domingo, 6 de abril de 2014

¿Que pása, hombre?


Gostava de aproveitar este espaço para mais uma vez pedir desculpas aos leitores do Bairro do Oriente pela minha ausência de nove dias, sem que antes disso tenha anunciado qualquer período de ausência, ida de férias, ou outra razão qualquer para a falta de actualização do blogue, o que, como os leiotres mais assíduos sabem, não é habitual. Não se tratou de mais um "lost weekend" como em Setembro de 2011, mas foram efectivamente motivos de força maior que me impediram de fazer uma das coisas que mais gosto, e que sempre me deu prazer. Perdoem-me toda esta cerimónia, mas sei que existem pessoas que se preocupam sinceramente comigo, e que esta ausência, aliada à mudança do número de contacto podem ter deixado algum sentimento de apreensão - de preocupação, até. Garanto que não se passa nada de grave comigo, estou bem em termos de saúde (mais magro, mas com excepção disso, nada que inspire cuidados), nem se deu qualquer tragédia, acidente, fatalidade, ou nada que inspire quaisquer cuidados de maior em relação à minha pessoa ou àqueles que me são mais próximos.

Esclarecidos quanto a este ponto, posso adiantar agora que desde há cerca de três semanas encontro-me sob suspeita de um crime que não cometi, ou que pelo menos me declaro completamente inocente - não estou formalmente acusado de nada. A juntar a esse desagradável facto, tenho fortes razões para crer que estou ser vítima de uma conspiração maldosa, orquestrada por gente sem escrúpulos, e só me posso mesmo queixar de me ter saído a "fava"; enfim, estas coisas só acontecem aos outros até ao dia em que nos acontecem a nós. Lamentavelmente, é assim a roda da vida: umas vezes em cima, outras vezes em baixo. Quem não deve não teme, e tenho-me dedicado nas últimas semanas a preparar a defesa contra este ataque que considero maldoso, ruim, mal-intencionado, e com o intuito de ferir a minha dignidade, atingir a minha honra, e sujar o meu bom nome. E é só isto que posso dizer, pois os casos a que me refiro encontram-se em fase de investigação, e tudo o que se adiante ou comente sobre o assunto não passará de mera especulação, e rumores infundamentados. Tentei resolver a situação de modo a que não fosse feita muita publicidade, tentei evitar uma embaraçosa exposição - quer minha, quer dos restantes envolvidos - mas tudo indica que essa via se encontra finalmente esgotada, e por isso convém deixar claro que a verdade será restituída com recurso às instâncias adequadas para esse efeito.

Nestas circunstâncias, tornou-se impossível concentrar-me em qualquer outro propósito que não de preparar meticulosamente a reacção àquilo que considero uma agressão contra a minha pessoa, pelo que não me foi permitida a calma, concentração e discernimento necessários para acompanhar a actualidade local e internacional, ou produzir opinião esclarecida sobre qualquer facto ou acontecimento de relevo. Se for fazer qualquer coisa, que seja dentro daquilo que considero o padrão mínimo de qualidade que estabeleço para mim mesmo. Gostava de deixar bem claro aos leitores que não estou desta forma a evidenciar qualquer sinal de fraqueza, nem me deixei sequer abater pela cadeia de acontecimentos que me têm afectado tanto a nível pessoal, como também profissional e familiar, mas preciso que entendam que esta é uma situação completamente inédita para mim, e posso ter acusado o facto de não saber reagir em conformidade com esta desagradável novidade. Considero que neste momento consegui reunir finalmente as condições necessárias para voltar à minha actividade quotidiana normal, e nada me resta senão esperar que as instituições funcionem, e levem o tempo necessário até que tudo volte a ser como antes, e que esta situação caótica fique apenas a constar como mais uma experiência de vida.

Se há algo que se pode tirar de positivo de toda esta confusão, deste circo de decepção, desta roda de mal-entendidos, é a consolação de ter deixado todos os factos devidamente documentados em forma de literatura. Quando o caso, ou os casos a que me refiro deixarem de estar sobre a alçada das autoridades competentes, espero poder partilhar com todos os que estiverem interessados a sequência de eventos que levaram a este lamentável e provavelmente evitável drama. Tem sido um projecto paralelo ao blogue e aos artigos do Hoje Macau a que tenho dedicado todo o tempo que me foi permitido racionalizar a situação, e todo o fluxo de ideias tem sido canalizado para esse efeito. Perdoem-me a arrogância, mas considero que esta é uma história que merece ser contada, e conto fazê-lo, nem que para isso seja necessário algum tipo de investimento. E por falar em investimento, foi disso mesmo que se tratou: um investimento falhado, uma teia de desilusão que nunca, mas nunca poderá ter um final feliz. O vencedor desta ácida batalha emergirá apenas como o menos prejudicado, e ninguém se poderá orgulhar de sair com o orgulho intacto. Mais uma vez, obrigado pela preferência e pela compreensão, e espero um dia poder descrever até ao ínfimo detalhe toda esta loucura que ainda me parece um pesadelo do qual não consigo acordar.

Leocardo, 06/04/2014

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