quarta-feira, 31 de julho de 2013

Génio ao cubo


“Por muito bom que sejas em alguma coisa, há sempre alguém melhor que tu” – esta é certamente a lição de vida mais realista e ao mesmo tempo mais cruel que um pai pode transmitir a um filho. Quando se é o melhor do mundo em qualquer função, o sentimento é um misto de invenciblidade e de receio, pois não está fora de hipótese vir a ser destronado no dia seguinte por algum pulha invejoso que dedicou a vida a olhar-nos de baixo, espreitando a oportunidade de nos exceder um dia, só para nos aborrecer. Existem categorias onde é possível determinar com mais ou menos exactidão quem é o melhor. Usain Bolt, por exemplo, é o homem mais rápido do mundo, e mesmo assim não se livra da sombra do efémero que paira sobre o seu feito. Mas se há formas eficazes de saber quem é o nº 1 no planeta recorrendo a métodos exactos, outros méritos são mais difíceis de classificar, de tão abstractos que são os critérios. A inteligência é um dos mais relativos.

A medição do Quociente de Inteligência, vulgo QI, pode ajudar a identificar um potencial génio, mas nem sempre o uso que se dá a uma capacidade produz resultados esplendorosos. Há ainda os que se notabilizam numa tarefa específica que normalmente requer inteligência, mas muitas vezes trata-se apenas de aptidão acidental, um talento isolado, ou até mera obra do acaso. É o caso deste rapaz na imagem, Feliks Zemdegs, um australiano de 17 anos com queda para o cubo de Rubik. Este puzzle idealizado pelo escultor e arquitecto húngaro que lhe deu o nome, deixou há trinta anos o mundo entretido a dar-lhe voltinhas, e muito boa gente à beira de um ataque de nervos. Alguns auto-intitualados “génios” garantiam mesmo que “era impossível” atinar com a combinação que deixasse todas as faces do cubo com a sua respectiva cor. Ora, se era assim que estava inicialmente, certamente que existia uma maneira de o fazer regressar à forma original, duh!

Para Zemdegs o cubo não tem segredos, e resolveu-o no tempo recorde de 7 segundos! O adolescente participou na competição mundial da modalidade, realizada em Las Vegas, onde participaram outros “Rubikianos” de todo o mundo. O concurso era composto de 15 provas, que consistiam em diferentes variações do puzzle, incluindo tentar alinhar as cores de forma correcta com os olhos vendados! Zemdegs não só bateu o recorde mundial, como venceu outras provas e terminou com uma média de 8,8 segundos. É obra. Como prémio levou um cheque de 3000 dólares, o que até parece curto para tamanho feito. Mal chega para cobrir a viagem entre a Austrália e os EUA. E assim se determina o melhor entre os melhores, mesmo que resolver o cubo de Rubik num piscar de olhos não seja necessariamente prova de inteligência superior ao comum dos mortais. Se calhar o rapaz nem consegue somar dois números inteiros de um dígito apenas sem contar pelos dedos da mão. Deu-lhe para aquilo, o magano.

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