terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ópio de novo


Karl Marx dizia que "a religião é o ópio do povo", argumento que foi desde sempre o pilar dos regimes de inspiração marxista para impôr o ateísmo como ideologia vigente. Fiel a esse princípio, o núcleo do PC chinês de Zhejiang reforçou uma regra já estabelecida mas pouco aplicada em rigor, e barrou a entrada de militantes que professem uma qualquer confissão religiosa. Esta estratégia insere-se numa mais vasta, à escala nacional, e que visa as universidades e os próprio media, no sentido de relemembrar a ideologia adoptada inicialmente pelo partido único. Desta forma têm sido notícia o despedimento de académicos que tenham criticado abertamente o regime, e na semana passada o Ministro da Educação deixou bem claro que não será tolerado qualquer material didático que faça a apologia de "valores ocidentais". Em Dezembro um grupo de estudantes da Universidade de Zhejiang organizou um protesto contra as decorações natalícias no "campus", acção que foi apoiada pelo PC local, e têm sido mais do que pontuais os casos em que o culto religioso é desencorajado, e até oprimido, chegando a verificar-se casos de demolição de igrejas e outros locais de culto menos concorridos, de modo a prevenir aquilo que o PC considera "tentativa de penetração de forças ocidentais". O partido conta com 84 milhões de afiliados, mas muitos destes aderem durante o período de escolaridade, e têm pouca ou nenhuma actividade política depois disso, tornando-se incerto a forma como se aproveitam do estatuto. A China reconhece cinco religiões oficiais - o catolicismo sob a tutela da Igreja Patriótica, o protestantismo, o Islão, o Budismo e o Taoismo. No entanto o culto é vigiado de perto, e mantido longe das instituições governamentais e de ensino.

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