Hoje completo a quadrologia de álbuns de marcaram a década de 80, mesmo que dos artistas que os gravaram não tenha sido feito mais nada merecedor de grande destaque. Depois de "Brothers in Arms", dos Dire Straits, "Born in the USA", de Bruce Springsteen e "Appetite for Destruction", dos Guns'n'Roses, é com grande prazer que hoje falo de "Dig That Groove Baby", o álbum de estreia dos Toy Dolls, datado de 1983. Os Toy Dolls são uma banda de Sunderland, Inglaterra, formada em 1979 por Michael "Olga" Algar (voz, guitarra), Phillip "Flip" Dugdale (baixo) e Robert "Happy Bob" Kent (bateria). A banda tocava (e toca, acho) música que se pode inserir num sub-género do "punk" designado por "oi!", que está normalmente associado a "skinheads" e jovens da classe média urbana, mas com uma temática que apela à amizade e ao entendimento. Se podemos dizer que há grupos que acertam à primeira e depois ficam longe do alvo, esta é uma delas - "Dig That Groove Baby" é um disco fantástico, que se ouve do princípio ao fim com prazer, e sem ter a tentação de passar à frente qualquer uma das suas doze faixas. Vamos falar de algumas delas.
"Dig That Groove Baby" é o tema que dá nome ao disco, pode-se traduzir por qualquer coisa como "Entra nessa cena, filha". Os Dolls falam aqui do espírito do fim-de-semana, da sexta-feira à noite, com a malta a tomar um banho mais demorado, a vestir os casacos de ganga e de cabedal, calçar as botas e ir assistir a um bom concerto de "oi!" antes de ir para o "pub" e tentar a sorte com as garinas - isto é, se alguém já um pouco mais bebido não der início a uma cena de pancadaria. Enfim, um cenário típico de uma qualquer noite britânica.
A segunda faixa é "Dougy Giro", dedicada a um tipo que tem provavelmente o mesmo nome, e é amigo dos gajos da banda. Este Dougy não tem casa, dorme onde calha, debaixo da ponte, coberto de cartões, nunca muda de roupa mas mesmo assim "sorri e é feliz". Em suma, é um indigente e um sem-abrigo, que muito possivelmente padece de doença mental, ou sofre da dependência de substâncias, ou de alcoolismo. Ou tudo isto junto...
Agora imaginem que se estão a vestir para mais uma noite de paródia, e encontram uma aranha no armário. Por muito que tentem esmagar a peste, esta, matreira, vai fugindo, e como uma aranha é coisa com que não se partilha um quarto, a noite promete, e será completamente dedicada à caça da patuda. Esta é a temática da terceira faixa, "Spiders in the Dressing Room", um tema cheio de "speed", muito ao jeito do "oi!".
Portanto isto é assim: a Glenda andava deprimida, pois o seu namorado, o Kevin, andava a arrastar a asa para uma tal Carol Sands. Como todas as mulheres pensam a solução para endireitar uma relação é ter um filho, e Glenda não era diferente, resolve então engravidar. Depois de várias tentativas, ouve do médico que não pode ser mãe, o que a deixa ainda mais triste, e então começa a ler um livro onde fica a saber que agora (estamos em 1983, recordo) é possível ter um bebé-proveta. Tudo piora quando o pai de Glenda morre, e é então que ela se decide a inscrever-se para ter um bebé proveta, à revelia do Kevin, que não sabe de nada e anda mais entretido com o seu namorico, a Carol Sands. É disto que nos fala a quinta faixa do álbum, "Glenda and the test tube baby", que termina com o clássico: "I will have a baby, Kevin...I'll have a test tube baby!".
A quinta faixa é "Up The Garden Path", e a seguir vem "Nellie the Elephant", talvez o tema mais conhecido dos Toy Dolls. Originalmente uma canção infantil, lançada em 1956 e co(a)ntada pela actriz Mandy Miller, os Dolls dão-lhe aqui o tratamento "punk", que lhes vale um surpreendente 4º lugar na tabela de singles do Reino Unido. Nellie é uma elefanta que veio da India, pula a cerca do circo e foge em liberdade, nunca mais sendo vista. Ouvi dizer que foi para a Alemanha e anos depois tornou-se chanceler. Fim.
Era uma maravilha colocar aqui todos os vídeos das canções do álbum, mas infelizmente isso tornaria o "post" demasiado comprido, pelo que passamos os temas "Poor Davey", "Stay Mellow", "Queen Alexandra Road Is Where She Said She'd Be, But Was She There To Meet Me... No Chance" e "Worse Things Happen At Sea" e chegamos às duas últimas faixas. A penúltima é uma versão muito própria de "Blue Suede Shoes", um clássico dos inícios do "rock'n'roll", a quem os Dolls dão um novo "elan" - a pedido de várias famílias, é claro.
E para terminar, a última faixa do disco, "Fiery Jack", que é o nome de um produto para aliviar as dores reumáticas e das articulações - como a banda aliás faz questão de mencionar, dizendo que "se acordarem com dores nas costas, ponham Fiery Jack". Que atencioso da parte dos rapazes. O vídeo foi retirado de um concerto já do início deste século, incluído no DVD de 2004 "Our LAst DVD?". E é só isto, o que tinha a dizer sobre esse álbum essencial dos anos 80, "Dig That Groove Baby". Espero que tenham gostado.
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