O Hospital Kiang Wu realizou um estudo sobre a sanidade mental dos cidadãos de Macau, e concluíu que são as crianças e os "croupiers" os que mais sofrem de problemas do foro psiquiátrico, com a depressão a ocupar o primeiro lugar das maleitas que afectam estes grupos. Os estudantes sofrem com a pressão dos resultados escolares, e com a exigência dos pais para que obtenham um aproveitamento entre os melhores da sua turma. Os sintomas da depressão manifestam-se periodicamente: insónias, falta de apetite, dores de cabeça e de estômago ou vómitos são os mais frequentes. Muitos encarregados de educação, especialmente os mais velhos ou os menos educados, "não acreditam" na depressão, e se o miúdo tem dores de cabeça é porque "passou tempo demais em frente ao computador e jogos de videos". Se tem dores de estômago e vómitos é porque "só come porcarias". Na competitiva sociedade chinesa, onde a "face" tem um valor incalculável, os psicólogos e psiquiatras são olhados com desconfiança, e as doenças mentais "não existem". Está tudo na cabeça dos miúdos, e não há nada que um bom par de estalos não resolva. Esta negação leva a que se atrase o tratamento, e quando finalmente se torna difícil provar que o problema é resolúvel no seio familiar, a recuperação torna-se longa e difícil. No caso dos "croupiers", funcionários dos casinos, o problema prende-se sobretudo com o trabalho por turnos e a alteração dos hábitos de sono. Numa cidade como Macau, onde nem sempre os resultados escolares de excelência valem uma carreira interessante fora do círculo do jogo e da hotelaria, o futuro não se afigura risonho. Certamente temos hoje uma boa dose de jovens "malucos" nas escolas, que mais tarde se tornarão "croupiers", e por inerência "grandes malucos". E já se sabe: aqui não há pão para malucos.
Sem comentários:
Enviar um comentário