sábado, 9 de agosto de 2014

Por favor, não veja isto


Aviso: não veja isto. Este é o caldo Knorr dos meus maiores receios. O "Best of" dos pesadelos do Leocardo ao vivo no London Palladium. A destilação do meus medos envelhecida em barricas de carvalho novas. Um "speedball" de horror. Sim, é a minha maior "nemesis": a louva-a-deus (só de escrever o nome fico com arrepios) - nem sei como o nome de Deus foi aqui parar, e só posso assumir que é "coisa do antigo testamento", justificação que os católicos encontram para explicar a natureza homicida e psicopata do criador. Fosse eu o Super-Homem, e esta era a minha cryptonite - e costuma ser verde, também. Mas esta não é verde; vem em cor de rebuçado, daqueles com recheio de framboesa. Qualquer animal com cor de rebuçado, especialmente se for insecto, não pode ser bom. Reparem como esta criatura demoníaca mastiga uma mosca com requintes de malvadez, e uma placência que faz lembrar aqueles portugueses rústicos do interior que consideram a hora da refeição sagrada e não autorizam que ninguém diga uma palavra à mesa, enquanto cortam um pão de quilo e uma morcela com um canivete (o mesmo com que limpam as unhas e fazem todo o resto) e bebem vinho da mesma tigela onde comeram a sopa. E mais! Reparem - isto se não tiveram desfalecido nos primeiros dez segundos do vídeo - como os nacos de mosca descem pelo tórax da abominável criatura, já parcialmente digerida. Eu até alinho na teoria de como o biossistema precisa das criaturas todas, desde as mais feias, as mais espinhudas, as comem merda e não sei quê, mas isto? Estamos aqui a falar de um bicho que quando acasala com o macho começa por lhe arrancar a cabeça, e durante a cópula come-o. Mas o que é isto? O Islão levado ao extremo e adaptado ao reino dos insectos, com um toque de sado-maso canibaistico? - "Olha querido, podemos acasalar, mas como sou púdica não podes olhar para mim. Para garantir que não olhas, fora com a cabecinha onde estão os olhinhos ok?". Comer o macho durante o acto sexual é uma forma interessante de cumprir duas necessidades biológicas em simultâneo, deixando assim mais tempo para aterrorizar a humanidade, mas o pobre "louvo" continua ali a "trabalhar no ramo" até ser completamente comido, imaginem! - "Se eu fosse a ti despachava-me, querido, que estou quase a chegar aí abaixo, e olha que vai com molho e tudo". Se ainda acreditam que a natureza é uma "mãe", e não querem ficar desapontados como em todo o resto que vos desiludiu durante esta nossa inexplicável existência, volta a avisar: não veja isto.

PS: Esta louva-a-deus tão peculiar é originária de Fujian, na China. Fosse eu de Fujian e emigrava para não correr o risco de me cruzar com este espectro. Podia vir para Macau, por exemplo, onde um dos "big boss" é meu conterrâneo e tudo.

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