segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Os sons dos 80: a música dos filmes


Já vos aconteceu irem ver um filme apenas porque gostavam da canção original? Sim, já todos levámos uma "banhada" ou outra à conta disso. É frequente encontrar um filme medíocre com uma canção original boazinha, ou um filme mais ou menos com uma canção razoável, mas não me lembro de ter visto um excelente filme cuja canção original me tenha levado a vê-lo. Nos anos 90 tivemos três exemplos de canções originais com um sucesso estrondoso em filmes com qualidade variável, nenhum demasiado mau, mas também nada por aí além. A saber: "(Everything I Do) I Do It for You), de Bryan Adams, para o filme "Robin dos Bosques, Príncipe dos Ladrões"; "I Will Always Love You", de Whitney Houston, para o filme "O Guarda-Costas"; e "My Heart Will Go On", de Celine Dion, para o filme "Titanic" (este teve o mérito de arrebatar os Oscares nesse ano). Mas os anos 80 são profícuos em canções originais memoráveis, e filmes que nem por isso. Vejam lá se se recordam destas.


Em 1981 tivemos este "Arthur's Theme", de Christopher Cross, que compôs o tema em conjunto com o célebre Burt Bacharach, e que lhe value o Oscar para melhor canção original. O filme foi "Arthur", uma comédia sobre um milionário (no tempo em que ainda se faziam filmes sobre milionários) alcoólico interpretado por Dudley Moore, que se apaixona por uma empregada de mesa (Liza Minelli) e recusa-se a casar com a filha mimada de um outro milionário que lhe pode trazer ricas oportunidades de negócio, e...bem, como é que é mesmo a música? "When you get caught between the moon and New York City...".


No ano seguinte, e também com direito a Oscar, há este "Up Where We Belong", onde a dócil Jennifer Warnes faz dueto com a voz rouca de Joe Cocker. O filme era "Um Oficial e Cavalheiro", com um Richard Gere ainda em grande forma. Ideal para casais apaixonados e mulheres românticas. Uma canção lamechas que se junta a um filme lamechas.


Também em 1982 foi o ano de "Eye of the Tiger", o tema mais conhecido (o único) da banda "rock" Survivor, e derrotado nos Oscares pela entrada anterior. A canção é memorável, especialmente a batida inicial, mas quem foi ver o filme "Rocky III" com esperança de ver cinema da mesma qualidade, ficou desiludido. Ou talvez não, não sei. Os filmes da série "Rocky" são exactamente aquilo que se espera deles, e mais nada.


Em 1983 mais um vencedor dos Oscares: Irene Cara com "What a feeling", com música de Giorgio Moroder. A canção ficou na memória colectiva e o filme "Flashdance" marcou uma geração. Uma jovem aspirante a dançarina que trabalha na construção civil vai atrás do seu sonho, blá, blá, blá. As mulheres foram ver o filme por causa do argumento meloso, enquanto os homens foram apreciar a super-sexy Jennifer Beals a rebolar-se e a esticar aquela chicha toda. Quantos é que não ficaram com um fetiche por maiôs de ginástica depois deste filme?


Vamos até ao ano de 1986 e para "Take my Breath Away", do desconhecidos (e depois disto desaparecidos) Berlin, e que valeu a Giorgio Moroder mais um Oscar como compositor. O filme, já estão a ver qual é, era "Top Gun", o tal que levou Tom Cruise ao super-estrelato. Como filme era sofrível, mas as salas de cinema enchiam-se de pré-adolescentes sôfregas para ver o "gajo bom" e esperar pelo momento em que podiam cantarolar "teique ma brét auééé...".


Um dos derrotados desse ano foi "Glory of Love", do ex-Chicago Peter Cetera, para o filme "Karate Kid II". Confesso que este teve eficácia sobre mim, uma vez que não vi o primeiro "Karate Kid" e gostei das imagens que apareciam no vídeo da canção original. Se gostei do filme? Não adorei, nem destestei. Antes pelo contrário.


No ano seguinte mais um "gajo bom", mais um filme sofrível, mais uma canção que fica no ouvido, mais um Oscar. Desta vez foi "(I've Had) The Time of My Life", cantada por Bill Medley e a mesma Jennifer Warnes, que tinha vencido quatro anos antes ao lado de Joe Cocker. O filme era "Dirty Dancing", com Patrick Swayze no tempo em que ainda estava vivo.


Para terminar esta macedónia cine-musical, a maior banhada de todas, também concorrente aos Oscares em 1987. Um grupo mau, os Starship, levou hordas de pessoas a ver um filme péssimo, "Manequim", seduzindo-as com uma canção que entra facilmente no ouvido, mas que nem é nada por aí além. Isto só pode ser bruxaria, e estes Starship estão aparentados com o Flautista de Hamelin.

1 comentário:

Anónimo disse...

belas lembrancas musicais nestes ultimos tempos de blog, parabens pela ardua pesquisa. Tenho alguma pena da rapaziada de hoje, nao terem tempo em aproveitar a juventude com musicas que marcavam cada momento. deve ser do mindcraft pocket edition :)

mais uma vez, muitos parabens