quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Temos poeta - há 50 anos



Em cima: o sr. António Manuel Cambeta ontem. Em baixo: o sr. António Manuel Cambeta hoje. A diferença? 50 anos. De Macau.

Soube apenas há instantes pelo próprio aniversariante, mas não podia ficar indiferente. O sr. António Manuel Cambeta, alentejano de Évora e ilustre residente de Macau, actualmente na situação de aposentado da Polícia Marítima e Fiscal (PMF), comemora hoje os 50 anos desde qe chegou a Macau. Cinquenta anos são uma vida dentro de uma vida bem vivida entre outros palcos, como é o caso do sr. Cambeta. É obra.

António Manuel Cambeta tem 50 anos de Macau, portanto chegou em finais de 1963, onze anos antes de eu próprio ter vindo ao mundo. É de se lhe tirar o chapéu, pois não me lembro de ver o sr. Cambeta a acotovelar-se para se pôr na frente de qualquer uma das febres do associativismo de que são acometidos alguns "veteranos" de Macau, que se julgam grandes autoridades na história recente do território. Com excepção de uma breve coluna semanal que assinou no Jornal Tribuna de Macau, não me lembro de o ver a procurar qualquer tipo de protagonismo, e mesmo nesse caso que referi, cingia-se ao relato das suas experiências pessoais, falando sempre na primeira pessoa.

Conheci o sr. António Manuel Cambeta no espaço virtual, nos tempos do anonimato, altura em que éramos ambos activos na blogosfera - eu na arte da mal-dicência, ele na poesia. A juntar à veia poética, o sr. Cambeta relatava-nos os aspectos da sua vida na Tailândia, uma segunda casa, e confesso que o invejo na sua condição de cidadão do mundo - alentejano radicado em Macau, adoptado pela Tailândia. Ah sim, e com o poeta também. Isso é algo que não está ao alcance de qualquer um. Para ser poeta no basta apenas saber rimar. Eu sei rimar, mais ou menos, mas no final o resultado é um desastre. Não nasci para poeta, ao contrário do sr. Cambeta.

Este português "à antiga", com a agravante de ser um fogoso sulista, como eu próprio, criou raízes em Macau: teve filhos, teve netos, fez amigos, juntou à açorda de alho o minchi, e ainda o temperou a mistura com os exóticos sabores das terras do Sião. É com um sorriso que me recordo dos nossos contactos através da blogosfera, e se nunca o abordei, sabendo quem ele é, foi porque me acobardei. E se ele me disser das boas? Que argumentos tenho eu contra um homem com esta vivência, um poeta? Mas agora que amadureceu e leva meio século de Macau, prometo-lhe uma coisa: da próxima vez que nos cruzarmos dou-lhe um abraço. Você é o nosso menino de ouro, o nosso cinquentão entre os tugas de Macau. Há por aí muitos espertalhões que ao pé de si "chegaram ontem". Parabéns, e que conte muitos. Anos de Macau, claro.

2 comentários:

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo e Ilustre Escritor Leocardo.
Ficou lisonjeado com sua maravilhosa escrita, mas continuo a ser aquela pessoa humilde que vai levando os dias vivendo de uma forma calma e saudavel, continuo com minha parca poesia, já que a vida é um poema vivo ao qual devemos ir rimando.
Sou e continuo a ser um viajante do mundo, nunca esquecendo as raízes de onde provi, porém Macau me encantou e a Tailândia me recebeu de braços abertos, me vou dividindo dentro do possível até ao dia em que Deus me chamar, para ir poetisar no reino dos céus.
Abraço amigo deste simple e mero poeta da vida.

São disse...

Foi bom saber mais deste Senhor

Bom domingo