O drama chegou ao fim. Dulcineia Fernandes partiu. A residente de Macau que foi detida em 2010 no Nepal por tentar sair do país com 317 gramas de cocaína faleceu no hospital de Katmandu, sucumbindo finalmente à doença que nunca lhe permitiu viver uma vida normal. Dulcineia nasceu em Angola há 30 anos, e ainda bébé foi acometida de uma doença tropical que lhe deixou mazelas de natureza física e psicológica. Aos 3 anos veio para Macau com a família, cresceu, tornou-se mulher, e como mulher apaixonou-se por um cidadão nigeriano com que casou em 2009. O marido, em situação ilegal no território, foi deportado e interditado de entrar em Macau durante 10 anos. A família de Dulcineia reprovava as suas amizades, e a jovem frequentava com assiduidade o infame Centro Internacional de Macau, quartel-general de marginais, onde abundam as pensões ilegais que dão guarida a traficantes e proxenetas. Dulcineia saíu de Macau, à revelia da família, que só soube dela quando chegou a má notícia: a pequena Dulcineia, que foi sempre pequena, apesar da idade, foi apanhada nas malhas de uma teia malévola, de gente sem escrúpulos que se aproveita de criaturas frágeis como ela. No ano seguinte foi condenada a 16 anos de prisão - Dulcineia nunca entendeu muito bem o que aconteceu, da dimensão do seu erro. O sofrimento acabou. Para ela estava destinado outro mundo que não este. Que descanse em paz.
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