Foi anteontem apresentado em Lisboa o primeiro jornal bilingue em línguas portuguesa e chinesa, o "Diário de Todos", que saíu ontem para as bancas um pouco por todo o país, com o custo de capa de 2,5 euros - menos de 20 patacas ao câmbio actual. Apesar do nome sugerir que se trata de uma publicação diária, o jornal vai ser inicialmente quinzenal, com uma próxima edição na forja com o lançamento previsto para dia 17 deste mês. O projecto foi lançado a título experimental há um ano, com uma versão "online" (link?), e a sua recepção tida como positiva justifica agora a edição impressa, apoiada por entidades governamentais e diplomáticas de Portugal e da China. A edição bilingue não significa que uma das partes seja a tradução da outra, pois o jornal pretende ser sensível ao tratamento dos temas conforme os interesses quer da comunidade chinesa residente em Portugal, e de potenciais investidores que dominem o chinês como língua materna, quer dos portugueses que estejam interessados em saber mais do passado e da actual situação das relações entre os dois países. A directora é Helena da Cruz Mouro, pessoa com ligações ao oriente e em particular a Macau, onde fundou há três anos a companhia de exportação "Mandarim Trading", que vendia vinhos alentejanos para o continente chinês. Helena Mouro tem sido presença, mesmo que discreta, em eventos relacionados com as relações luso-chinesas, tanto aqui no território, como em Portugal, e também de forma pontual em outros pontos do globo, com uma maior predominância na Ásia.
Nesta primeira edição do "Diário de Todos" é entrevistado o vice-primeiro-ministro Paulo Portas, que tem desde início demonstrado alguma sensibilidade no tratamento das relações entre Portugal e a China, com um trabalho que já apresentava alguns resultados desde o tempo em que o líder do CDS-PP era ministro dos Negócios Estrangeiros. Paulo Portas esteve presente no lançamento do jornal, tal como o embaixador chinês em Lisboa e o representante máximo da comunidade chinesa em Portugal, Y Ping Chow, o que dá a entender que se trata de uma iniciativa que merece o apoio de todas as partes, e dá um novo sentido às relações bilaterais, que só por ingenuidade ou má fé poderiam ser ignoradas - nos últimos anos a China terá investido mais de 100 mil milhões de euros no nosso país. Em destaque nesta primeira edição está ainda Rita Santos, que recentemente anunciou a sua saída do Fórum Macau, orgão de cooperação entre o governo da RAEM e os países da Lusofonia. Segundo a directora do "Diário de Todos", a redacção é composta por dez elementos "familiares com o ambiente de Macau", o que dá a entender a presença de Vitório do Rosário Cardoso, que, e peço desculpa se estou enganado, é noivo de Helena Mouro, e tem-se falado de uma contribuição importante do empresário macaense com passagem pela imprensa em Macau e em Portugal no arranque do "Diário de Todos". Apesar de eu próprio não me identificar muito com o carácter específico associado a este tipo de publicações, não posso deixar de destacar a visão dos seus criadores, que provam assim ter horizontes mais largos que muito boa gente. Aqui quem foi ao mar ou passou todo o este tempo a sonhar, perdeu o lugar. As maiores felicidades, é o que eu desejo para todos os envolvidos no "Diário de Todos".
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