Não é só de Moçambique, ou melhor, de moçambicanos residentes na Damaia, que nos chegam furacões de asneira. Também Rush Limbaugh, comentarista político, apresentador de um programa de rádio e conhecido pelas suas posições ultra-conservadoras e por vezes acima de controversas deixou muitos americanos em choque ao afirmar que o Robin Williams se suicidou "porque defendia uma ideologia política de esquerda". Assumidamente republicano e famoso por não ter papas na língua, Limbaugh diz que foi "mal interpretado", e as suas palavras "retiradas fora de contexto" - o refúgio habitual dos cobardes que esticam a paciência dos outros além dos limites e depois não assumem que foram palermas. E até lhe deu algum crédito, coitado. Isto é um gajo que tem o intestino grosso ligado ao cérebro por um auto-estrada de "Donuts", bacom e queijo frito, e é possível que não tenha feito por mal, ou que tudo tenha sido realmente um mal entendido. Se calhar na terça-feira de manhã, quando a notícia do dia era a morte de actor, Limbaugh tenha dito ao microfone da WABC durante ao seu programa qualquer coisa do tipo: "Já repararam como estes tipos da esquerda têm tendência para quinar por vontade própria? Deve ser porque são uns infelizes, coitados. Ah é verdade, o Robin Williams morreu, agora mudando de assunto.
Podia realmente ter sido assim, mas Limbaugh foi obrigado a pedir desculpa, mas mesmo assim parece não ter mudado de opinião. O inchado radialista, que aufere rendimentos na ordem dos 50 milhões de dólares por ano para vomitar alarvidades (only in America, baby) insistiu na tecla de que a esquerda "tem uma imagem de pessimismo e tristeza, e nunca estão satisfeitos com nada", e que o malogrado actor "fazia os outros rir mas por dentro só sentia desgosto", que para ele "é como uma personificação da própria esquerda" - essa até era bem atirada, não fosse de tão mau gosto. A certo ponto chegou mesmo a citar uma notícia da Fox que dava conta de depressão de Williams ser causada "por desempenhar papéis menores em filmes para TV e sequelas, que o deixavam envergonhado, mas que aceitava devido aos seus problemas financeiros", e leu uma notícia do Washington Post que falava da sua amizade com Christopher Reeve, John Belushi e Andy Kauffman, todos desaparecidos igualmente em circunstâncias trágicas, facto que Williams nunca conseguiu superar. Posto isto aproveitou para filosofar outra vez pelo rêgo, associando isto "à medida que os esquerdistas usam quando olham para o nosso país".
Estabelecer uma ligação entre ideologia ou a simpatia por uma força política e o suicídio é um tanto ou quanto estranho, mas este Rush Limbaugh faria o mesmo fosse sobre que tema fosse: a morte de uma celebridade, a final do Superbowl, um tsunami no Japão ou a caça furtiva dos rinocerontes no Lesoto - o tipo é apenas um cromo, o que é se há-de fazer? Nem quando tem a boca cheia de bolos e pizza fica calado. Curiosamente - e mais uma vez não consigo estabelecer uma relação causa-efeito nestas estatísticas - é nos estados com maioria republicana que a incid$ncia de suicídios é maior nos Estados Unidos, e a esse facto não é alheia a facilidade com que se compra uma arma em qualquer sítio, desde o supermercado à padaria, e até oferecem uma caçadeira de canos cerrados na compra de uma máquina de secar. Outro dado interessante tem a ver com a diminuição da violência e dos suicídios durante as presidências democratas, seguidas de um aumento drástico quando o inquilino da Casa Branca é republicano. Só um pateta como Rush Limbaugh consegue misturar estes factos, que como podem ver, não têm qualquer relação. É apenas uma coincidência.
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