sábado, 7 de fevereiro de 2015

Uma bela violação


Ainda na América, mais precisamente no estado de West Virginia, discute-se a questão do aborto, com os deputados federais do Partido Republicano a querer revogar uma lei actualmente em vigor, que permite a interrupção voluntária da gravidez até às 20 semanas. Uma primeira proposta foi apresentada pelos republicanos em Julho de 2014, mas seria vetada pelo governador democrata daquele estado, Earl Ray Tomblin. Agora o "lobby" auto-intitulado pró-vida volta à carga, e com um diploma ainda mais radical, que pretende proíbir a IVG em qualquer circunstância - mesmo quando a fecundação tenha resultado de uma relação incestuosa ou de uma violação. Na defesa desta controversa ideia, o deputado Brian Kurcaba deu uma entrevista à Charlotte Gazette, onde disse que "uma violação é uma coisa horrível, mas a criança que daí pode resultar é algo de puro, de belo", declarações que causaram uma onda de indignação, como seria de esperar. E de facto não sei bem o que vai na cabeça deste senhor, mas uma agressão sexual é terreno pouco fértil para se possa tecer considerações sobre o bebé pequerrucho e queridinho que daí possa sair. Esta não é a primeira vez que opositores ao aborto dão um tiro nos pés; já em 2012 Todd Akin, um membro do congresso, havia defendido que o óvulo era capaz de reconhecer se o esperma que o tentava fecundar tinha sido convidado ou estava ali sem autorização, e mais recentemente Richard Mourdock, candidato ao senado pelo estado do Indiana afirmou que as gravidezes resultantes de uma violação são "uma dádiva de Deus. Adeus, sim, concerteza. Vai-te embora e não voltes cá mais.



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