sexta-feira, 5 de julho de 2013

Morsi já não mora ali


Nem a gravata o livrou da "bota"

O Egipto volta a estar a ferro e fogo nos últimos dias, com mais uma onda de protestos a levar ao derrube de mais um governo. O presidente Mohammed Morsi, eleito há apenas um ano, viu-se forçado pelo exército a abdicar do cargo e encontra-se em prisão domiciliária, e o poder volta a ser temporariamente entregue aos militares até à convocação de novas eleições. Morsi assumiu a liderança de um dos maiores países de Africa e do mundo islâmico em 2012 após a vitória do seu partido, a Irmandade Muçulmana, nas primeiras eleições livres realizadas em mais de 30 anos. A Irmandade Muçulmana gozava de grande popularidade no Egipto, muito devido à oposição assumida que fazia ao regime do ex-presidente Osni Mubarak, que se agarrou ao poder no país durante três décadas. Contudo a Irmandade é vista com desconfiança no Ocidente, pois terá sido desta que a infame Al-Qaeda se originou, e de onde se inspirou. Morsi era contestado praticamente desde o início, pois planeava levar a cabo reformas que levariam a maior islamização do Egipto, que apesar de ser um dos países mais cumpridores dos preceitos do Corão, goza de algumas características que o diferem de estados onde impera a lei islâmica, sobretudo no que toca à tolerância religiosa ou às relações com países ocidentais, nomeadamente os Estados Unidos. O Egipto é um bom exemplo das dificuldades que alguns estados têm em lidar com a liberdade recém-adquirida. Mubarak e o seu séquito exerceu o poder com uma mão-de-ferro que muitos interpretaram como “necessária” para preserver a ordem num país dividido em aspectos politicos e religiosos, e situado numa zona do globo sensível, entre Israel e o mundo árabe. Os egípcios têm direito a uma democracia real, onde possam escolher os seus líderes e fazer ouvir a sua voz, mas precisam de se decidir. Festejar a queda de regimes ou de presidentes pode parecer uma noite bem passada e uma desculpa para que se cometam alguns excessos que durante muito tempo não lhes foram permitidos, mas um país é um colectivo, e precisa de um Governo. Que se orientem o mais rapidamente possível e desta vez escolham com sensatez, para o seu próprio bem.

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