domingo, 13 de abril de 2014

Os sons dos 80: entre amigos


Os anos 80 foram ricos em duetos, participações especiais, e colaborações entre artistas, por vezes de diferentes cores do espectro musical. Já aqui mencionei algumas dignas de grande destaque, como foram os duetos entre Lionel Richie e Diana Ross, ou Phil Collins e Jennifer Warnes, reconhecidamente bem sucedidos e premiados, dos Pogues com Kirsty McColl, que originaram a mais linda melodia de Natal dos últimos 50 anos, do imponente choque entre o "rock" e o canto lírico que foi o de Freddie Mercury e Montserrat Caballe em "Barcelona", ou do resultado agridoce da "pop" e da "soul" de que resultou o encontro de George Michael e Aretha Franklin, e muitos outros. Gostaria hoje de falar de outras "joint-venturas" dignas de referência, e que marcaram de uma forma ou outra a década de todas as revoluções musicais. Peço desde já desculpa por alguma omissão grave.


Uma colaboração que deu frutos e por isso se foi repetindo ocasionalmente foi a do compositor grego Vangelis com o cantor "rock" Jon Anderson, vocalista do grupo Yes. O duo gravou três álbums entre 1980 e 1983 com a designação de Jon & Vangelis, e encerrou a "sociedade" com uma colectânea no ano seguinte. Um dos resultados mais conhecidos desta feliz reunião de dois músicos de diferentes quadrantes foi este single "I'll Find My Way Home", que chegou a nº 6 da tabela de singles do Reino Unido em 1981, e que seria incluído na segunda edição do LP "The Friends of Mr. Cairo".


Outro compositor, instrumentalista e virtuoso da guitarra é Mike Oldfield, que apesar de dar prevalência aos temas instrumentais, contou com a ajuda de algumas vozes convidadas durante um certo período nos anos 80. Uma das suas favoritas era a escocesa Maggie Reilly, com quem gravou em 1983 este inesquecível "Moonlight Shadow", incluído no álbum "Crises", de 1983. O single foi nº 4 no Reino Unido mas chegou ao primeiro lugar dos tops em Espanha, Suécia, Suíça, Países Baixos, Itália, Irlanda, Áustria, Bélgica, Noruega e Polónia, bem como a nº 1 do Eurochart. Os dois voltariam a trabalhar juntos no ano seguinte, resultando no single "To France", que obteve quase tanto sucesso.


Outro grande momento do ano de 1983 foi este "We've Got Tonight", um original de Bob Seger do ano de 1978, que o cantor "country" Kenny Rogers incluíu no seu disco de duetos "Duets", e interpretou na companhia da lindíssima e talentosíssima Sheena Easton. O tema foi nº 6 da Billboard, e teve também honras de top-30 na tabela de singles do Reino Unidos. Verdadeiramente memorável.


O que acontece quando se juntam um dos maiores nomes da música "country" norte-americana e o maior cantor romântico espanhol? O resultado é este "To All The Girls I've Loved Before", que apesar de ser apenas nº 5 na Billboard e nº 17 no Reino Unido, entrou definitivamente para a história, e está bem presente na memória dos "românticos" - e não só - do início da década dos anos 80. A balada que Willie Nelson e Julio Iglesias celebrizaram é da autoria de Hal David (letra) and Albert Hammond (música), foi escrito em 1974 e gravado pela primeira vez por Bob Vinton seis anos depois. O tema foi incluído no álbum de Iglesias "1100 Bel-Air Place", de 1984.


Aqui está uma boa ideia: quatro artistas de renome que se juntam para gravar um tema cujas receitas se destinavam ao combate a esse flagelo que é a SIDA, e que nesse ano de 1985 ainda se falava com bastante timidez. A canção é "That's What Friends Are For", um original de Burt Bacharach, e o projecto foi denominado "Dionne and friends", como Dionne Warwick à cabeça, sendo os "friends" Elton John, Stevie Wonder e Gladys Knight. O tema foi nº 1 da Billboard, e também chegou ao topo da tabela de sigles na Austrália. Pode-se dizer que correu mundo, portanto.


E para acabar em beleza, uma colaboração de que muitos se lembram certamente. Estávamos em finais de 1986, e o "rap" era ainda considerado uma novidade. Uma das bandas de proa do género, os Run D.M.C., ousaram fazer uma versão do clássico dos Aerosmith "Walk This Way", segundo single do álbum "Toys in the Attic", de 1975. Para o vídeo contaram com nem mais nem menos que os próprios Aerosmith - pelo menos Steve Tyler e Joe Perry. O resultado foi interessante, com um nº 4 na Billboard e um nº 8 na tabela de singles do Reino Unido.

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