quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Os monólogos do pénis


A minha caixa de correio electrónico anda sempre cheia de porcaria, aquilo que se convencionou chamar de "spam". Já me ensinaram a mudar os "settings" da "security", a instalar filtros, o diabo a sete, e apesar de algum deste correio de caca ir parar ao ficheiro reservado ao "spam", ainda continuo a recebê-lo na caixa principal. É "super-spam", o sacana. Podia instalar o "E-Mail Shield", um serviço da CTM que garante protecção eficaz contra todo e qualquer "spam", mas 1) tenho preguiça e 2) estou farto da porra da CTM, até mais que o próprio "spam". O mais curioso é o tipo de correio deste tipo que recebo: a esmagadora maioria trata-se de produtos para obter um pénis maior. Agora que abri a caixa de Pandora, gostaria de falar desses produtos, da questão do tamanho do pénis, e já agora do meu pénis. Este "post" é dedicado ao meu camarada da blogosfera FireHead, o maior adepto das minhas "ordineirices". Pronto, pronto, não precisa de agradecer.

Em primeiro lugar, quem acredita que produtos deste tipo são eficazes no aumento do volume de um orgão, deviam procurar antes um que aumentasse a massa encefálica. Estas empresas de legalidade duvidosa que vendem comprimidos, pomadas e bombas pneumáticas que garantem aos seus clientes "um pénis maior" estão apenas a aproveitar-se da ingenuidade e do desespero de gente complexada, que tem vergonha do próprio corpo. Essa conversa de que as mulheres gostam de homens com um pénis descomunal é um mito. E se as há, são histéricas, coitadas, e não as recomendo a ninguém - nem aos alegadamente dotados de pénis de tamanho XL. Não sei se mais alguém chegou a esta conclusão, mas alguém que pensa que o seu pénis é pequeno, como chegou a essa conclusão? Só pode ter por comparação e através de observação. Muita observação. Imaginem para quantos mangalhos estes tipos já olharam. Suspeito, muito suspeito.

A questão do tamanho do pénis é relativa. Não vou aqui especular sobre que tamanho pode ser considerado "normal" para não fomentar discussões parvas, mas para mim existem apenas dois tamanhos anormais: monstruoso e atrofiado. Os primeiros devem ser uns infelizes, com uma tromba de elefante ou uma gaita tirolesa a descer-lhe pelas pernas abaixo, sempre preocupados em obter roupa interior que dê para acolher tudo aquilo e cautelosos cada vez que se sentam, na vá qualquer coisa ficar esmagada ou entalada. Os atrofiados, bem, pode ser que tenham algum conflito interior, que duvidem da sua masculinidade e não convivam bem com a sexualidade em geral,mas podem sempre recorrer ao médico de família, que depois os encaminhará para um psicólogo que tente fazê-los aceitar o que a natureza lhes deu. Pode ser pouco, mas se calhar foi com boa vontade. Pensar que se pode resolver o problema através da cosmética, como algumas mulheres fazem com os seios, é simplesmente absurdo. Pensando nisso, ficamos com uma imagem atroz.

Essa mania de olhar para os pénis é algo que me ultrapassa, sinceramente. É um orgão feio, para lá de inestético, e as comparações com um enchido não são por acaso. Alguma vez Van Gogh, Dali ou Warhol pintaram um enchido? É um pedaço de carne ali pendurado, saído do mato como uma daquelas espécies de rãs das mais repelentes que existem. As praias de nudismo davam um tema para inúmeros filmes de terror, e não é a toa que os exibicionistas, aqueles tipos que se cobrem com nada mais que uma gabardina e abrem-na nas estações de metro exibindo o pénis a desconhecidos são considerado psicopatas. De toda essa conversa sobre o pudor, o pecado original e tal, a necessidade de tapar o membro masculino foi a melhor ideia que tiveram. Sabem qual é a única espécie que exibe orgulhosamente o pénis? Os macacos, cujos outros hábitos incluem comer piolhos, cometer incesto com as mães, filhas e irmãs, e atirar fezes uns aos outros.

Quanto ao meu pénis, e para finalizar este artigo que já vai longo, está bem e recomenda-se. Agradeço as centenas de mensagens que recebo publicitando os tais produtos que alegadamente me fariam mais feliz dotando-me de um bacamarte do tamanho do de um cavalo. Eu o meu irmão do meio temos uma saudável relação de proximidade, quando faço dele o uso devido, e ao mesmo tempo de distância - ele lá em baixo a sul da cintura e no meio do matagal, e eu a controlar as operações daqui de cima. Podia personificá-lo e dizer que "vivemos lindas aventuras juntos", ou que temos "as melhores recordações", mas não vou fazer isso. Seria uma parvoíce. Portanto deixem lá o pénis em paz - a não ser para cumprir com o essencial, claro.

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