- E hoje regressado de umas longas férias, temos Leocardo, com a sua habitual coluna de opinião. Boa noite Leocardo, seu momo inconsequente.
- Boa noite Rita Palha-Ribeiro Telles, é uma prazer estar aqui, onde há ar-condicionado, mas falando das férias, estas estavam-me a saber bem. Mas enfim, teria que regressar de qualquer jeito.
Noblésse oblige...
- Santinho. O que tem dizer então sobre o BES?
- O quem?
- O BES, o Banco Espírito Santo?
- Amen.
- Não...oiça, acha que a sua dependência de Macau, o Banco do Oriente, vai ser afectado de algum jeito?
- Ah isso. Pois, eu não tenho conta lá. Bem, eles já disseram que não tinham activos tóxicos aqui na RAEM, e não são propriamente um banco normal, senão já tinha sido notícia, com os velhotes a fazer fila desde as quatro da matina para retirar as suas poupanças.
- De facto. E Raymond Tam?
- Olha, Rita Palha-Ribeiro Telles, eu acho que ele mereceu o Oscar, mas temos que reconhecer que a concorrênica era fraca. O Gene Hackman...o Tom Hanks ainda inexperiente, e...
- Não estou a falar desse Raymond. Queria dizer Raymond Tam, ex-presidente do IACM.
- Oh está bem, está bem. Isso foi outra vez o "timing", Rita. O maldito "timing". Da próxima vez têm que combinar melhor as coisas antes que o Ministério Público vá acusar o homem de qualquer coisa, e depois na sentença dizer que não foi nada. É preciso algum entrosamento, francamente!
- Vendo bem...e o referendo?
- Olha Rita Palha-Ribeiro Telles, eu estive fora de férias, e levei comigo as minhas já célebres acutilância e perspicácia. Estivesse eu cá e dizia ao Governo para ignorar esses auto-intitulados democratas mais ao seu auto-intitulado referendo sobre o auto-intitulado sufrágio universal.
- Mas não estavas, Leocardo. E agora, o impacto político.
- Qual impacto político? Aquilo não é nada; os miúdos vão para ali, não há ninguém a fiscalizar aquela tropa-fandanga, depois metem para lá cupões da Caritas, daqueles que a gente paga 10 patacas cada e a gente pensa que fica habilitado a um sorteio mas depois aquilo não serve para limpar, quer dizer, hmmm...e metem folhetos de "call girls" daqueles que se apanham no chão no NAPE, pacotes vazios de Lay's, e depois contam aquilo tudo como "sim" e no fim vão dizer que 110 % da população quer o sufrágio directo para a eleição do Chefe do Executivo. Enfim...
- Bem, vieste com a lição estudada.
- E vou mais longe, a não ser que a adesão do eleitorado seja na ordem dos 90% ou mais, nem se deve tirar qualquer leitura desse tal..."referendo", que Deus me perdoe.
- Mas...isso não faz sentido. Qual adesão de 90%?
- Ó Rita, 90% do eleitorado a ir até aos locais onde se realiza essa farsa e protestar alto e bom som: "O que estais a fazer é ilegal! Seus malandrins! Quereis arruinar o segundo sistema, e atrapalhar o funcionamento normal das instituições e sabotar as progressivas reformas democráticas operadas em Macau pelo nosso amado Executivo, com a bonomia da República..."
- Chega, chega, boa noite.
- Eu sei, eu sei, sou um génio. A falta que eu fiz por cá, hein?
-
Whatever. Há coisas que eu não digo porque sou uma senhora.
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