quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pois, pois...isso depois logo se vê


Mais um que passou ao lado...e nós aqui à espera

Mais um dia em Macau com a actualidade morna como o tempo, sempre agitada ma non troppo como a própria perspectiva da chegada de um tufão que varra um pouco o lixo que se vem acumulado há quase um ano, e que refresque as ideias. Mais um sinal 1 de Tempestade Tropical içado esta semana, mas parece que ainda não vai ser desta. Até finais de Setembro teremos certamente oportunidade para testar os mecanismos de protecção pública, e já agora passar compulsivamente umas horas na paz do lar, aproveitando para arrumar a casa e já agora organizar as ideias. Fiquemos atentos aos ventos que sopram de sudeste, e ver se algum deles tem pontaria e nos venha aqui sacudir um pouco, que bem precisamos.

Uma notícia sempre precupante para as massas tem a ver com o arroz (passo o contrasenso farináceo). Correm rumores de que há no mercado uma marca importada da Tailândia contaminada com metais perigosos e não recomendável ao consumo humano, e como sempre a "vox populi" manifesta-se apreensiva. Podem brincar com tudo, com as concessões, com os terrenos, com a especulação imobiliária ou com a inflação, mas com o arroz é que não! O arroz é o pilar que sustenta Macau: sem arroz não se enche a barriga, e sem barriga cheia não se faz mais nada. Arroz diz-se "fan" no dialecto local, e comer diz-se "sik fan". Portanto qualquer ameaça ao arroz é prenúncio de "fome", e isso é que não. A célebre "paciência de chinês" pode permitir muita coisa, mas não admite que se mexa no arroz. Deverá ser apenas um falso alarme, e duvido que alguém tenha o azar de consumir o arroz "metalizado", ou que a sua ingestão acidental em pequenas doses seja decisivo para que se contraia um carcinoma malvado. Se as preocupações com o ambiente ou com a qualidade do ar que respiramos tivessem reprecurssões desta dimensão, não tinhamos mãos a medir. Era o pânico geral.

Pela Assembleia Legislativa mais do mesmo, com mais uma sucessão de eventos que produziram elevados indices de parlatório por metro cúbico mas acabaram por não apresentar soluções ou alternativas aos problemas debatidos. Au Kam San pediu que o Executivo rescindisse o contrato de concessão da transmissão de sinal televisivo com a TV Cabo, uma situação que tem deixado a população refém da Guerra entre a concessionária e os "anteneiros". No extremo pode dar-se a possibilidade de milhares de famílias ficarem sem poder receber os canais que todos os dias servem de pano de fundo aos seus serões. A opção de assinar o serviço de cabo e estabelecer de uma vez por todas a legalidade parece não ser concretizável, uma vez que são incontáveis os edifícios que não se encontram equipados com meios de recepção do sinal. Mas parece que não pode ser como sr. deputado do Novo Macau quer, e Leonel Alves diz que uma "rescisão implica incumprimento do contrato, indemnizações, etc.". Claro que isto seria dispendioso, e como se sabe os cofres públicos estão depletos, reduzidos a meia dúzia de moedas, umas caricas de Tsingtao e um pacote de bolachas Maria. O melhor mesmo é cumprir o compromisso com a TV Cabo até ao fim, mesmo que isto implique um choque de egos e o povo acabe a noite a jogar mah-jong para suavizar o tédio. Depois logo se vê.

O deputado dos "kai-fong", Ho Ion Sang, tocou na "ferida" da derrapagem dos orçamentos, e desafiou o Executivo, neste caso através da Secretaria das Obras Públicas e Transportes, a apresentar o orçamento inicial dos projectos que "transbordam". Isto a propósito de mais uma derrapagem, desta feita no Terminal Marítimo da Taipa, que já custou cinco vezes mais do que o previsto. Uma ideia que me leva a aplaudir o sr. deputado, que nem sempre é conhecido pelas atitudes contraditórias com o sistema estabelecido. Mas ufa, o que ele pede...que se mexa no sacrossanto secretismo dos orçamentos das obras públicas...depois ainda querem saber para onde o foi o dinheiro a mais...é complicado. É como estar lambusado de mel e ir mexer num vespeiro no primeiro dia de Primavera. Se calhar é por causa destas "injecções" de capital que as grandes obras tanto necessitam que não há dinheiro para as indemnizações, pronto, está explicado. O melhor é ficar pelas justificações da prache: atrasos imprevistos, alterações de projecto, aumento do preço dos materiais e da mão-de-obra, subida do renminbi. Portanto calma...e depois logo se vê. E esse primeiro tufão, chega ou não?

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