O músico austríaco Johann Hölzel, mais conhecido pelo seu nome artístico Falco, gozou no início dos anos 80 de relativa popularidade no panorama musical europeu com o seu single "Der Komissar", um dos preferidos de muitos DJ's para animar as pistas de dança durante o auge do "disco", e ainda longe do aparecimento do "euro-disco", que teve origem na Itália alguns anos mais tarde. Mas a projecção internacional de Falco deu-se em 1985 com "Rock me Amadeus", primeiro single do seu terceiro álbum, "Falco 3", e que se tornou o primeiro single completamente cantado em alemão a chegar ao nº 1 do US Billboard, a lista de discos mais vendidos nos Estados Unidos. Mas o tema mais encantador e igualmente controverso de "Falco 3" foi "Jeanny", que relata o sequestro de uma adolescente por um homem mais velho, fazendo-o do ponto de vista do sequestrador. A canção e o video foram um sucesso, mas foi mal recebida por alguns grupos, nomeadamente associações feministas e outros paladinos da moral e bons costumes que zelam por todos sem que ninguém lhes tivesse pedido que o fizessem. Alguns dos críticos alegavam que a letra glorificava a violação e apelava à simpatia pelos predadores sexuais, e muitas estações de rádio alemãs boicotoram o tema por "razões éticas". Não sei se têm razão, pois não falo alemão, mas adorei a música, e não fui o único: o single foi nº 1 não só na Alemanha e Austria, onde todos entenderam a letra, mas também na Suécia, Noruega, Países Baixos e Suíça. Falco agradeceu a preferência, e no ano seguinte gravou a segunda parte da saga de Jeanny, intitulada "Coming Home". O artista deixou-nos prematuramente em 2000, aos 40 anos, vítima de um acidente de viação quando gozava férias na República Dominicana, mas deixou no espólio um terceiro capítulo de "Jeanny", "The Spirit Never Dies", lançado em 2009 a título póstumo. Há quem defenda que este tema não foi escrito pelo cantor como sendo uma "Jeanny" parte 3, e que se tratou apenas de uma estratégia de marketing. Seja como for, deixo-vos com o original, um dos temas que me fazem recordar com carinho os tempos de teenager inconsciente, e esses saudosos anos 80.
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