quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vão ao Brasil? Aprendam português, porra!



Traduções "estranhas", o que mais seria de esperar de um país como o Brasil onde a língua portuguesa é mais respeitada que em Portugal? Sim, podemos discordar da grafia, de algumas preciosidades da norma brasileira, como o "fato" que é o "terno", a "grama" em vez da "relva", o "tira" em vez do "bófia", tudo bem, mas há que dar crédito aos brasileiros por se manterem fiéis à língua de Camões, ou Jorge Amado, se quiserem, ou de Tiradentes. Afinal são duzentos e tal milhões, e isso não é número que chegue para se chegar a um quorum? Pois bem, se quiserem ir ao mundial, ou à "copa", como eles lhe chamam, aprendam português, e aproveitam para saborear um gelado de cócó. Hmm...bem, não é exactemente cócó, nem "shit" - é "coconut". "Percebate", gringos?



"Aiport"? Qué isso mermão? Cadê esse erre, mané? E então, qual é o problema? Não se entende na mesma? E está ali um aviãozinho e tudo, ó. Só um tontinho é que ia olhar para aquilo e pensar que era outra coisa que não um aeroporto. E se quiser ter mesmo a certeza, basta chegar lá e ver os aviões, os terminais, as partidas e as chegadas...mas esperem lá, partidas e chegadas? Isso pode ser um problema. Vamos ver porquê.



Pois é, aqui pode dar confusão, quando se traduz "embarque" para "arrival", que literalmente significa "chegada", e "desembarque" para "departure", que significa "partida". Ora bem, ir esperar alguém que chega num local onde estão pessoas a entrar num avião, ou ir despedir-se de um amigo e ver pessoas a chegar não é lá muito boa orientação, há que admitir. É possível que hajam encontrões e muitos, mas mesmo muitos pedidos de esclarecimento.



Pois é, isto pode dar confusão quando a saída é a entrada, ou em inglês, "entrace". Sim, tal como o "aiport" isto perdoa-se, dá para entender, mas enquanto um aeroporto é sempre um aeroporto, já entre a saída e a entrada existem diferenças - numa delas entra-se, na outra sai-se. Confundir a entrada com a saída, temos que admitir, pode tornar-se pior do que misturar as chegadas com as partidas. E mais doloroso, também.



E já começámos com aquela deliciosa sobremesa de gelado de côco, "shit ice-cream", façamos um "flashback", ou como dizem os brasileiros, "fláxibéqui". Depois de uma sopinha, "litel súpi", passemos a um "filet mignon", ou na versão portuguesa, "rosbife", e ainda na versão brasileira, "contra filé". Como português acho isto difícil de entender. "Contra filé"? Isto será alguma como o contra-tenor na ópera ou quê? Bem, mas quando aqui a tradução correcta seria "roast beef", eis que damos com um "against the brazilian beef", que dá a entender que: 1) houve aqui a mão dos "vegans", sempre na linha da frente da procura de um mundo com mais vacas que pessoas, ou 2) intervenção dos vizinhos argentinos, que acham que o seu bife é melhor que o brasileiro. O seu bife e todo o resto, que estes argentinos são uns vaidosos do caroças. E segundo a descrição deste menú, o tal "against grilled steak" vem acompanhado de uma "farofa the brazilian". Desconfio que os turistas não vão optar por este prato, pois dá a entender que é algo que "mexe no estômago". Diria mais: dança o samba no prato.



"This cheese is mine!", pensarão os adeptos dos 30 países que não falam português que diputarão o mundial este ano, ao olhar para esta tradução de "Queijo de Minas", a versão brasileira do nosso requeijão. Bem, pode ser que no caso da Croácia o Eduardo da Silva sirva de cicerone aos colegas na hora do pequeno-almoço, ou na Espanha o Diego Costa desempenhe a mesma função, mas pelo menos já nos podemos dar por satisfeitos por eles não terem optado por uma explicação suplementar, como no caso acima, o do "contra filé". Imaginem só: "Cheese Mine, from the region of General Girlies [Minas = "girlies", no sentido de "meninas"; Gerais = "general"]. Como dizem os brasileiros, "é foda".



E pronto, aqui está uma opção de pequeno-almoço para quem quiser tirar o resto do dia de folga: "pão de constipação", ah ah! Na realidade é "pão com frios", e isto demonstra a facilidade com que os brasileiros abreviam as coisas, pois em Portugal chamamos a isto "pão com carnes frias". se bem que separamos as carnes frias do pão, e cada um faz o que entender. Eu por exemplo prefiro as carnes frias no cantinho de um prato, um ou dois ovos estrelados noutro canto, e finalmente uma tosta no terceiro canto, ou se preferirem, "três metades" de coisas diferentes, para variar um pouco. Mas sabem uma coisa? Que se lixem os camones, pá. Ou os "gringos", como dizem os brazucas. Agora que o mundial de 2022 vai provavelmente realizar-se em Inglaterra em vez do Catar, depois da FIFA ter mandado estes irem-se "catar" por causa da corrupção, acham que os ingleses vão se preocupar em traduzir as coisas para português? Claro que não. Portanto vejam lá se aprendem algum português antes de irem ao Brasil assistir ao mundial. Não é assim tão difícil. Por exemplo, eu falo português praticamente desde que me lembro, estão a ver? See?. Viados...ou "deers".


Sem comentários: