Muitos dos leitores devem estar familiarizados com o filme "The Terminal", de Steven Spielberg e com Tom Hanks no papel principal, e que conta a história de um homem que fica retido no aeroporto de Nova Iorque, pois não lhe é permitida a entrada nos Estados Unidos, e regressar ao seu país também não é opção, devido a uma revolução em curso. O personagem deste filme é parcialmente inspirado em Mehran Karimi Nasseri, um iraniano que passou 17 anos no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, impedido de entrar em França e sem possibilidade de regressar ao Irão. Macau não é Nova Iorque ou Paris, nem o caso que vou contar a seguir é assim tão dramático, mas não deixa de ser curioso, e constitui mais um daqueles "mistérios" a que as nossas autoridades já nos têm habituado - infelizmente.
Suwarni é uma mulher indonésia que chegou em Macau há um mês como turista, mas foi-lhe negado o visto de permanência, por "razões desconhecidas". Sem dinheiro para regressar, algo que também nunca teve a intenção de fazer, tem permanecido no terminal no aeroporto da Taipa, onde dorme, come e faz todo o resto sem que ninguém lhe preste qualquer tipo de assistência. O vice-cônsul da Indonésia encontrou-se com Suwarni na última sexta-feira, altura que diz ter tido conhecimento da situação, e nem ele próprio sabe os motivos que levaram as autoridades a negar a entrada à sua compatriota.
Os cidadãos indonésios, bem como os da grande maioria dos outros países, não carecem da obtenção de visto prévio para entrar em Macau como turistas, nem lhes é exigida a apresentação de prova de como têm meios de subsistência, ou qualquer tipo de referência, como por exemplo onde planeiam ficar, ou quanto tempo vão permanecer - dentro do tempo do visto, óbvio, que normalmente é de 30 dias. Um responsável contactado pelo Macau Daily Times, que publicou hoje a notícia em exclusivo, diz que a razão do visto ter sido negado pode estar relacionado com a violação de uma proibição prévia de entrada no território, ou qualquer outra questão do foro legal ou laboral.
Suwarni tem feito a sua vida no aeroporto, onde segundo uma fonte que ali trabalha, "tem realizado pequenas tarefas" para pagar a alimentação e a acomodação, que têm custado à administração qualquer coisa como 800 patacas diárias. A mulher ficou alojada num quarto na zona do terminal de chegadas, insiste que não quer regressar ao seu país de origem, e o que mais deseja é "ver o San Ma Lou". A polícia diz que o caso "é da responsabilidade do aeroporto", pois encontra-se fora da sua jurisdição, e da parte da autoridade de aviação civil de Macau não foram feitos quaisquer comentários sobre o caso. Um mistério no Terminal de Macau; pequenino, mesmo assim, tal como a própria cidade e o seu aeroporto.
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