Os islandeses, dizem, são um povo laborioso e inteligente, mas há coisas neles que nem todos os neurónios do mundo juntos dão para entender. Acontece que esta cerveja na imagem, a Hvalur, está debaixo do fogo cerrado de grupos ambientalistas, pois um dos seus ingredientes é farinha de baleia. Ouviram bem, farinha de baleia. Anda aí o mundo inteiro a fazer cerveja com cevada, lúpulos, centeio e outros cereais desprovidos de sentimentos e sem sensibilidade à dor, e vão estes gajos fazer farinha com o terceiro mamífero mais inteligente à face da Terra.
A empresa que fabrica esta cerveja, a Steðji, garante que o seu produto é saudável, de baixo teor calórico, além de possuir 5,2% de álcool e nenhum açúcar. Só que contém farinha de carne de baleia, pronto, e nem faziam as coisas doutro jeito. Olhando para a composição da cerveja que vem no rótulo em língua islandesa, ninguém suspeitava que ali dentro da garrafa jazem os restos mortais de alguma baleia, pois "þorrastedði inniheldur" até podia ser "fezes de chimpanzé que passaria despercebido, agora a imagem de uma baleia no rótulo é que levanta algumas suspeitas, a juntar ao facto de "Hvalur" ser uma conhecida companhia de frotas de barcos de pesca, que se dedica à caça da baleia. Pronto, foram desmascarados, os malandros comedores de baleiinha, coitadinha.
E é mesmo assim, pois o responsável da Steðji que tão amavelmente explicou porque é que os islandeses gostam de assassinar uma espécie pacífica e inofensiva (pronto, a Moby Dick é a excepção que confirma a regrea) que habita os mares em cada vez menos número: "na Islândia é comum comer gordura e carne de baleia". Nem mais. Eu queria ver estes ambientalistas a viver ali naquele gelo todo, no meio do Atlântico Norte e sem um único McDonald's à vista. Não lhes dava uma semana até que atacassem à dentada a primeira baleia que vissem. E além disso, esta cerveja é especial, fabricada para comemorar o festival de Inverno, onde se exalta o Deus Thor, e sera servida apenas entre 22 e 24 deste mês e apenas na localidade de Borgarnes onde se produz a cerveja. Como Borgarnes tem apenas 2000 habitantes e nem todos devem beber, a farinha de meia baleia chega para fazer cerveja que dê para todos, e ainda sobra.
Portanto os islandeses até não são maus tipos, e nas prateleiras dos supermercados de Reiquejavique é possível encontrar cerveja que contenha pouca ou nenhuma farinha de cetáceo na sua composição. O problema era o tal Thor, que embirrava com as baleias e no descansava enquanto não as transformava em farinha com aquele martelo todo giraço que comprou no Mundo das Ferramentas em Valhalla. O mais curioso é que os produtores da Hvalur dizem que quem beber uma das suas cervejas de farinha de baleia "transforma-se num Viking a sério!". Hmmm...transformar-me num matulão de barba e trancinhas, que usa um saiote e ostenta um par de cornos no chapéu que leva em cima da tola, acho que dispenso. Estou muito bem assim, obrigado. Olhem lá, ó Borarneses ou lá que raio vocês são: aproveitem o festival, e vejam lá se não abusam da bejeca, e ficam aí a ver baleias.
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