A Alemanha goleou Portugal por quatro golos sem resposta na abertura do Grupo G do mundial do Brasil. Neste "post" vou-me limitar a falar desapaixondamente do jogo, e guardar a minha opinião pessoal para o seguinte. Mundial é mundial e estiveram em campo duas equipas, é isso. E dizer que "estiveram em campo duas equipas" é dizer que esteve em campo a Alemanha e a equipa de arbitragem, pois de resto apareceram por lá um grupo de arruaceiros vestidos de vermelho, e sem se perceber muito bem porquê, só expulsaram um deles. Mas lá estou eu a divagar. A Alemanha entrou muito forte, e comprovou que é uma das fortes candidatas à vitória final neste mundial - o trabalho que Joachim Löw tem vindo a desenvolver desde 2006 na "mannschaft" terá obrigatoriamente que ter uma conclusão este ano: ou a glória, ou mais um fracasso, que poderá muito bem ser o último. Portugal terá entrado mais uma vez muito confiante, e pode-se aplicar aqui o velho ditado "fia-te na virgem e não corras". A equipa portuguesa nunca pareceu acreditar que os alemães iam apresentar o seu melhor jogo logo na estreia, mas foi isso que aconteceu: a Alemanha levava a lição bem estudada, vinha com pressa de resolver o jogo, e beneficiou de uma grande penalidade logo aos dez minutos que Thomas Müller converteu no primeiro golo. Foi a partir daqui - e enquanto se pode dizer que houve jogo - que se percebeu que os níveis físicos dos jogadores alemães eram muito superiores aos dos portugueses, e isso via-se perfeitamente nas transições, pois quer a defender quer a atacar havia sempre seis ou sete alemães; Portugal era obrigado a defender em bloco, e tímido na altura de lançar jogadas de ataque. Hugo Almeida aparecia desapoiado, e sempre que a equipa perdia a bola na sua zona ofensiva era obrigada a recuar rapidamente. Também na atitude se via a grande diferença entre as duas equipas: nenhuma temia a outra, mas os alemães porque estavam confiantes, e os portugueses porque foram arrogantes.
A partir da meia-hora, quando a Alemanha dominava as operações a seu bel-prazer, acabou o jogo e começou o circo. Hugo Almeida saíu lesionado aos 28 minutos, entrando Éder para o seu lugar - em retrospectiva pode-se dizer que esta substituição forçada até foi uma das poucas coisas positivas, pois o avançado do Sp. Braga teve muito mais visibilidade que Hugo Almeida - mas aos 32 minutos a Alemanha faz o segundo golo por Benedikt Howedes, e Portugal perdia por completo a cabeça. Cinco minutos após o 2-0, Pepe é expulso, e bem expulso. É incompreensível a atitude do central luso-brasileiro, que depois de agredir Thomas Müller com um soco na boca ainda se vai travar de razões com o avançado alemão. Em desvantagem por dois golos e perto do intervalo, oq que estaria Pepe a pensar? Em arranjar desculpas, e depois de Portugal perdeu porque ele foi expulso? Para acrescentar ao prejuízo Müller faz o 3-0 em cima dos 45 minutos, e nem um milagre ia fazer Portugal sair de Salvador com um ponto que fosse. Ao intervalo Paulo Bento faz entrar Ricardo Costa para o lugar de Miguel Veloso para compensar a ausência de Pepe, uma estratégia entendida apenas para não perder por muitos - e foi apenas porque os alemães não quiseram que Portugal não saíu deste jogo com uma goleada histórica. No segundo tempo seria Fábio Coentrão a a ressentir-se de problemas físicos, lesionando-se sozinho, num lance de uma teatralidade tamanha que parecia ter sido agredido pelo Homem Invisível. Portugal estava acabado em termos fídicos e anímicos, e isso era bem evidente no semblante dos jogadores e da equipa técnica, e Cristiano Ronaldo chorava. Corria tudo mal à selecção portuguesa. Aos 75 minutos o árbitro não assinalda uma grande penalidade clara sobre Éder, provocando um coro de protestos da parte dos jogadores portugueses. Milorad Mažić errou nesse lance, e o seu trabalho nem foi grande coisa, mas a arbitragem não teve nada a ver com o autêntico "naufrágio" da equipa das quinas. Müller ainda teve tempo de fazer mais um, assinando o primeiro "hat-trick" neste mundial, mas tanto esse feito como a vitória por 4-0 da Alemanha deve-lhes ter sabido a insonso: é que Portugal foi um "travesti" de equipa ontem, em Salvador da Bahia.
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