Portugal comemora hoje, dia 5 de Outubro, o 108º aniversário da Implantação da República. Comemora? A palavra "comemorar" não se coaduna com o sentimento da generalidade dos portugueses, desiludidos com a sua Pátria, com as suas instituições, com os seus actores. Na escola ensinaram-nos que este dia foi especial. Foi mesmo? Não estávamos lá para ver, como podemos saber? Os revisionistas, saudosistas e outros "istas" (neo-fascistas?) defendem que ficávamos melhor servidos com a monarquia. Será mesmo? A última vez que a monarquia passou por ali deixou 70% de analfabetos, um país empobrecido e atrasado, uma distribuição criminosa da riqueza.
Digam o que disserem, eu prefiro a República à monarquia. Chamem-me parvo, se quiserem, mas não acho justo que alguém esteja predestinado a liderar desde o momento que nasceu, sem nunca ter feito nada por isso, da mesma forma que me revolta que alguém esteja condenado à miséria e ao fracasso por ter nascido pobre. Primeiro nascemos, e o que fazemos a partir do momento em que tomamos consciência dos nossos actos, e de como podem determinar o nosso destino é o que realmente conta. Podemos ter falhado como República, mas e depois? Momentos houve em que falhámos como reinado, como ditadura e como democracia. O fracasso anda de braço dado com a nossa lusitanidade. Triste fado, pois.
Somos independentes como nação, e dependentes como membro da União Europeia. Autonomia? A cantilena do "orgulhosamente sós" não deu certo e nada nos garante que um rei faria melhor. Pelo menos com um presidente temos alguém para apontar o dedo de dez em dez anos. O actual presidente, a figura de proa da nossa amada República, não serve? É meio chocho, fica calado quando devia intervir e fala quando devia ficar calado? Escolhessem outro. Já viram alguém escolher um rei? Pois, eu também não. Quem leva com os reis mama e não chora. Há monarquias em que o soberano é adorado, venerado, endeusado? O que adiantava se não gostassem dele? Têm que o aturar até ao ultimo fôlego.
Mais do que pensar a República como uma conquista dos ideais revolucionários inspirados nos valores da República francesa, da igualdade, da liberdade e da fraternidade, mais do que o feriado que já não é ou aquela senhora de mamocas ao léu que fez o nosso trisavô babar-se, é preciso reflector sobre o país, e o rumo que lhe queremos dar. Pouco importa que seja uma república, um emirato ou um principado. O facto de ser uma república ou outro sistema qualquer não serve de desculpa para nada. Sim, os gajos que mataram o rei e tomaram o poder pela força dois anos depois eram mauzinhos, mas tinham uma visão. Olhando para este país 108 anos depois, e talvez ficassem antes em casa, como fazem os eleitores que se abstêm na hora de escolher o seu futuro. E sim, concordo, não fazer e não decidir é muito mais fácil.
1 comentário:
Aqui no Brasil vivemos; o mesmo dilema:
.por não querer a monarquia e ter mais um para se almoxarifar as nossas custas, pois o congresso lota se de gente ficando rico as nossas custas e deixado nos a ver navios com nossa condição piegas e sem muito a quem correr lamenta me escrever pois amo o meu país!
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