sábado, 9 de agosto de 2014

Morram, estúpidos


Aqui está uma daquelas notícias que me deixam maravilhado, pois tanto dão para "malhar" num dos lados da barricada como no outro, ou então nos dois, e no caso do conflito israelo-palestiniano, é assim que eu gosto: de bater nos dois. Acontece que Joan Rivers, uma das pioneiras da televisão nos Estados Unidos que ainda anda por cima da crosta terrestre, foi entrevistada na quarta-feira no aeroporto de Los Angeles, e quando lhe perguntaram o que pensava da situação na Faixa de Gaza, desbobinou tudo o que pensava, e parece que passas foi algo que nunca passou pela sua língua nos 81 anos da sua vida. Até podia usar o factor da idade, além da aparência algo recauchutada para alegar que a senhora caminha a passos largos para a demência, tal foi o desprezo completo pelo politicamente correcto que demonstrou com as suas afirmações, mas agora, que pessoa seria eu por condenar alguém que diz a verdade, mesmo sabendo que nunca poderia ser imparcial? Filha de imigrantes russos judeus, Rivers é uma daquelas figuras que sendo de ascendência judaica, nunca deixou que esse detalhe interferisse com o seu reportório ou rotina, neste caso da comédia. Interessante como ainda há quem ligue ao facto de certos serem judeus ou de ascendência judaica, quando isso não tem o mínimo de revelância para aquilo que fazem. Entre as "vítimas" deste anti-semitismo latente encontramos nomes como Woody Allen, Barbra Streisand, Mel Brooks, Steven Spielberg, Bob Dylan ou Jerry Seinfeld, entre outros.


Toma lá que já almoçaste, ó peãozinho do terrorismo.

Joan Rivers não só está à vontade com a "etiqueta" da cruz de David, como ainda aproveita para brincar com isso - e já agora recomendo que vejam o vídeo, porque a senhora consegue ter imensa piada. Diz que foi convidada pelo primeiro-ministro de Israel para visitar o país, e que "vai levar consigo Mel Gibson, Penelope Cruz, e...como se chama o outro pequeno idiota...sim, o Javier Bardem" - personalidades conhecidas por fazerem comentários anti-semitas e a favor da causa palestiniana. Depois irrita-se e faz um comentário mais "ácido", insinuando que as vítimas dos bombardeamentos israelitas "merecem morrer", porque "são estúpidos" e "insistem em ficar nos locais onde sabem que correm perigo". Rivers acrescenta que "guerra é guerra, e a quem a pede tem que esperar este resultado", considera que Israel tem o direito de se defender, e que conclui que o problema é o Hamas, que "é eleito e reeleito por pessoas que nunca tiveram um lápis na vida".


Quem se deita com cães, acorda com pulgas. Quem se mete com Israel acorda sem casa. E sem vida...

Fosse Joan Rivers uma personalidade da diplomacia ou da política, este assomo de sinceridade e pragmatismo seria escandaloso, mas como não tem a obrigação de ser politicamente correcta, disse o que pensava, falou do que sabe, e não disse nenhuma mentira. Não sei se estes civis que morreram na Faixa de Gaza desde o reacendimento dos confrontos, que constituem 70% do total das quase 2000 vítimas, quase 500 delas crianças, têm acesso a algum média sóbrio. Quer dizer, se têm algum jornal, rádio, folhetim, pintura de mural ou pombo-correio que lhes diga que estão ser usados como carne para canhão pelo Hamas, como instrumento de propaganda para dar a entender ao mundo que os tipos que foram para ali sem serem convidados e sequer bem-vindos são uns sanguinários assassinos de criancinhas. Se calhar têm alguma noção errada dos princípios da física, e pensam que permanecendo num local que sabem de antemão que vai ser reduzido a pó, sobrevivem, pois são mais resistentes que o aço, o tijolo e o concreto. Agora entra aqui aqui dialética do "tenho um culpado neste conflito a que sou um mero espectador e não tem o mínimo de influência na minha vida e na vida dos que me são próximos e mais queridos":

- "Epá já viste cabrões daqueles judeus que rebentam com edifícios cheios de criancinhas lá dentro?".

- "E depois? Porque é esses selvagens do Hamas deixam lá as crianças, fazendo-as de alvos fáceis para virem reclamar o seu martírio?".

- "Ora essa, até parece que é o Hamas que as manda pelos ares aos bocadinhos! É Israel que manda as bombas!".

- "Ok ok tudo bem, mas sendo que as criancinhas são inocentes nisto tudo, porque é que o Hamas não as retira para um local onde possam ficar seguras?".

- "Porque elas têm o direito de estar ali, porque haviam de ir para outro sítio?".

E pronto, já ninguém ganha neste jogo do galo. Portanto fiquem a discutir qual dos dois inimigos que se detestam e se querem matar uns aos outros e ainda pedem que nós andemos a perder tempo com eles, e não me chateiem.

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