Um utilizador da rede social Facebook de um dos grupos a que também aderi postou este vídeo, que mostra os efeitos de uma nova droga sintética conhecida por "Krokodil". As imagens são impressionantes, e dão conta de alguns dos efeitos desta substância, que pode provocar lesões nos tecidos musculares, como a gangrena, e levar à amputação de membros. Mas mais do que ficar avisado para as consequências extremas do uso deste estupefaciente, convém saber do que se trata exactamente, do que consiste, e porque mesmo correndo estes riscos, há quem não fique desencorajado e mesmo assim opte por consumir na mesma?
Em primeiro lugar este "Krokodil" não é "uma droga qualquer", e insinuar que o consumo de drogas recreativas pode levar a este extremo é desonestidade intelectual. Mais grave é equiparar esta às restantes, a velha bitola do "todas as drogas são o mesmo". Isso é como dizer que beber Coca-Cola e ácido sulfúrico "é a mesma coisa". O "Krokodil" é o nome de rua para a complicadíssima di-hidrodesoximorfina ou desomorfina. Foi inventado em 1932 e os seus efeitos sedativos e analgésicos são semelhantes aos da heroína, e é entre oito a dez vezes mais forte que a morfina. A popularidade da heroína relegou a desomorfina para segundo plano, mas o facto de ser mais barata e possível de produzir em casa com ingredientes que se podem adquirir na farmácia levaram a um aumento do seu consumo.
O "Krokodil" pode ser produzido em qualquer cozinha doméstica, bastando para tal adquirir medicamentos que contenham codeína, iodo e fósforo vermelho, isolar esses elementos e misturá-los. A droga é consumida pela via intravenosa, e os efeitos que incluem necrose, apodrecimento dos tecidos, e a médio prazo a gangrena devem-se à sua impureza, pois não passa pelo processo de purificação pelo qual passa a heroína, contendo um grande número de toxinas e material corrosivo. A substância pode ser adquirida no mercado negro pela módica quantia de 80 patacas a dose, enquanto a mesma quantidade heroína pode chegar às mil patacas. Isto leva a que muitos heroínómanos procurem o "Krokodil" como uma alternativa barata à satisfação do seu vício.
O consumo de desomorfina é um problema na Rússia desde há alguns anos, tendo os casos de vítimas dos seus efeitos nefastos sido registados na Sibéria desde 1992, vindo a alargar-se por todo o país a partir de então. Nos últimos anos a droga "Krokodil" começou a ser consumida em número considerável na Alemanha, e chegou este ano aos Estados Unidos, passando a ganhar notoriedade, e constituíndo um perigo em matéria de saúde pública. Os consumidores frequentes da substância têm uma esperança de vida de mais dois ou três anos a partir do momento em que se tornam dependentes. Um caso sério, esta droga, que se apresenta como uma forma de suicídio lento, mas não cometam o erro de assumir que é "igual a todas as outras", ou que o consumo das ditas "drogas leves" podem levar a que se experimente esta. Lembrem-se que a mentira é inimiga da prevenção.
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