Uncle Sam: ou se ama, ou se odeia
Antes do comentário que preparei a propósito do tema do momento nos Estados Unidos, a absolvição de um vigilante que matou a tiro um adolescente afro-americano desarmado, deparei com esta estatística deliciosa sobre os países que mais prezam os norte-americanos, e os que mais os odeiam. Para começar gostava de manifestar a minha solidariedade ao Americano médio, que não pediu sequer para nascer, quanto mais com a opção do local para o efeito, mas que “sofre” com o resultado da muito abrangente política externa do seu país, cujas acções nem sempre recebem a aprovação do resto do mundo.
Entre os países com uma impressão mais favorável dos Estados Unidos, temos à cabeça, “surprise, surprise”, as Filipinas, com 85% dos nativos daquele país asiático a manifestar simpatia pelos americanos. Perfeitamente normal, num país que é um aliado de longa data dos EUA, e onde o povo empobrecido encontra a resposta para todos os seus problemas. De seguida temos Israel, com 83%. Previsível, uma vez que a própria existência do estado judaico depende dos norte-americanos, cuja influência impede que sejam esmagados pela hostil vizinhança que reclama o seu território.
O aspecto económico parece ter um peso preponderante na opinião, e isto é evidente na popularidade dos EUA em países como Gana (83%), Senegal e Quénia (81%) que estão logo atrás de Israel. Mais comedida nos agradecimentos está a população do Uganda, em nono lugar com 73%. No sexto posto estão os “vizinhos” de El Salvador (79%), logo à frente da Coreia do Sul (78%). A simpatia dos sul-coreanos deve explicar-se pelo papel dos americanos na II Guerra, quando deram uma “sova” aos invasores japoneses que ocupavam a peninsula coreana. Curiosamente a Itália e o Brasil encontram-se em oitavo e décimo, respectivamente. Desconfio que italianos e brasileiros acham uma certa “piada” aos americanos, um sentimento que pode ser confundido com simpatia ou apreço.
Dos países que menos simpatizam com os Estados Unidos, lidera o Paquistão, com apenas 11% dos paquistaneses e não desejarem ver os “Yankees” cortados às postas. Seguem-se outros países cronicamente anti-americanos, como a Jordânia, a Palestina e o Egipto, logo seguido da Turquia. O top-10 fecha com outros dois países islâmicos: Tunísia e Líbano, por esta ordem. A Grécia ocupa o sexto lugar com apenas 39% de simpatizantes – mas é preciso ter em conta que os gregos não gostam de ninguém – e a China é sétima com 40%. Nem podia faltar a China nesta lista, se bem que aqui não se trate tanto de “ódio”, mas apenas de rivalidade. Os vaidosos argentinos ocupam o oitavo posto com 41%, e é caso para dizer que até na opinião sobre os americanos este povo insiste em ser diferente do brasileiro.
Curiosamente nesta lista de anti-americanistas notam-se as ausências de países como o Irão, Iraque, Afeganistão ou Coreia do Norte. Deve ser por falta de dados (no caso da Coreia do Norte isso é quase certo), pois isto é uma malta que não pode sequer ouvir a palavra “americanos” se não for precedida de “morte aos”. Têm as suas razões, é claro. Fico com curiosidade em saber o que pensam por exemplo os mexicanos ou os canadianos, com quem os Estados Unidos fazem fronteira, e surpreende-me que as opiniões se dividam na Rússia ou no Japão, onde deverá existir um forte contingente de opositores à bandeira das estrelas e das riscas. Finalmente orgulho-me que Portugal não entre nestas contas. Não há nada mais básico do que nutrir amor ou ódio por alguém com base em algo to fútil como a nacionalidade. E que acho eu dos americanos? Bem, gosto das americanas, e das outras todas. É esta resposta válida?
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