Daria um bom filme, sem dúvida, mas aqui fala-se mesmo é de futebol. Eusébio da Silva Ferreira, maior jogador português doutros tempos, anda aborrecido com as comparações com Cristiano Ronaldo, maior jogador português destes tempos. Claro que as comparações são descabidas; o futebol hoje é um jogo diferente do que era há 40 ou 50 anos, com regras diferentes, tácticas diferentes, métodos de treino diferentes, outras condições, outros intérpretes, e até a bola é hoje muito menos pesada. Eusébio foi grande no seu tempo, Cristiano é grande agora, no futuro vai haver ooutro, e depois outro, e por adiante - pelo menos espero que sim.
O jogador do Real Madrid já apontou 43 golos na selecção, mais dois que o "pantera negra", que fez quase metades dos jogos. Os adversários no tempo de Eusébio eram outros, e eram menos. Existiam menos de 30 selecções inscritas na UEFA, enquanto hoje há mais de cinquenta, e realizam-se muitos mais partidas amigáveis, portanto é normal que C. Ronaldo tenha realizado muito mais jogos, e contra mais adversários, e nem todos da mesma qualidade que uma Inglaterra, Brasil, Itália ou França. Mesmo a Bulgária, a Roménia e a Hungria eram adversários de peso nos anos 60, enquanto hoje são equipas medíocres. Sim senhor, Eusébio tinha a vida mais complicada, e menos oportunidades de somar internacionalizações.
Neste video vemos Eusébio a explicar porque é tão fácil bater o seu recorde de golos, pois marcar golos "é mais fácil", e ele "nunca jogou contra o Frankenstein ou contra o Azerbeijão". Este "Frankenstein" a que Eusébio se refere éo Lietchenstein, um país que não existia no seu tempo, e que algumas pessoas semi-alfabetizadas como ele não conseguem proncunciar. Pode ser que estivesse a ser sarcástico, mas por muito que eu goste do Eusébio, penso que foi mesmo porque não dá para mais, até porque nem conseguiu sequer pronunciar "Frankestein" correctamente - ficou por um "Franquestim". Mesmo Azerbeijão ficou "Zarbeijão".
Sem dúvida que Eusébio tinha menos "sacos de pancada" onde bater e acrescentar golos ao seu pecúlio, mas também é preciso lembrar que marcava 30 e 40 golos no campeonato português à custa das goleadas do Benfica contra equipas fraquinhas, ainda nos tempos em que os encarnados ganhavam frequentemente por sete ou por oito golos. Hoje o jogo está mais rápido, os adversários mais "espertos" e mais "rijos", e duvido o que melhor Eusébio conseguisse marcar 40 golos na liga espanhola, como faz o C. Ronaldo. Pode ser que se o Eusébio tivesse defrontado o Lietchenstein no seu tempo marcava 10 ou 11 anos, e Portugal ganhava 15-0. Contra o Frankenstein é que não sei.
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