Depois de Alemanha e Gana terem empatado a duas bolas no Sábado em Fortaleza, Portugal e Estados Unidos fizeram o mesmo resultado ontem em Manaus, mas em de deixarem tudo na mesma, clarificaram as contas - alemães e norte-americanos só precisam de empatar entre eles na quinta-feira, e ambos passam. Portugal precisa de um autêntico milagre, que passa não só por uma derrota da Alemanha ou dos Estados Unidos, mas também por uma vitória robusta sobre o Gana. Mesmo acreditando que os treinadores alemães Joachim Löw e Jürgen Klinsmann não arranjam uma saída airosa que beneficie as suas equipas (eu apostaria tudo num empate), as possibilidades do Gana golear a selecção portuguesa são maiores do que o contrário acontecer, julgando pelo que Portugal mostrou ontem no jogo da Amazónia. A equipa de Paulo Bento, com várias alterações forçadas, até não entrou mal, e marcou logo aos quatro minutos, aproveitando uma enorme asneira da selecção norte-americana; Miguel Veloso lança uma bola aparentemente inofensiva para área, e o defesa Geoff Cameron alivia defeituosamente, deixando-a ao alcance de Nani, que não perdoa e remata para o fundo da baliza de Tim Howard. Se era de uma goleada que Portugal precisava, tinha começado bem, e o adversário até deu uma ajuda. A primeira contrariedade apareceu logo ao minuto 13, quando Hélder Postiga, que substituíu o lesionado Hugo Almeida, saíu lesionado, obrigando Paulo Bento a apostar em Éder - bom ou mau, era a única alternativa que restava. Os Estados Unidos tomaram então conta do jogo, e faziam o que queriam pelo flanco direito, às custas de André Almeida, o lateral-esquerdo português adaptado, que mostrou ser lesto a atacar mas uma desgraça a defender - valeu na circunstância o guarda-redes Beto, que também substituíu Rui Patrício e fez um punhado de boas defesas, e alguma falta de pontaria dos avançados americanos. Apesar de dominado, Portugal podia ter "matado" o jogo em cima do intervalo, quando após um remate de Cristiano Ronaldo ao poste, Éder faz a recarga para uma defesa espectacular de Howard. Foi a defesa do jogo.
Para a segunda parte Paulo Bento tira André Almeida e coloca William Carvalho, passando Miguel Veloso a tapar o lado esquerdo da defesa. A alteração, mais uma no sentido de remediar a falta de opções na selecção portuguesa, até resultou, mas se os americanos deixaram de atacas pela direita do seu atauqe, continuavam "em cima" de Portugal. Aos 64 minutos chegariam ao empate, e não por culpa de ninguém, mas graças a um momento de inspiração de Jermaine Jones, que atira um remate forte e colocado de fora da área, que descreve um arco e encaixa-se no canto direito da baliza de Beto, que não tinha a mínima hipótese de defesa. Portugal precisava de ganhar, e Bento arrisca a última substituição, tirando Raúl Meireles, que esteve muito apagado, e fazendo entrar Varela, que tinha sido o "pronto-socorro" no europeu há dois anos frente à Dinamarca, em circunstâncias idênticas. Mas de pouco ou nada valeu, pois com Cristiano Ronaldo desinspirado, Éder a ir "apagando-se" e apenas Nani a remar contra a maré, o golo não chegava, e tudo piorou quando aos 81 minutos os Estados Unidos consumam a reviravolta, aproveitando a desorientação lusitana e a maior frescura física - Klinsmann teve a seu favor a maior disponibilidade dos seus jogadores. Gareth Zusi passa pela defesa portuguesa como se fosse manteiga, e Clint Dempsey faz o 2-1, resultado que apurava os americanos e deixava Portugal de fora do mundial. Chegava o minuto 90, Portugal já jogava mais com o coração do que com a cabeça e os americanos iam festejando. Só que festejaram demasiado cedo, pois faltavam vinte segundos para se atingir o quinto minuto de descontos, e C. Ronaldo manda uma bola para a área, onde perante uma defesa adversária que parecia estar já a encaminhar-se para o balneário, Varela aparece na cara de Howard e faz o empate. Os americanos nem queriam acreditar na sua própria ingenuidade, e isto nem parecia vindo de uma equipa que vem de um país onde na NBA se decidem jogos no último segundo. Portugal não ficou de fora do mundial por um triz, mas volta a ficar de calculadora na mão. E desta vez a equação é muito complicada de resolver.
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