O telescópio nuclear da NASA NuSTAR captou uma imagem mais nítida da nebulosa Pulsar B1509, nuvem de partículas e radiação formadas após a explosão de uma estrela, localizada a 17 mil anos-luz de distância da Terra. A olho nu, a nebulosa, que repito, é um aglomerado de gases e partículas cósmicas, tem uma forma que se assemelha a um pulso completo com a respectiva mão, e determinou-se baptizá-la com o carinhoso apelido de "Mão de Deus". Isto não é nenhuma novidade, pois o fenómeno foi observado há mais de quatro anos, mas em raios de baixa energia, o que não deixavam observá-la com tanto detalhe e na sua luz original. É nisto que a NASA gasta milhões e milhões de dólares como quem bebe um copo de água: para observar corpos celestiais à distância de 17 mil anos-luz da Terra. Não fosse tão complicado encontrar um táxi em Macau, e ia já lá hoje.
Quando ouvi a notícia que a NASA "fotografou a mão de Deus", pensei no Maradona e na sua pequena batota naquele jogo contra a Inglaterra no mundial de 86. Mas isso lá é alguma novidade? Pensei eu. Toda a gente viu e nem era preciso vir a NASA mostrar fotografia nenhuma. Basta um aparelho de televisão a preto e branco do tamanho de um rádio de pilhas e de definição mixuruca, como aqueles que se levavam para o campismo. Mas não, estavam mesmo a falar da mão de DEUS, de O DEUS, o tal. Hmmm...deixem-me colocar a minha cara séria dos Sábados. Pronto, já está. Não foi preciso procurar muito pela net para encontrar opiniões no sentido de que isto se trata realmente de uma manifestação de Deus, que depois de ter mostrado as costas a Moisés, resolve "dar-nos a mão" a uma distância de se é possível observer com o telescópio mais potente do mundo. Atendendo ao seu registo no passado, só pode ser mesmo a mão de Deus. Sim, só pode ser Dele.
Mas não vim aqui para blasfemar, pronto, já chega. Prefiro analisar esta asserção do ponto do vista da medicina, nomeadamente do foro da psiquiatria. A este fenómeno que leva a ver coisas onde elas simplesmente não existem chama-se pareidolia, uma ilusão que nos leva a entender algo abstracto e aleatório, seja uma imagem ou um som, como algo distinto e com significado. Dá-se quando olhamos para uma nuvem que nos parece um unicórnio, aconteceu com os navegadores que cruzavam o Cabo das Tormentas e viram o monstro Adamastor na sombra dos rochedos, acontece quando se toca uma música de trás para a frente e entede-se algo que assumimos ser uma mensagem subliminar. Normalmente a pareidolia acontece em pessoas com uma imaginação muito vívida, com nas crianças que vêm uma bruxa na sombra de um monte de roupa por passer em cima da cadeira do quarto, ou em outras a quem falta um ponto de referência, e têm necessidade de preencher algum vazio emocional. Mas não se assustem, não é necessário aplicar electro-choques ou qualquer outra terapia radical.
Mas deixemos de lado a ciência e a razão por um instante, e digamos que, por uma razão qualquer que ultrapassa a lógica mais elementar, aqueles resíduos do que foi em tempos uma estrela que entretanto resolveu explodir é mesmo a mão de Deus. Não seria a primeira vez que o divino se manifestava da forma mais improvável, pois já tivemos o rosto de Jesus numa pizza ou a imagem da Virgem numa janela mal lavada. Agora, que mão é esta? Quatro dedos? E aquele pulso parece-me um bocado torto, com uma espécie de líquido azul a escorrer do meio. Não é Deus que é "perfeito", e fez o Homem "à Sua imagem"? E resolveu dar um ar da Sua omnigraça a 17 mil-anos luz da malta, que foi uma das Suas criações - será timido? Há uns tempos encontraram outra nebulosa, esta de forma circular, lembrando um redemoinho, e a que chamaram "Olho de Deus". Já temos uma mão e já temos um olho, e assim pode ser que daqui a milhões de anos (anos-luz, já agora) Deus resolva recompor-se e vir pôr alguma ordem nesta barafunda. E bem que precisávamos....
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