quinta-feira, 17 de abril de 2014

Os sons dos 80: Simple Minds


Os Simple Minds são um grupo fundado em 1977 em Glasgow, na Escócia, mas que teve nos anos 80 a sua "praia". Emergindo da cena "punk" britânica, chamavam-se originalmente Johnny & The Self-Abusers (Joãozinho e os masoquistas?) e foram idealizados pelo cenarista Alan Cairnduff, que juntou o guitarrista e liricista Jim Kerr, e o também guitarrista Charlie Burchill, que se conheciam desde os oito anos, e chegaram a ter um grupo no liceu, os Biba-Rom!. Por isso mesmo, chamaram os dois restantes elementos desse projecto, Brian McGee para a bateria, e Tony Donald para o baixo. No início a função de vocalista ficou a cargo de John Milarky, que recrutou o seu amigo Alan McNeil como terceiro guitarrista. O grupo fazia as primeiras partes dos Generation X, o grupo de Billy Idol, e chegou a gravar apenas um single. Em 1979 dividiram-se em duas facções vencendo uma composta por Kerr, que passou a vocalista, Burchill, McGee e McNeil, que passou aos teclados. Derek Forbes entrou para a posição de baixista, substituíndo Donald, que foi atirado "borda fora" juntamente com Milarky - e assim estavam criados os Simple Minds. Em Março de 1979 gravam o primeiro álbum, "Life in a Day", com a etiqueta da Zoom Records, e chegam ao nº 30 do top do Reino Unido. Em Novembro do mesmo ano lançam o segundo trabalho, "Real to Real Cacophony", e no ano seguinte "Empires and Dances", que é bem recebido pela crítica, mas não vai além do nº 41 nos "charts".


Já em plenos anos 80, os Simple Minds adoptam uma sonoridade mais dentro da "new wave", abandonando, como tantos outros, as suas raízes "punk". Desta forma conseguem finalmente tornar-se conhecidos além das fronteiras do Reino Unido graças ao seu quarto álbum "Sons and Fascination/Sister Feelings Call", que chega a nº 11 no top britânico. Também em 81 apresentam-se ao mercado americano com a compilação "Themes for Great Cities 79/81", que reune os melhores temas dos seus primeiros quatro registos, e no ano seguinte fazem o mesmo para o mercado doméstico, mas com o título "Celebration". Posto isto, McGee deixa a banda, ficando vaga a posição de baterista. Em Setembro de 1982 sai o quinto álbum, "New Gold Dream", que alcança o nº 3 no Reino Unido, enquanto o single "Promised you a Miracle" torna-se o seu primeiro top-40, chegando a nº 11 e permanecendo na tabela durante 19 semanas. São usados três bateristas diferentes, mas seria Mel Gaynor que ficaria com o emprego.


O grupo vai então em digressão, ficando com o ano de 1983 preenchido com concertos. Já no ano seguinte regressam a estúdio para gravar o sexto registo, "Sparkle in the Rain", com produção do conceituado Steve Lillywhite. O álbum vale aos Simple Minds o nº 1 do top do Reino Unido, e chega ao top-20 em vários outros países. O single "Waterfront" é dos três que sairam do disco aquele teve o melhor desempenho, chegando ao nº 13 no Reino Unido, nº 5 na Irlanda e nº 1 na longínqua Nova Zelândia, onde estranhamente a banda gozava de uma grande popularidade. Era a consegração de Kerr e os Simple Minds, mas o melhor ainda estava para vir.


O grupo é convidado em finais de 1984 para gravar um tema da banda sonora do filme "The Breakfast Club", um dos filmes mais vistos de 1985, e assim apresntam "Don't You (Forget About Me)", o tema com que todos identificam os Simple Minds. O single sai nos Estados Unidos em Fevereiro, e chega a nº 1 da Billboard - o grupo tinha finalmente conquistado a América. Na Europa é apenas lançado em Maio, chega a nº 7 no Reino Unido mas é nº 1 nos Países Baixos, e chega à vice-liderança do European top-100. O vídeo que acompanha o single fica com a realização a cargo de Daniel Kleinmann, que já tinha trabalhado com Madonna, Fletwood Mac, Adam Ant e outros, e mais tarde ficaria encarregado de coordenar as cenas de acção dos filmes de James Bond, e foi premiado por anúncios publicitários de várias marcas, desde a Audi à Smirnoff, passando pelas calças Levi's, o whiskey Johnny Walker, e até os preservativos Durex.


No mesmo ano gravam o sétimo álbum de originais, "Once Upon a Time", já com John Giblin no baixo, após a saída de Forbes. Catapultados pelo sucesso de "Don't You (Forget About Me)", o single "Alive and Kicking" chega a nº 3 da Billboard e nº 7 no Reino Unido. Quanto ao álbum em geral, que contém outros temas fortes como "Sanctify Yourself" ou "All the Things She Said", volta a garantir aos Simple Minds mais um nº 1 no Reino Unido, e um nº 10 na Billboard. Depois disto vem mais uma digressão, que acaba num duplo-álbum ao vivo, e mais um nº 1 no Reino Unido. "Live in the City of Light", como o nome indica, foi gravado em Paris, no teatro Le Zénith.


A década de ouro dos Simple Minds terminaria em 1989 com o álbum "Street Fighting Years", que marca uma mudança na sonoridade da banda. No seu Reino Unido natal não se nota a diferença, com mais um nº1 nos "charts", mas o nº 70 do top-200 da Billboard indicava o divórcio com os fãs do outro lado do Atlântico. O single "Belfast Child", uma peça comovente, chega a nº 1 na tabela de singles do Reino Unido, e outro tema forte do disco é "This Is Your Land", que conta com Lou Reed como convidado nas "back-vocals". Em 1990 lançam um "box-set" com quatro discos, reunindo os 11 anos de trabalho da banda.


Em 1991, e já como um trio composto por Kerr, Burchill e Gaynor, sai o álbum "Real Life", o primeiro desde 1982 a falhar o nº 1 no Reino Unido, quedando-se pelo nº 2, e na Billboard ainda pior: nº 74, confirmando que na terra do Tio Sam, os Simple Minds tinham passado à história. A decadência foi-se acentuando durante o resto dos anos 90, e deu-se apenas em 2009 um certo revivalismo, com o álbum "Graffiti Soul" a marcar o regresso ao top-10 na Grã-Bretanha. Kerr e Burchill, agora ambos com 54 anos, são os únicos elementos que se mantêm desde a formação original. Estes pelo menos não precisaram de lembrar um ao outro: "Don't you forget about me">

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