factos e discutir formas de evitar que aconteçam situações semelhantes no futuro. Diz ainda que está aberta a sugestões e esclarecimentos, e reitera o total respeito pela liberdade de expressão. Até aqui nada de mais, e fica-lhes bem esclarecer isso da liberdade de expressão, em tempo tão sensíveis como estes que agora atravessamos. Contudo é a partir do terceiro parágrafo, quando revala a sua versão do incidente, que começo a levantar sérias dúvidas sobre esta "honestidade a toda a prova" da parte da UMAC. A certo ponto detecta-se mesmo alguma ironia, senão mesmo um tipo de humor que só se pode incluir na categoria de "negro".
Eu não estava lá, eu não vi o que se passou, mas não consigo levar a sério certos detalhes do "filme" de Sábado, nomeadamente quanto à parte em que afirmam que o uso da força foi em último recurso, e que tanto a aluna Tou Weng Kei e o jornalista da Macau Concealers Choi Chi Chio foram avisados várias vezes, tratados com deferência, e descrevem o seu comportamento como tendo sido "desordeiro" - quase selvático, até. Não pude deixar de soltar uma pequena gargalhada na parte onde se lê que uma funcionária foi "abraçar" e "confortar" a aluna Tou Weng Kei, que se mostrava "demasiado nervosa". Ora bem, peço desculpa antecipadamente se todos os factos apresentados pela UMAC são verídicos, mas tenho sérias dúvidas quanto à sua validade. Há algumas fotografias do incidente, e em nenhuma delas a UMAC sai numa luz que se possa considerar positiva. Aliás é quase uma certeza, e quem lá esteve pode confirmar, que ninguém tinha dado por nada até à abrupta entrada em cena do pessoal da segurança, e se é isto que chamam "abraçar" e "confortar"...
...devo andar desactualizado. Sempre pensei que "abraçar" e "confortar" fosse mais ou menos assim:
Garanto que foi esta a imagem que me veio a cabeça ao ler o comunicado da UMAC. Aparentemente não foi nada disto que aconteceu. Adiante.
O grupo Macau Concealers refutou parte, ou melhor, quase toda a versão da UMAC, e a próprio Tou Weng Kei apresenta a sua versão, quer na sua página do Facebook, que na página da Macau Concealers, que foi partilhada até hoje, sexta-feira de manhã, partilhada 43 vezes, com um totla de mais de centena e meia de "likes". Sei que isso não quer dizer grande coisa, mas recomendo, para quem tiver tempo, que leia os comentários deixadas nesse post do Macau Concealers, alguns deles de gente bastante indignada.
Já agora deitem uma vista de olhos no que aconteceu
aqui ao lado em Hong Kong ontem à noite, durante a cerimónia de graduação da Academy for Performing Arts, e tem inclusivamente circulado este vídeo no YouTube:
Nova ordem? Tomada súbita de consciência por parte das novas gerações? Um desafio que as instituições de ensino superior têm pela frente daqui em diante. Não vai ser com atitudes inquisitórias como a da Universidade de S. José ou com a "moca e paninhos quentes" da UMAC que vão lá, com toda a certeza.
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