domingo, 1 de junho de 2014

Where is Leocardo?



STEAK & BEANS & FRIES CHA-CHA

Aquilo que ao olhar menos treinado não passa de um prato com dois bifes, batatas fritas e salada de grão, feijão e cebola é na realidade uma obra de arte. A carne e os feijões representam a dialéctica do consumo da carne e do vegetarianismo, da proteína e da fibra, da vaca e da vagem. As batatas representam a América, o novo mundo - é uma paródia ao consumismo, à devastação da selva Amazónia, pulmão do nosso planeta. É ainda uma representação da globalização; se repararmos o grão, o feijão e a cebola estão juntos, misturados, lembrando a sobremesa indo-chinesa, o "mou mou cha cha", e a ligeira nota de tomate remetemos para Navarra, para a solarenga Pamplona. O prato, ou o "recipiente", é branco, o que simboliza a supremacia caucasiana ainda vigente; é a raça branca que consome, é ela a recipiente. Isto é arte, come-se com os olhos, mas eu comi com os dentes, na mesma.



O PORTAL MARRON

Uma porta. Castanha. É tudo o que os olhos nos permitem ver. Para onde dará esta misteriosa porta? Para a rua? Para outra dimensão? Será esta uma das portas da percepção que nos fala Aldous Huxley? Ou dará apenas para o corredor de um andar de mais um bloco de apartamentos, ou, choque!, para outra porta, esta metalizada? E ao abrir a porta, ao escolher a sorte? Sai a Dama ou o Tigre, sai amor ou morte? Porque é ela castanha, o que nos esconde atrás da sua opacidade, o que não nos deixa ver e saber? E se alguém bater a esta porta, ou quiçá abri-la? A tensão hitchockiana sobe de tom em "O Portal Marron", o novo filme de Leocardo, autor de "Tinta de parede a secar", um clássico do "film-noir" (a tinta era preta), ou ainda do filme de acção "Ventoinha de Tecto". Não perca!

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