Sacre bleu! Há uma mosca na minha sopa!
O sonho de qualquer “chef” que ame o seu trabalho é receber um dia uma estrela do existente Guia Michelin, que equivale mais ou menos ao prémio Nobel da culinária. O reconhecimento pode levar a que os premiados ousem aventurar-se pelos caminhos menos ortodoxos da gastronomia, experimentando com ingredientes pouco convencionais. É o caso de David Faure, do conceituado restaurante “Aphrodite”, em Nice, no sul de França. Faure, inspirado por uma visita pela Asia, passou a utilizar como ingrediente insectos, aproveitando as suas qualidades (?) e adaptando-os para algumas das suas criações culinárias. A textura dos grilos, “semelhante à da pipoca”, é utilizada na confecção de uma deliciosa sobremesa, enquanto o uso de vermes conferem a um prato de bacalhau o mesmo toque que os frutos secos. O novo cardápio é direcionado aos clientes mais aventurosos, e podem ficar por cerca de 60 euros o prato. E para que não se pense que o autor aproveitou as pestes que encontrou no chão da cozinha, Faure garante que todos os insectos são originários de uma empresa em Toulouse, que os alimenta de vegetais orgânicos. No fundo este cozinheiro é um visionário, pois a escassez de alimentos no futuro pode muito bem a procurar opções entre o reino dos insectos como sustento. Isto não tem que ser visto necessariamente como uma tragédia, e tem um certo travo a justiça poética: hoje eles comem os restos que descuidadamente deixamos na cozinha ou no lixo, e um dia seremos nós que os comemos.
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