O IACM ganhou juízo, e cancelou as actividades que tinha marcadas para esta noite (quarta-feira) no Largo do Senado, relativas às comemorações do Dia Mundial da Criança, que como se sabe comemorou-se no último Domingo. As razões porque o IACM realizava estas actividades são do conhecimento de todos, e agora pouco importa a razão porque recuaram nas suas intenções, mas é algo que se saúda - estão de parabéns. Fico feliz que alguém tenha finalmente tomado consciência de que aquilo que estava a fazer era errado, vil, vergonhoso, e uma autântica falta de respeito. Congratulo-me que deixe de haver pessoas que se sujeitam a este tipo de baixeza.
À luz desta novo facto, que é no fundo um progresso a nível social e humanista, a Associação Novo Macau (ANM) decidiu realizar a vigília do 4 de Junho, que assinala este ano o 25º aniversário do massacre da Praça Tiananmen em 1989, para o centro da principal praça de Macau, onde se comemorou durante os primeiros anos, e posto isto a Associação Consciência Macau anunciou através de Sulu Sou que vai desistir do seu plano inicial de ocupar o local e junta-se à ANM, a sua "nave-mãe", e convido os leitores a juntarem-se também. Isto não se trata de nenhum braço-de-ferro, de quem passou a perna a quem, ou quem obteve uma vitória política: é uma vigília para lembrar os estudantes que perderam vida naquele fatídico dia em Pequim, onde reclamavam uma abertura democrática do regime, e viram o seu movimento ser esmagado pela força.
Cada um tira as conclusões que quiser dos incidentes, e até das comemorações do aniversário da data - se é lhe podemos chamar "comemorações", tratando-se afinal de uma tragédia. Não questiono quem analisa friamente o que se passou neste dia há um quarto de século, se era realmente necessário o uso da força, se a intenção inicial era apenas dispersar os estudantes mas as coisas fugiram do controlo do exército, ou se passados todos estes anos valeu ou não a pena, e se a China estaria ou não melhor caso as reivindacações dos estudantes tivessem sido atendidas. O que se vai fazer ali esta noite, e dezenas de milhar de pessoas farão em Hong Kong, como já acontece todos os anos, é uma vigília. Se há quem a aproveite para tirar disso dividendos políticos, isso é lá com eles, e falo apenas por mim quando digo que penso pela minha própria cabeça e tenho a minha opinião própria sobre o assunto.
O recuo do IACM, e porque não dizê-lo, do próprio Executivo é uma prova dada que o ridículo a que se prestaram nos últimos anos é um sermão que ninguém encomendou. Se a China teima em manter a sua interpretação do incidente imovível, se aperta a vigia sobre algumas personalidades ligadas aos factos, ou se censura a internet, isso é lá com eles; aqui vigora o segundo sistema, recordam-se? Se me quiserem dizer que a data é aproveitada por dissidentes e pessoas com interesses obscuros com o propósito de destabilizar e com isso tentar provocar a queda do regime, muito bem, respeito a vossa opinião, uau, "queda do regime", isso do "regime" parece ser uma daquelas coisas que faz grande estardalhaço quando cai, de tão grande que é, mas no que me diz respeito a vigília tem a finalidade de lembrar pessoas, jovens, que perderam a vida, de mães que perderam os filhos, de irmãos que perderam os irmãos, de namorados que perderam a namorada e vice-versa, de amigos que ficaram mais pobres, com menos amigos. Para mim isto é o que interessa. E devia-lhe interessar a si, também.
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