Aqui está uma daquelas notícias que me deixam maravilhado, pois tanto dão para "malhar" num dos lados da barricada como no outro, ou então nos dois, e no caso do conflito israelo-palestiniano, é assim que eu gosto: de bater nos dois. Acontece que Joan Rivers, uma das pioneiras da televisão nos Estados Unidos que ainda anda por cima da crosta terrestre, foi entrevistada na quarta-feira no aeroporto de Los Angeles, e quando lhe perguntaram o que pensava da situação na Faixa de Gaza, desbobinou tudo o que pensava, e parece que passas foi algo que nunca passou pela sua língua nos 81 anos da sua vida. Até podia usar o factor da idade, além da aparência algo recauchutada para alegar que a senhora caminha a passos largos para a demência, tal foi o desprezo completo pelo politicamente correcto que demonstrou com as suas afirmações, mas agora, que pessoa seria eu por condenar alguém que diz a verdade, mesmo sabendo que nunca poderia ser imparcial? Filha de imigrantes russos judeus, Rivers é uma daquelas figuras que sendo de ascendência judaica, nunca deixou que esse detalhe interferisse com o seu reportório ou rotina, neste caso da comédia. Interessante como ainda há quem ligue ao facto de certos serem judeus ou de ascendência judaica, quando isso não tem o mínimo de revelância para aquilo que fazem. Entre as "vítimas" deste anti-semitismo latente encontramos nomes como Woody Allen, Barbra Streisand, Mel Brooks, Steven Spielberg, Bob Dylan ou Jerry Seinfeld, entre outros.
Toma lá que já almoçaste, ó peãozinho do terrorismo.
Joan Rivers não só está à vontade com a "etiqueta" da cruz de David, como ainda aproveita para brincar com isso - e já agora recomendo que vejam o vídeo, porque a senhora consegue ter imensa piada. Diz que foi convidada pelo primeiro-ministro de Israel para visitar o país, e que "vai levar consigo Mel Gibson, Penelope Cruz, e...como se chama o outro pequeno idiota...sim, o Javier Bardem" - personalidades conhecidas por fazerem comentários anti-semitas e a favor da causa palestiniana. Depois irrita-se e faz um comentário mais "ácido", insinuando que as vítimas dos bombardeamentos israelitas "merecem morrer", porque "são estúpidos" e "insistem em ficar nos locais onde sabem que correm perigo". Rivers acrescenta que "guerra é guerra, e a quem a pede tem que esperar este resultado", considera que Israel tem o direito de se defender, e que conclui que o problema é o Hamas, que "é eleito e reeleito por pessoas que nunca tiveram um lápis na vida".
Quem se deita com cães, acorda com pulgas. Quem se mete com Israel acorda sem casa. E sem vida...
Fosse Joan Rivers uma personalidade da diplomacia ou da política, este assomo de sinceridade e pragmatismo seria escandaloso, mas como não tem a obrigação de ser politicamente correcta, disse o que pensava, falou do que sabe, e não disse nenhuma mentira. Não sei se estes civis que morreram na Faixa de Gaza desde o reacendimento dos confrontos, que constituem 70% do total das quase 2000 vítimas, quase 500 delas crianças, têm acesso a algum média sóbrio. Quer dizer, se têm algum jornal, rádio, folhetim, pintura de mural ou pombo-correio que lhes diga que estão ser usados como carne para canhão pelo Hamas, como instrumento de propaganda para dar a entender ao mundo que os tipos que foram para ali sem serem convidados e sequer bem-vindos são uns sanguinários assassinos de criancinhas. Se calhar têm alguma noção errada dos princípios da física, e pensam que permanecendo num local que sabem de antemão que vai ser reduzido a pó, sobrevivem, pois são mais resistentes que o aço, o tijolo e o concreto. Agora entra aqui aqui dialética do "tenho um culpado neste conflito a que sou um mero espectador e não tem o mínimo de influência na minha vida e na vida dos que me são próximos e mais queridos":
- "Epá já viste cabrões daqueles judeus que rebentam com edifícios cheios de criancinhas lá dentro?".
- "E depois? Porque é esses selvagens do Hamas deixam lá as crianças, fazendo-as de alvos fáceis para virem reclamar o seu martírio?".
- "Ora essa, até parece que é o Hamas que as manda pelos ares aos bocadinhos! É Israel que manda as bombas!".
- "Ok ok tudo bem, mas sendo que as criancinhas são inocentes nisto tudo, porque é que o Hamas não as retira para um local onde possam ficar seguras?".
- "Porque elas têm o direito de estar ali, porque haviam de ir para outro sítio?".
E pronto, já ninguém ganha neste jogo do galo. Portanto fiquem a discutir qual dos dois inimigos que se detestam e se querem matar uns aos outros e ainda pedem que nós andemos a perder tempo com eles, e não me chateiem.
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