sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Os sons dos 80: Billy Idol


Billy Idol, à esquerda, com os Generation X. Estávamos em 1977.

Billy Idol é outro dos nomes que se confunde com a loucura dos anos 80, do rock'n'roll, dos mega-concertos, da MTV. William Michael Albert Broad, esse é o seu nome de "mortal", nasceu em 1955 em Stanmore, Middlesex, no Reino Unido, e era um jovem adulto quando eclodiu a onda "punk", a que o jovem Broad aderiu. Em 1976 começou por fazer parte dos Siouxsie and the Banshees, mesmo antes destes terem adoptado esse nome, e a seguir juntou-se aos Chelsea, on conheceu David James, que mais tarde seria líder dos exóticos Sigue Sigue Sputnik. Broad e James formaram juntos os Generation X, o grupo que os tornou nomes de referência na cena punk-rock, e que gravou quatro LPs de originais entre 1978 e 1981, ano em que terminaram. Billy Idol adoptou esse nome artístico depois de uma professora sua lhe ter dito que ele era "idle" (distraído). Com o fim dos Generation X, Idol mudou-se de armas e bagagens em 1981 e ficou sob a tutela de Bill Aucoin, ex-manager dos Kiss. Logo nesse ano saíu o seu primeiro EP, que incluía os temas "Don't Stop" e "Dancing with Myself", este último um original dos Generation X, que se tornaria mais tarde um dos temas mais conhecidos de Idol.


O primeiro trabalho a solo, de 1982, levou o título de "Billy Idol", e teve um grande impacto junto do público, a quem o cantor já não era nenhum estranho. Apesar de não ter ido além do nº 45 no Billboard 200, "Billy Idol" vendeu mais de meio milhão de cópias só nos Estados Unidos. Entre os temas mais conhecidos estão "Hot in the City", a faixa de abertura "Come On, Come On", onde o cantor mostra ao que vem, com uma postura energética e um visual proto-punk, de cabelo oxigenado e de pé, predominância do vestuário preto, com o cabedal em lugar de destque, e outros adereços de "menino rebelde". O tique com o lábio é declaradamente inspirado numa das suas maiores referências, o malogrado Sid Vicious, dos Sex Pistols. Há quem diga que Sid seria o que Billy Idol foi, não tivesse morrido tão jovem. O single mais conhecido deste álbum de estreia foi este "White Wedding", que lhe value um sexto lugar no topo do seu Reino Unido natal.


Logo no ano seguinte, em 1983, sai o segundo trabalho de originais, "Rebel Yell", que foi a grande confirmação de Billy Idol como símbolo do rock dos anos 80. Do disco sairam seis singles, alguns deles memoráveis na carreira do cantor. Além daquele que dá o nome ao LP, destacam-se "Catch my Fall", "Flesh for Fantasy" e este "Eyes Without a Face", que curiosamente foi a primeira canção de Billy Idol que escutei, devia ter os meus nove anos. Com um som menos agressivo e uma abordagem mais pop do que o disco anterior, "Rebel Yell" deu Idol a conhecer a um público mais vasto, fora do circuito "punk" e dos que o conheciam dos tempos dos Generation X. O álbum chegou a nº 6 no Billboard mas ficou-se por um modesto nº 36 no Reino Unido. Foi uma tendência marcante da carreira de Billy Idol, que teve sempre mais sucesso do outro lado do Atlântico do que na sua Inglaterra de origem.


Os anos 80 corriam bem a Billy Idol, que se afirmava como alternativa ao som mais limpo de alguns outros nomes da moda, como Madonna ou Michael Jackson. Em 1985 lançou "Vital Idol", um somatório dos dois primeiros discos e do EP de estreia, e em 1986 atingia os píncaros da popularidade com o seu terceiro de originais, "Whisplash Smile". Os singles escolhidos para promover o novo trabalho foram "To Be a Lover" e "You Don't Need a Gun", mas o favorito de todos foi este "Sweet Sixteen", onde Idol mostra que além de agitar as massas, conseguia também tocar nos corações dos fãs e não só. "Whisplash Smile" atingiu o nº 8 no Reino Unido e nº 6 na Billboard, onde foi certificado com disco de platina, produto de mais de um milhão de cópias vendidas.


A cortina dos anos 80 fechava-se para Billy Idol, e deles o cantor sairia em grande estilo com a colectânea "11 of the Best", que reunia os seus maiores êxitos e dava-o a conhecer a uma nova geração de jovens ávidos de música rock. Todos os grandes sucessos estavam condensados nas 11 faixas do disco, que continha ainda uma versão ao vivo de "Mony Mony", um original de Tommy James and the Shondells, de 1968. A colectânea teve o mérito de ser o trabalho discográfico de Billy Idol mais vendido no Reino Unido, e viria a ser um virar de página na sua carreira, só que infelizemente para o pior - com a chegada dos anos 90, Billy Idol foi colocado na "prateleira", nunca conseguindo adaptar-se aos novos ditames da moda.


Yeah...I'm ooolddd...

Billy Idol gravou "Charmed Life" em 1990, de onde o single "Cradle of Love" teve relativo sucesso. Incluído neste trabalho está ainda uma versão de "LA Woman", dos Doors, inspirado em parte na sua participação no filme sobre a banda de Jim Morrison, realizado por Oliver Stone. Antes disso Idol sofreu um acidente de mota que o deixou debilitado fisicamente, e o álbum seguinte, "Cyberpunk", de 1993, foi mal recebido pela crítica a pelos seus fãs, que pareciam virar-lhe as costas por sons mais actuais com os tempos que se viviam. Idol voltaria a participar num filme, e desta vez no papel dele prório. "The Wedding Singer", com Adam Sandler no principal papel, abordava as modas da primeira metade dos anos 80, mas o Billy Idol que ali aparecia com um aspecto do tio alcoólatra do original da época que retratava. Em 2005 lançou o primeiro álbum em 12 anos, "Devil's Playground", numa tentativa de voltar aos bons velhos tempos, mas quando se ouviu que "Billy Idol tinha um novo disco", a maior parte das reacções que se ouviu foi "Billy quem?". No ano seguinte, em desespero de causa, gravou "Happy Holidays", um disco de músicas de Natal. Yeah, right, ele que sempre foi tudo menos o Menino Jesus. Apesar dos excessos e dos tropeções, Billy Idol continua vivo, e actualmente com 58 anos. Em nome dos bons momentos que me proporcionou, assim como toda a minha geração, só desejo que tenha um pé-de-meia decente que o assista na velhice.

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