quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pela boca morre o Pelé


Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido por Pelé, é considerado por muitos o melhor jogador de futebol de todos os tempos - até eu próprio o considero o maior de sempre, mas aceito outras opiniões. No que Pelé não parece ter tanto talento como tinha com a bola nos pés é nos seus dotes de oratória, e não poucas vezes as suas declarações têm sido alvo de críticas de todos os quadrantes. Depois de se ter "atrapalhado" com os protestos do ano passado contra a organização do mundial de futebol pelo Brasil, quando praticamente mandou calar os que achavam a organização do evento um despesismo, e de ser constantemente criticado por várias outras figuras do futebol brasileiro, com Romário à cabeça, desta vez o "rei" voltou a "pisar na bola" ao considerar a morte de um operário das obras de um dos estádios da copa "uma coisa normal". E nem podia ter escolhido a pior altura para produzir estas afirmações, pois enquanto a família de Fábio Hamilton da Cruz, que caiu enquanto montava a arquibancada da Arena Corinthians chorava, Pelé inaugurava uma linha de colecção de diamantes com o seu nome. "Isso é normal, são coisas da vida. Foi um acidente, coisa normal, nada que assuste", disse o ex-jogador, actualmente com 73 anos, enquanto se mostrava mais preocupado com o funcionamento dos aeroportos brasileiros: "A maneira como está sendo administrado o aeroporto e o turista no Brasil é o que mais está me preocupando. É uma pena, pois deveríamos aproveitar a Copa para fazer campanha de turismo, mostrar nossa boa orgnização. Acabei de voltar de uma viagem e o aeroporto estava o caos, isso faltando dois meses para a Copa! Essa é a minha preocupação: que a gente estrague essa oportunidade". É verdade que qualquer evento que tenha a ver com futebol organizado pelo Brasil que não conte com Pelé, é como um Natal sem Pai Natal, mas por vezes é preciso medir as palavras. É um facto que as grandes obras nunca seriam possíveis sem uma ou outra ocasional perda humana, ou mesmo várias, mas daí a achar isso "normal", nos tempos que correm, vai uma grande distância. Os que lamentam a morte de Fábio Hamilton da Cruz, que não teve a sorte de ser ele também um astro da bola, que o digam.

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