sábado, 21 de junho de 2014

França-5 Suíça-2



"O que é que a baiana tem", rezava o samba composto em 1939 por Dorival Caymmi e imortalizado na voz de Carmen Miranda. Aqui é caso para perguntar "o que é a Arena Fonte Nova em Salvador da Bahia tem", que nos três jogos ali disputados até agora neste mundial foram marcados nada mais nada menos que 17 golos! Primeiro foi a Holanda a imprimir a primeira goleada da prova ao bater a Espanha por 5-1, depois foi Portugal a sair goleado pela Alemanha por 4-0, e ontem foi a vez da França bater a Suíça por cinco bolas a duas. Mas justiça seja feita aos suíços, que não merecem ser incluídos no mesmo lote das equipas ibéricas, pois apesar da sua defesa ter em alguns momentos lembrado o famoso queijo helvético com buracos, fizeram um jogo de parada e resposta frente aos franceses. Os gauleses, por seu lado, estiveram com a pontaria afinada, e há muito que não se via uma França tão atacante. Mérito para Didier Deschamps, que transformou por completo a equipa que foi uma das grandes desilusões na África do Sul. A partida estava dividida em termos de domínio, até que aos 16 minutos Matthieu Valbuena marca um canto e Olivier Giroud corresponde de cabeça no meio da área suíça fazendo o primeiro golo. Bola o meio, Karim Benzema ganha a posse de bola e lança Blaise Matuidi no lado esquerdo do ataque, e este, já de ângulo quase fechado, encontra um buraco no canto da baliza de Diego Benaglio e faz o 2-0. Sem que realmente merecessem, os helvéticos estavam em desvantagem por dois golos, mas reagiram, e apenas a falta de pontaria evitou que regressassem à discussão do resultado. Basta olhar para a estatística dos remates que falharam o alvo, onde os suíços tiveram 11 contra 8 dos franceses. Mas cada vez que a França ia lá acima era quase letal, e aos 32 minutos beneficiou de uma grande penalidade a castigar uma falta de Johan Djorou sobre Karim Benzema, que o último foi chamado a converter, permitindo a defesa a Diego, e Valbuena na recarga, com a baliza completamente à sua mercê, faz o mais difícil, rematando ao poste. Não foi desta que os franceses marcaram o terceiro, mas seria oito minutos depois, aos 40, com Valbuena a marcar de cabeça - ele que até é de estatura baixa - após cruzamento de Giroud. A vantagem de três golos ao intervalo era injusta para os suíços, que tinham visto um golo de Grani Xhaqa invalidado pelo árbitro, e pareciam em dia de "gato preto" perante a implacável eficácia dos franceses. E pior ficaria a situação no segundo tempo, quando aos 67 minutos Benzema faz finalmente o gosto ao pé num golo espectacular. O cruzamento é de Paul Pogba, o defesa Philippe Senderos falha a intercepção, e a bola fica à disposição do avançado do Real Madrid, que num gesto técnico fantástico estica a perna direita e faz passar o esférico por debaixo de Diego. Os helvéticos sentiram o golo, e seis minutos depois Moussa Sissoko faz o quinto, com os suiços já rendidos, após uma triangulação entre Matuidi e Benzema, com conclusão médio do Newcastle. Cinco golos era uma exagero para traduzir a diferença entre ambas as equipas, e a Suíça por repor alguma justiça no resultado com dois golos nos últimos dez minutos, da autoria do suplente Blerim Dzemaili, e de Xhaqa, que merecia "molhar o bico" neste jogo. Benzema ainda faria o seu segundo e o sexto da sua equipa em cima dos descontos dados pelo árbitro, mas já não seria considerado, pois o remate foi feito depois do apito final. A França, apesar da veia goleadora que mostrou nos dois jogos já realizados, ainda não garantiu o apuramento; líderes com seis pontos, falta disputar ainda o jogo com o Equador, mas só uma combinação estranha de resultados afastaria os "bleus" dos oitavos-de-final. A Suíça fica obrigada a fazer contra as Honduras um melhor resultado que os equatorianos, e de preferência com muitos golos, ou os suficientes para anular a pesada derrota de ontem.




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