sábado, 9 de agosto de 2014

Sr. Blatter, we have a problem


Prezado Sr. Presidente da Federación Internacional de Football Association, ou FIFA:

Dirigo-me a V. Exa. na primeira pessoa, resistindo à tentação de iniciar esta missiva com "ouve lá ó careca nazi", para lhe voltar a chamar a atenção para uma certa "salada" que por aí se tem feito, nomeadamente uma "salada russa". Claro que me refiro a esse seu amigo ali na imagem, consigo em amena cavaqueira, o presidente russo Vladimir Putin. Sei que o senhor está a gozar umas longas e merecidas férias, depois do sucesso que foi a organização do mundial do Brasil este ano, mas deixe-me dizer-lhe que está na altura de se começar a preocupar com o próximo, o de 2018. Já? O que quer dizer com "já"? A organização russa está a cumprir os prazos? Devo andar distraído, pois para mim eles andam entretidos com tudo menos com o futebol, as obras, os estádios ou o raio que os partas. Não lhe estou a pedir para fiscalizar coisa nenhuma; o que lhe estou a tentar dizer é que se calhar é melhor preparar um plano "B", ou caso contrário vamos ter os jogos de abertura, a final e todos os restantes do mundial de 2018 disputados na Arena Gulag, na Sibéria.

Já lhe tinha dado o "toque" neste artigo do mês passado, aquando do abate do malogrado voo MH17 da Malaysian Airlines pelos capangas deste seu "sócio", e a reacção execrável deste à tragédia, que talvez fosse boa ideia puxar-lhe as orelhas. Não custava nada interromper por um dia o descanso dessa correria que foi andar um mês inteiro pelos quatro cantos do Brasil a conviver com a elite política internacional e celebridades do mundo do desporto e do espectáculo, e vir avisar que aquele comportamento não era boa publicidade, e que a FIFA o considera "reprovável". Pelo menos isso. Agora que o presidente Putin anunciou com tom de desdém e ar de rufia o boicote à importação de alimentos e outros bens de países que com quase toda a certeza vão participar do tal mundial na Rússia, o que tem a dizer? E como pensa que será tratada a selecção norte-americana, que tudo indica que se qualificará mais uma vez para o torneio final? Pois, pois, a mim parece-me que este ritmo a equipa que mais jogadores levará ao campeonato do mundo daqui a quatro anos será o Boicote F.C..

E por falar em norte-americanos, não sei se viu a "prenda" que os russos deram ao presidente Obama por altura do seu aniversário. Tenho a certeza que pelo menos lhe contaram. Com que então "bananas", essa fruta inofensiva que o senhor considera "um instrumento do racismo", a banana de dinamite do ódio racial. Eu ainda estou para entender como oferecer uma banana a um branco é considerado "cortesia", mas a um negro passa a ser "racismo". Se eu fosse um negro e andassem por aí a distribuír bananas a toda a gente excepto a mim para evitar mal-entendidos, aí sim, ia considerar isso racismo. E nesse departamento da xenofobia e derivados, os russos são "barra" - nem quero imaginar os "mimos" com que os jogadores de países africanos ou árabes serão recebidos. E pensa que os rapazes lá em Moscovo vão-se incomodar em aprender inglês preocupados com o que pensa deles em termos de hospitalidade? Khuy tebe!, dizem-lhe eles. Se não sabe o que quer dizer, pergunte ao seu amigo Putin, mas deixe bem claro que é uma pergunta, senão ainda acaba com essa carequinha lustrosa a fazer de bola no salão de "bowling" do Kremlin.

Se o seu silêncio é para ser entendido como "de contenção", e pensa que Putin pode ser traziddo à razão, olhe que se engana, Sr. Blatter. Atribuir a festa do futebol à Rússia (e depois ao Catar, mas esse é outro problema) pode ter sido um negócio lucrativo, mas olhe que quando a FIFA quiser capitalizar daqui a quatro anos, os russos não são nenhuns "anjinhos" como os brasileiros ou os sul-africanos, nem negociadores razoáveis como os alemães, japoneses e coreanos. Ainda se arrisca a ir prestar contas com os oligarcas e estes fazerem-se acompanhar de matulões mal-encarados com cabelo à escovinha e botas da tropa, além dos mastins da coleção do seu amigalhaço, que ele tanto gosta de exibir como prova da sua "virilidade". Vá pensando nisso com calma, Sr. Blatter, ainda há tempo de sobra para ponderar encontrar uma alternativa. Não nos venha é dizer que isto 2nãolhe tira o sono".

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